Cap. 38

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Eu dizia que não estava com fome e que tinha comido na escola.

- Mas você não tinha comido. - Assinto.

- Então os dias foram passando e eu sobrevivendo apenas com água.

- Meu Deus, por quanto tempo isso durou?

- Tempo suficiente para que eu desmaiasse no quarto e ter parado no hospital com a ajuda da ambulância. Lá eu fui diagnosticado com desidratação e anorexia. Meus ossos estavam muito saltados para fora, eu realmente iria morrer se continuasse com aquilo. Cheguei a pesar trinta e um kilos. Foi a pior fase da minha vida! Depois disso o meu pai veio me visitar e ficou aqui por três dias.

- Nossa, Cadu, eu não fazia ideia de que você havia passado por isso tudo. Desculpa julgar sem saber.

- Você não tem culpa, você só não sabia - olho as horas no celular. - Nossa, o tempo passou voando, né?

- É, só porque estava bom - risos.

A gente ficou um tempo em silêncio.

- Bom, vou chamar o Miguel e dar um beijo na Maya.

Ela assentiu e ficou esperando lá na sala. Miguel estava assistindo a um desenho do qual o protagonista era um astronauta e rodava o espaço sideral todo porque sempre alguém precisava da ajuda dele. Sim, tinha outros seres vivos lá. É, vai entender esses desenhos.

- Miguel, - chamo e ele me olha - vamos?

- Ah, pai, o desenho tá legal.

- Em casa você assiste. Vamos nos despedir de Sarah e Maya.

- Des... O quê?

- Se despedir de alguém é você falar tchau, mais ou menos isso.

- Tchau, Maya - ele se aproxima do berço, mas ainda é muito pequeno para tocar na bebê.

Vou até meu filho e ajudo o mesmo a dar um beijinho na bochecha dela. Foi a coisa mais fofa que eu vi no dia.

Voltamos para a sala, então Sarah sorriu ao nos ver.

- Tem certeza que já quer ir?

- Sim, a essa hora minha mãe deve estar arrancando os cabelos de preocupação. Eu nem disse para ela que viria.

- Tudo bem, então. Tchau, príncipe! - pega meu filho no colo, dando vários beijinhos nas bochechas dele, fazendo ele gargalhar.

Ao colocar ele de volta no chão, Sarah me olhou no fundo dos olhos.

- Bom... então... até a próxima, eu acho - ela sorriu de canto.

- Filho, posso levar você para o carro? - Ele dá de ombros. - Calma aí, já volto.

Após sussurrar para ela, arrancando um lindo sorriso dos lábios dela, levei Miguel para o carro e, como o combinado, eu voltei.

- Eu estava lembrando... você disse o que mesmo, sobre não se relacionar tão cedo?

- Só aceito me relacionar se tiver um anel nesse dedinho - ela ri, lembrando das conversas que tivemos durante o dia.

- Então... - me ajoelho -, Sarah Andrade Vasconcelos - sim, ela me falou seu nome todo -, aceita se casar com esse humilde homem?

- Casar? - Ela ri.

- Isso mesmo que você ouviu.

- O certo não seria namorar primeiro?

- Essa é a vantagem de ser diferente dos outros homens - pisco.

- Você só pode estar brincando - ela coloca a mão esquerda na testa, rindo.

Meu Caveira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora