Eu dizia que não estava com fome e que tinha comido na escola.
- Mas você não tinha comido. - Assinto.
- Então os dias foram passando e eu sobrevivendo apenas com água.
- Meu Deus, por quanto tempo isso durou?
- Tempo suficiente para que eu desmaiasse no quarto e ter parado no hospital com a ajuda da ambulância. Lá eu fui diagnosticado com desidratação e anorexia. Meus ossos estavam muito saltados para fora, eu realmente iria morrer se continuasse com aquilo. Cheguei a pesar trinta e um kilos. Foi a pior fase da minha vida! Depois disso o meu pai veio me visitar e ficou aqui por três dias.
- Nossa, Cadu, eu não fazia ideia de que você havia passado por isso tudo. Desculpa julgar sem saber.
- Você não tem culpa, você só não sabia - olho as horas no celular. - Nossa, o tempo passou voando, né?
- É, só porque estava bom - risos.
A gente ficou um tempo em silêncio.
- Bom, vou chamar o Miguel e dar um beijo na Maya.
Ela assentiu e ficou esperando lá na sala. Miguel estava assistindo a um desenho do qual o protagonista era um astronauta e rodava o espaço sideral todo porque sempre alguém precisava da ajuda dele. Sim, tinha outros seres vivos lá. É, vai entender esses desenhos.
- Miguel, - chamo e ele me olha - vamos?
- Ah, pai, o desenho tá legal.
- Em casa você assiste. Vamos nos despedir de Sarah e Maya.
- Des... O quê?
- Se despedir de alguém é você falar tchau, mais ou menos isso.
- Tchau, Maya - ele se aproxima do berço, mas ainda é muito pequeno para tocar na bebê.
Vou até meu filho e ajudo o mesmo a dar um beijinho na bochecha dela. Foi a coisa mais fofa que eu vi no dia.
Voltamos para a sala, então Sarah sorriu ao nos ver.
- Tem certeza que já quer ir?
- Sim, a essa hora minha mãe deve estar arrancando os cabelos de preocupação. Eu nem disse para ela que viria.
- Tudo bem, então. Tchau, príncipe! - pega meu filho no colo, dando vários beijinhos nas bochechas dele, fazendo ele gargalhar.
Ao colocar ele de volta no chão, Sarah me olhou no fundo dos olhos.
- Bom... então... até a próxima, eu acho - ela sorriu de canto.
- Filho, posso levar você para o carro? - Ele dá de ombros. - Calma aí, já volto.
Após sussurrar para ela, arrancando um lindo sorriso dos lábios dela, levei Miguel para o carro e, como o combinado, eu voltei.
- Eu estava lembrando... você disse o que mesmo, sobre não se relacionar tão cedo?
- Só aceito me relacionar se tiver um anel nesse dedinho - ela ri, lembrando das conversas que tivemos durante o dia.
- Então... - me ajoelho -, Sarah Andrade Vasconcelos - sim, ela me falou seu nome todo -, aceita se casar com esse humilde homem?
- Casar? - Ela ri.
- Isso mesmo que você ouviu.
- O certo não seria namorar primeiro?
- Essa é a vantagem de ser diferente dos outros homens - pisco.
- Você só pode estar brincando - ela coloca a mão esquerda na testa, rindo.
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Meu Caveira (Concluído)
RomansUm jovem policial que acabara de entrar para a equipe do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) depois de dias chuvosos ou calorosos demais, por quatro meses treinando e sendo avaliado, também está prestes a se divorciar e entrar na justiç...