— Tem vontade de ter mais filhos? — Ela sorriu outra vez.
— Sim, mais um ou dois, pelo menos — dou risada. — Agora me conte como foi e ainda está sendo sua maternidade.
— Como você disse, tenho muito o que aprender ainda. Não fiz e não faço nada que uma mãe comum não faça. Mas foi um choque quando descobri que esperava uma criança. Foi em uma época ruim. Eu não queria engravidar naquele tempo, eu sentia que ainda tinha muito que viver e aprender até ter um bebê. Mas eu tinha o pensamento; já que veio, vamos cuidar e tratar com todo o amor e carinho. Minha mãe e meu pai estavam fazendo um breve intercâmbio em Londres, por causa da empresa. A única pessoa que esteve comigo presente na gravidez foi Emerson. Ele foi como um pai para Maia durante a gestação. Dava e ainda dá tudo do bom e do melhor para minha filha. Eu sempre digo que não precisa, mas quem diz que adianta alguma coisa? — Risos. — Contei primeiro para Emerson, pois ele é a pessoa que eu mais confio nesse mundo, contando com meus pais. Ele ficou como eu no início, sem reação, mas se acostumou fácil e rápido. Me levou para começar o pré-natal e esteve comigo em todas as ultrassonografias. Eu não tinha muitos enjôos, foi mais nos primeiros dois meses. Também foi muito tranquila a minha primeira gravidez. Quando ela nasceu ela não parava de chorar de noite, me deixando louca. Às vezes minha mãe vinha me ajudar e dar dicas, e isso ajudou muito. Não faz muito tempo de seu nascimento, então podemos dizer que ainda estou passando por essa fase.
— Quando descobri a gravidez, eu não sei... eu realmente me senti o homem mais feliz do mundo. Descobrimos juntos. Por causa dos enjôos, a gente foi ao médico. Já imaginávamos, mas a palavra "se", não saia da cabeça em nenhum momento. A partir daí, qualquer decisão que eu tomava, eu pensava três vezes antes de levar em conta.
— Eu adoro o Miguel e o jeito meigo e educado dele. Nunca vi um garoto da idade dele tão educado e inteligente como o mesmo. Parabéns pela educação que deu para ele. Como dizem, os filhos são o reflexo dos pais.
— Obrigado, você também é ótima como mãe para Maia.
— Não, ainda estou aprendendo — risos.
Conversa vai, conversa vem. Finalmente ela pegou a filha nos braços da qual estava com a avó e partimos novamente para a minha casa.
Uma semana depois... 24/01/2018
(Quarta-feira)Uma semana se passou e muita coisa mudou. Naquele dia ficamos bem mal, mesmo sem beber. A zuação foi tanta que não deu para sobrar ninguém. Hoje acordei mal. Uma sensação estranha, como se eu não quisesse me levantar para ir trabalhar. Um pressentimento ruim de que algo aconteceria; eu só não sabia quando e onde e nem se era verdade.
São cinco e meia da manhã, acabei de acordar. Após colocar as meias e os sapatos, vesti a calça jeans e a camisa branca. As pessoas vivem me perguntando porque não vou para o trabalho já com a farda. A resposta é simples; eu poderia morrer caso tivesse coragem o suficiente para tal ação. O problema é que mais para baixo da minha casa tem praticamente uma comunidade, mas muito pesada. Ainda não tenho dinheiro o suficiente para me mudar para um bairro bom e seguro. Esse é o meu medo diário. Como se eu não fosse o único a correr o risco, minha família inteira também.
Engoli a última gota de café da xícara para ficar energizado para o dia de hoje, que assim como todos os outros, não é e nunca será fácil.
Meu celular tocou, eu estava atrasado. Pensei que fosse coisa da minha visão por ter acordado cedo e não ter me acostumado com a claridade ainda, mas não. Estava escrito. Com todas as letras. Pai. Minhas mãos tremeram, quase que deixando meu celular cair. Com a força que acabei criando na hora, permaneci com o celular na mão e me fiz forte.
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Meu Caveira (Concluído)
RomanceUm jovem policial que acabara de entrar para a equipe do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) depois de dias chuvosos ou calorosos demais, por quatro meses treinando e sendo avaliado, também está prestes a se divorciar e entrar na justiç...