Capítulo 4 - A dor de muitos que se foram

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Assim que o grupo saiu da caverna, Sanny mal podia manter-se com os olhos abertos. Estava sendo carregado nos braços do lobo maior, cujo nome não lhe vinha em mente no momento. Seus pensamentos, por mais que estivesse cansado e debilitado, seguiam a mesma linha que anteriormente: Medo.

Não mais que alguns minutos depois, seu corpo começou a tremer.

— Zion. — Ayron chamou após olhar o pequeno ser que tremia em seus braços. — Dê algo a ele, está tremendo há algum tempo e sinto seu corpo mais quente que o normal.

Assim que solicitado pelo irmão, Zion – que carregava Otâni e detinha Stav caminhando ao seu lado – abaixou-se e fez com que ambos os ruivinhos repousassem sobre uma manta de pele de urso que estendeu sobre a relva baixa.

— Tome conta dele, Stav. — Falou olhando para a cópia menor de seu lupino, acariciando-lhe os pequenos cachos que se formavam sobre sua cabeça devido o tempo em que não os arrumava.

Stav concordou e se aproximou de seu irmão, que se mantinha adormecido pelo cansaço corporal.

Sendo assim, Zion se aproximou do irmão e ambos se abaixaram para pousar Sanny em outra pele de urso. O lobo curandeiro prestou seus devidos conhecimentos e examinou mais uma vez o pequeno ser loiro, porém, não se animou. Realmente estava com febre.

— Ele está a ponto de começar a ter delírios. Sua febre está alta. — Disse, para logo em seguida puxar uma das folhas curvadas que continham água e derramá-la sobre os lábios secos de Sanny. — Precisamos mantê-lo hidratado.

Com o contato, Sanny abriu os olhos minimamente, encarando o olhar dos homens sobre si. Não pode evitar temer mais uma vez.

— Beba. — Ayron instruiu, percebendo a leve confusão e desconfiança.

Alguns segundos depois, Sanny permitiu-se abrir os lábios e sorver o líquido. Zion havia colocado pequenas gotas de seiva Amanta, um dos vários medicamentos disponíveis em sua cota de sabedoria, para que o garoto relaxasse mais e diminuísse os sintomas da febre.

— Os bebês... — Sanny resmungou, procurando-os com os olhos.

— Estão bem. — Ayron segurou-lhe o rosto e fez com que Sanny o olhasse. — Estão ao lado dos outros lobos de sua matilha — apontou em direção de Stav e Otâni, onde realmente o cesto com os bebês estava — precisa manter-se acordado.

Sanny confirmou com um gesto e então sentiu seu corpo ser erguido mais uma vez.

— Consegue fazer o que pedi? — Sanny demorou a entender o que o lobo mais forte lhe dizia, mas respondeu positivamente quando o fez. — Então pousarei o cesto sobre seu colo. — Ayron depositou o cesto com os bebês adormecidos sobre Sanny e esperou para ver se o lupino conseguiria aguentar o peso.

Com todos agora devidamente prontos, deram continuidade ao percurso. Tiveram que parar algumas vezes para alimentá-los e em pouco mais de uma hora a paisagem já mudava de árvores grossas e de frondosas folhagens para troncos alongados e de folhagem mais fresca.

A floresta de Mantys. Uma das passagens para a matilha Luna.

— Chegaremos em breve. — Ayron informou. Sentia-se culpado pelo ocorrido e queria o quanto antes que o grupo de pequenos tivesse os devidos cuidados.

Em alguns minutos, as árvores deram lugar a uma grande campina de pés de trigo, onde mais em frente se era possível avistar as pequenas casas em madeira sobre uma vasta gama de árvores de pequeno porte e três lagos medianos sobre os pontos mais baixos.

A Origem de Sanny [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora