A Origem de Sanny [Romance Gay]

Capítulo 32 - Otâni e Zion [Especial]

Dois dias antes do casamento e Otâni estava zumbindo.

Todos os dias acordava com o melhor humor que se poderia esperar. Ele e Zion estavam indo tão bem. Otâni se acostumou com o trabalho como assistente do curandeiro. Surpreendeu-se em descobrir que era bom no que fazia e que gostava de aprender sobre o serviço, sem dizer que estar a todo momento ao lado de seu interligado era bem emocionante.

Ele o amava muito.

Stav ia à cabana de ensinos todos os dias pela manhã. A tarde, ele e as outras crianças mais velhas ajudavam Kemal com os bebês enquanto brincavam. Assim Otâni o via sempre ao fim da tarde quando ia buscá-lo. Às vezes ele cozinhava o jantar, ou Zion se oferecia para fazer algo gostoso. E algumas noites eles comiam fora, ora na casa do Alfa, ora em algum estabelecimento que fornecia o jantar.

Otâni teve todas as suas memórias de volta, mas seu coração não voltou a ser como era antes. A mudança que Zion infundiu nele era permanente.

Outro detalhe: Otâni agora tinha amigos.

Sanny o visitava quase todos os dias. Eles tomavam chá ou suco juntos, conversavam, e Otâni estava surpreso com o quão legal era o ômega. Sanny era gentil e quase sempre lhe dava presentes. Mas o melhor era a conversa. Eles riam juntos, comiam todas as guloseimas, ou mesmo combinavam de cozinhar o jantar. Era divertido e Otâni se sentiu aprender com ele.

Estava feliz que sua vida tinha mudado. Claro que sempre lamentaria a perda de seu vilarejo natal, mas como alguns sábios diziam: nada acontece sem um propósito. Por menor que seja, faz a diferença.

Às vezes se sentia decepcionado, ou melhor, indignado com o seu pai lupino. Ele se lembrava de ouvi-lo dizer sobre a seita e as mudanças que haveriam em breve. Ouviu e concordou com suas promessas de que viria buscá-lo mais tarde, que era para ele se esconder, que era para proteger Stav enquanto ele ajudaria Cecil e o povo da escuridão a atacar o vilarejo.

Otâni não tinha aceitado bem, por isso se feriu ao tentar parar seu pai. No final das contas, ele teve que fugir para proteger seu irmãozinho, mas às vezes se sentia culpado por não ter parado seu próprio pai de fazer loucuras.

De qualquer forma, Cody estava morto agora e Otâni estava livre para viver sua vida conforme ele queria, com as pessoas que o amavam de verdade e que queriam o seu bem.

Naquele dia em especial, Otâni acordou mais feliz do que o esperado. Estava muito ansioso para o seu casamento, por isso queria fazer todo o seu trabalho muito bem e em seguida planejar as coisas. Queria ter sua casa impecável, dar atenção a Stav e levá-lo para um passeio, trabalhar com Zion, cozinhar um jantar especial, se arrumar...

Contudo, logo pela metade da manhã, enquanto limpava a mesa de trabalho de Zion, começou a se sentir estranho. Estava suando e seu corpo tremia um pouco por dentro.

— Otâni. — O curandeiro chamou quando saiu do quartinho dos fundos carregando uma bandeja com ataduras. — Tem algo que eu preciso te contar. — A forma como ele disse isso não soou bem. O que Zion tinha que lhe contar? Por que estava hesitante? Algo não ia bem?

Otâni se sentou, ignorando seu corpo vibrando com uma sensação estranha na pele.

— O que é? — Indagou preocupado.

— Por acaso... você... pegou um frasco de pílulas fertilizantes que estava na prateleira?

Otâni piscou e franziu o cenho.

— Não, por quê?

Zion parecia sem jeito e coçou atrás da cabeça.

— Bem, então é provável que tenha sido Stav.