Capítulo 13 - Indiferença

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— Não creio que seja uma boa ideia, Alfa. — Disse Dandra, um dos conselheiros mais importantes do vilarejo. Ele tinha idade para ser seu avô, estava vestido com uma túnica azul marinho e calças de algodão escuras. Seus cabelos grisalhos estavam presos para trás, faltando uma boa parte na frente. Ele tinha pouca barba e seus olhos eram sagazes.

Muitas vezes ouviu seu pai elogiá-lo com orgulho, dizendo que o conselheiro era esperto e tinha grandes ideias. Mas de alguma forma, Ayron nunca acreditou realmente nele. Provavelmente por notar que o homem se sentia superior a muitos no vilarejo, humildade zero.

— Por quê? — Ayron indagou de volta, e o homem pareceu surpreso. — Qual o problema sobre eu verificar o território de Lupus?

Até alguns meses atrás, Lupus tinha sido uma pequena civilização. A mais próxima de Luna. E embora tivessem essa proximidade entre seus territórios - apenas uma montanha de distância - nunca tiveram qualquer envolvimento e não havia registros de interações entre os dois povos. Nem mesmo guerras ou desentendimentos.

— É muito perigoso, senhor. — O velho sábio se apressou em dizer. — Eles sofreram um terrível ataque que ceifou a vida de todos que lá moravam. É possível que os inimigos deles ainda estejam na região.

Ayron acenou em discordância, caminhando enquanto o homem tentava seguir lado a lado.

— Eu sou o Alfa e não levo meu título à toa. Além do mais, irei bem acompanhado. — Ele já tinha planejado isso e determinado sua viagem para o dia seguinte. — Enquanto eu estiver fora, Zion vai cuidar do vilarejo. Creio que em breve meus pais chegarão da grande caminhada também.

— Mas, Alfa... — Ayron parou em seus pés e apenas olhou para ele. — Como o senhor quiser. — Desistiu.

Ayron assentiu e continuou seu caminho, finalmente sozinho. Ele gostava de ser o Alfa e da autoridade que tinha para fazer as engrenagens do vilarejo prosseguirem todos os dias, mas sempre havia momentos no trabalho em que se sentia muito cansado e irritado com as pessoas. Pessoas que adoravam atravessar seus limites ou exigir mais do que ele poderia oferecer.

Franzindo o cenho, assim que avistou Sanny na borda da floresta, mãos para trás e chutando uma pedrinha, toda a irritação dentro dele se esvaiu como a brisa levava as folhas de uma árvore no outono.

Sanny era tão bonito. Não apenas em seu aspecto físico que Ayron achava muito impressionante para quem era intitulado um Ômega dominante. Mas como pessoa, ele era ainda melhor.

Havia vezes em que se perguntava como alguém nunca o notou antes quando estava em Lupus, ou se o notou e se segurou, porque desde que Sanny chegou a Luna, Ayron já havia percebido os olhares caindo sobre o garoto estrangeiro. Bem, não mais um estrangeiro, agora parte da família.

— Ei, Sanny.

— Ayron! — Sanny sorriu abertamente para ele. Vê-lo radiante assim com sua presença fez o coração de Ayron inchar no peito. — Você chegou cedo!

— Pensei que estivesse atrasado. — Fez uma careta. — Bem, considerando que eu sempre estou atrasado para os nossos encontros, creio que demorei menos dessa vez.

Sanny riu, derretendo o coração de Ayron novamente.

-*-*-

Otâni estava se sentindo muito melhor naquele dia do que nos anteriores. Estava apenas começando a "aceitar" o seu estado atual.

Nenhuma lembrança de seu eu anterior tinha retornado. Talvez isso queria dizer que ele precisava parar de se preocupar por agora e simplesmente levar a vida reaprendendo como as coisas eram ao seu redor e encarando, até que gradualmente suas memórias voltassem todas a sua mente.

A Origem de Sanny [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora