Capítulo 22 - Apreensão

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Cris não sabia para onde olhar.

Montanha não parecia nada feliz a julgar pela sua expressão feroz, Arli estava tentando acalmar Kemal sobre algum assunto relacionado a ele, e Zion estava tenso agora que tinha visto os hematomas em seu estômago.

— Isso é recente. — Disse olhando para ele. Crisma se encolheu. — Quem fez isso com você?

Balançou a cabeça. Não poderia dizer quem foi, pois apanharia muito mais quando chegasse em casa. De qualquer forma iria apanhar, mas talvez... apenas talvez, conseguisse fugir.

— Você não vai dizer? — Zion insistiu, porém Crisma não ia ceder. Não era assunto dele, e sempre pode cuidar de si mesmo, não era como se esperasse um milagre, onde seria oferecido carinho e consolo de boas pessoas, e que nunca mais precisaria ver seu pai novamente.

Ele só pensou que se arranjasse um dominante amável e se casasse com ele, ficaria longe da ruína que era sua casa, e poderia finalmente ter uma vida tranquila. Mas nada disso aconteceu ou iria acontecer.

— Quer que eu chame um de seus pais? — Zion perguntou outra vez.

O olhar de terror que se assentou em seu rosto provavelmente foi um sinal.

— Foi Cassius?

Os pais de Crisma eram os únicos no vilarejo inteiro que anularam seu casamento logo quando ele era apenas um menino de cinco anos. Seu pai progenitor, Ivan, não amou Cassius, seu outro pai, e muito menos amou Crisma. Ouviu de muitas pessoas que a verdadeira razão da separação deles foi porque Ivan encontrou seu predestinado. Por consequência disso, todos pensavam que Cassius era um ótimo pai, ele sempre disse a todos um monte de mentiras sobre isso.

Engoliu um soluço. Não iria chorar ali na frente de todos.

Ele ignorou a pergunta. Bem, até certo ponto, pois quando o Alfa chegou e se ajoelhou na frente dele, Crisma não soube que poder tinha o homem, pois tudo o que saiu de seus lábios foi a confissão.

— Foi ele... ele nunca me amou, nunca cuidou de mim. Ele é um mentiroso... sempre me fez sentir péssimo, e dessa vez... — Soluçou. — Dessa vez ele bebeu muito e... fez isso comigo. — Apontou para os hematomas bastante visíveis em seu torso. Não era sempre que apanhava, e normalmente era em lugares que permaneciam cobertos. Porém, Cassius também adorava acusá-lo verbalmente, fazendo-o sempre se sentir como lama e excremento.

A mão do Alfa esfregou seus cabelos úmidos. Ele não tinha um olhar de repulsa como esperava que tivesse quando soubesse quão lamentável era.

— Tudo bem se você nunca mais vê-lo?

Crisma parou de chorar. Ele olhou estupefato pela pergunta.

— O quê?

— Não posso perdoar o seu pai, Crisma. Isso tudo o que ele fez com você é errado, então pelas leis do nosso clã, ele precisa pagar.

Crisma engoliu em seco.

Se o seu pai fosse preso ou expulso, quer dizer que ficaria livre?

— O que vai acontecer com ele? — Engoliu em seco.

— Bem... um pai que maltrata o próprio filho não é um membro da minha alcateia. Não acho que prendê-lo irá resolver alguma coisa, mas a expulsão será o caminho que posso escolher. Ele pode recriar a vida dele em outro lugar, mas não aqui. Não permitirei que faça mal a você outra vez, e um homem assim pode muito bem ferir outras pessoas por interesse próprio.

A Origem de Sanny [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora