A Origem de Sanny [Romance Gay]

Capítulo 20 - Profecia

Ser o Alfa não era nada fácil. Ter que cuidar de tantos membros de uma alcateia inteira e ainda dispor de tempo para atender cada um individualmente era mais complicado a cada dia. Mas também não era uma tarefa que detestava, admitia haver seus pontos positivos e os seus negativos também. Contudo, era cansativo.

Ayron chegou ao casebre onde seu irmão trabalhava como curandeiro. Zion tinha lhe enviado uma mensagem através de Arli, de que gostaria de se reunir com ele no fim da tarde. E embora Ayron quisesse muito terminar o seu serviço e fugir diretamente para a pequena casa de Sanny, ele foi atender o seu irmão. Afinal eles ainda continuavam sendo próximos, e além de terem o mesmo sangue, eram como melhores amigos.

— Ei. — Ayron chamou assim que afastou a cortina de peles e entrou. Zion estava sentado em um banco de madeira, amassando ervas enquanto um caldeirão fervia em um canto. — O que está fazendo?

— Só produzindo mais remédio, como sempre. — Ele acrescentou as ervas esmagadas no caldeirão e mexeu com uma longa colher de pau. O cheiro adocicado e fresco permeava o ar. Ayron farejou o frescor de seiva Amanta e alguma outra mistura que seus sentidos não identificaram. — Pensei que não viria. Arli me falou sobre o que aconteceu com Sanny. Sinto muito.

— Por que sente? — Ayron arrastou um banco e sentou-se perto da bancada.

— Porque você gosta dele.

— É tão óbvio assim? — Passou as mãos pelos cabelos, empurrando a franja desobediente para trás. Ela voltou para cima de seu olho direito.

— Não que seja tão óbvio, Ayron, mas eu sou o seu irmão. E já foram incontáveis vezes que você veio me falar de Sanny. Acho que já não se trata de "gostar" ou simplesmente estar atraído por ele, creio que seja amor.

Ayron mordeu o lábio inferior.

No dia anterior ele havia confessado seus sentimentos a Sanny. E foi de grande emoção que ele era correspondido. Lembrar daquilo fazia seu coração querer explodir, e ele se esforçou ao máximo naquele dia para conseguir fazer bem o seu trabalho. Ele só queria sentar e olhar para o céu lembrando-se das palavras de Sanny, dos abraços que trocaram, dos beijos molhados. Sentir o corpo quente de Sanny contra o seu e tocá-lo da maneira que fez, mesmo que sobre as roupas.

— Ayron?

— Ham? — Olhou para seu irmão que tinha os olhos arregalados.

— Você estava divagando enquanto eu falava?

Ayron grunhiu.

— Descobri que Sanny é o meu interligado.

O silêncio pairou na sala. Ayron viu o amanhecer nos olhos de seu irmão, e a forma como foi empurrado quando abraçado por ele foi inestimável. Os bancos de madeira caíram e Ayron riu enquanto Zion bagunçava seus cabelos. Eles quase caíram, rindo, só realmente pararam quando alguns frascos de vidro que estavam sobre a mesa despencaram no chão.

Zion não se afastou totalmente, mas segurou em seus ombros com um aperto firme.

— Eu sabia! Meus parabéns irmãozinho!

Ayron soltou uma risada meio grotesca e bateu nos bíceps de Zion.

— Obrigado. Não sabe como me sinto agora.

— Você tem meu total apoio, sabe disso, não é?

Ayron sorriu e deu um tapinha suave no rosto de seu irmão.

— Obrigado. Isso significa muito para mim.

Zion se afastou e se recompôs. Então recostou-se contra o balcão e olhou para um ponto qualquer.