Capítulo 11 - O inevitável

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Um beijo.

Otâni sentia suas pernas bambas e uma sensação estranha na barriga. Oh, céus! Não sabia se poderia andar sem cair, tamanha surpresa.

Não era de hoje que Otâni se sentia um rei sobre o próprio umbigo. Sempre teve o que queria e quando queria, nunca deixou de ser elogiado pelos dominantes da sua antiga matilha e sabia o quão bonito era. Mas ali, depois do beijo compartilhado com o curandeiro, sentiu todas as seguranças dentro de si desmoronarem, era como se, ao invés de um beijo, tivesse recebido um forte soco no abdômen.

Como poderia estar se sentindo assim, com um beijo – aliás, seu primeiro – dado por um homem inferior à si?

— I-idiota...— Resmungou, tentando se equilibrar sobre seus pés novamente.

Sentia o rosto quente e sabia que provavelmente se encontrava mais vermelho que um morango.

— Já preparou a seiva, Otâni? — Zion perguntou do outro cômodo, fazendo Otâni se assustar.

Num sobressalto, o ruivo amaldiçoou-o e seguiu até o remédio que deveria preparar. Ah, eram tantos passos... Como se esquenta? E o fogo, como conseguiria? Será que se tentasse do modo como estava conseguiria algo? Em Lupus não era incumbido dessas tarefas, tão pouco saberia agora realizá-las. Sentiu lágrimas de frustração escorrerem pelos olhos.

— Não consigo! É impossível! — Choramingou quando uma faísca de fogo queimou um de seus dedos. Com o susto pela queimadura, deixou a seiva quente cair sobre o chão.

— Mas o que está fazendo? — Zion apareceu, descontente.

Otâni virou-se de costas imediatamente, não conseguindo encará-lo.

— Derrubei a seiva... — Respondeu baixo, como se com isso Zion fosse se virar e deixá-lo sozinho.

— O quê?! Tarefa tão simples, mas mesmo assim você não consegue por conta da sua insistência em negar tudo o que está acontecendo de novo na sua vida! — Zion disse enquanto ele mesmo pegava os preparos e os colocava sobre a mesa. — Vá até a sala ao lado e ao menos faça uma companhia, e repito, amistosa, ao senhor que já esperou bem mais do que sua saúde permitiria.

— Mas eu...

— Vá, Otâni.

Otâni tentou argumentar sobre ter tentado realizar aquela tarefa tão abaixo de seu nível, mas Zion não deu-lhe chances. No momento estava mais que irritado com ele, e o momento anterior, que havia sido beijado, já se apagava de sua mente nublada pela raiva. Ora, não bastava ser atacado pelo homem bruto, mas também foi tratado como reles ômega! Não teve nem chances de reclamar como aquela tarefa havia lhe rendido uma bela queimadura em alguns dedos da mão, que começavam a arder.

— Bruto! — O ruivo ralhou antes de deixar o cômodo.

Zion estava com os nervos à flor da pele. Quis responder à provocação, mas na verdade agradecia aos céus por Otâni ter saído do cômodo. Suas calças estavam mais apertadas do que nunca e o membro ereto parecia sufocado. Droga, por mais que sentisse ganas de enfiar goela abaixo a educação que seu lupino nunca tivera, sabia o quanto seu corpo pedia por ele. O beijo só provava isso. Sentir os lábios doces de Otâni e seu contorno perfeito encaixado nos seus braços deixava Zion entorpecido.

Ao olhar novamente o senhor que não parava de tossir, Otâni fez uma careta.

— Hey... não tussa dessa maneira! — Advertiu, mas logo segurou sua língua para não levar outra bronca de Zion.

A Origem de Sanny [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora