Capítulo 3

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Meredith’s POV

Interessante como em situações extremas você pode agir de forma completamente inesperada, não é? Se alguém me contasse que eu apareceria no hospital de mãos dadas com Addison como se minha vida dependesse disso, eu rolaria de rir. Mas o fato é que, no momento em que estamos fora da nossa zona de conforto, podemos fazer coisas que nunca faríamos em condições normais. Acho que é por isso que as pessoas no Big Brother viram melhores amigas depois de uma semana na casa. O contato humano certas horas é a única coisa que te impede de enlouquecer.

O problema todo é que, eu sendo Meredith Grey, obviamente tinha que sofrer um sequestro relâmpago com a pessoa que eu mais evitava nesse hospital. Não, não podia ser com Cristina, ou Izzie, até mesmo George. Tinha que ser com Addison Montgomery, a mulher com quem eu fazia o possível para não precisar cruzar pelos corredores, a mulher com quem eu só interagia se fosse estritamente necessário.

Depois que chegamos ao hospital naquela madrugada, ensanguentadas e traumatizadas pro resto da vida, imediatamente uma equipe gigantesca de médicos dedicou todo cuidado a nós. Quando fui obrigada a soltar a mão da ruiva, senti meu coração dar um salto, como se soltar sua mão significasse que tudo daria errado dali para frente, uma reação totalmente esperada frente ao trauma por que passamos juntas.

Os médicos nos sentaram em macas próximas, uma ao lado da outra. Nenhuma de nós soltou uma palavra enquanto nos examinavam para ter certeza de que nenhum daquele sangue partiu de nós. Fisicamente estamos ótimas, psicologicamente só o tempo pode dizer. Ou nossas terapeutas.

Após o exame, Cristina me guiou para o vestiário, onde me deu um banho para remover todo aquele sangue seco do homem que morreu, do homem que nós não conseguimos salvar. Minha amiga cuidou de mim, me levou para casa, me deixando à vontade para passar a noite em claro, ainda que não soltasse um detalhe sobre o que havia acontecido. Tudo que eles sabem é que fomos obrigadas a tratar de um cara com ferimento a bala.

Pensando agora, não sei o que aconteceu com Addison depois dos exames naquele dia. Será que ela tinha algum amigo que fez o mesmo por ela que Cristina fez por mim? Odeio pensar que ela talvez não tivesse ninguém que deitasse com ela e oferecesse o conforto que ela certamente estava precisando naquele momento.

Quis perguntar, mas não tive coragem. Eu sou médica e médicos muitas vezes são socialmente desajustados. Passamos tanto tempo estudando que esquecemos como interagir com seres humanos que não estão inconscientes em uma maca.

Recebemos do chefe Webber três dias de folga para descansar e hoje é o meu primeiro dia de volta ao hospital após aquela noite. Secretamente, estou ansiosa para ver Addison e saber se ela está bem.

Quando chego pela manhã, Bailey me manda para a ortopedia, o que me obriga a passar o dia colocando ossos de volta no lugar com Callie. Meus planos de tentar trocar pelo menos algumas palavras com Montgomery obviamente não dão certo.

No almoço, fui para minha mesa de sempre, com Cristina, Izzie, George e Karev e pela primeira vez desde aquele dia pude vê–la, apesar de ela estar a várias mesas de distância almoçando com Callie. Ela parece a mesma de sempre e eu tenho que me controlar para não comentar em voz alta que o apelido dela não é Satã à toa.

Imediatamente repreendo a mim mesma pelo pensamento. Nós a apelidamos de Satã assim que chegou ao hospital, intimidando a todos e roubando meu namorado, o que tecnicamente nem era um “roubo”, já que ela era casada com ele desde muito antes de ele sonhar em me conhecer. O problema é que o apelido Satã, apesar de sua pose intimidadora, deixou de ser engraçado no momento em que passei por uma situação traumática ao lado da ruiva, o que me fez ver que, por trás de seu ar superior, há uma pessoa com tantos sentimentos quanto eu.

Holding on to you {meddison}Onde histórias criam vida. Descubra agora