Capítulo 16

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A/N: é atualização dupla que você quer, @?

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Meredith's POV

O dia no hospital hoje estava tão parado e nós já estávamos com os nervos á flor da pele. Todo mundo sabe que um dia sem movimento só pode significar que algo de muito ruim aconteceria em algum momento.

Por isso mesmo fico até feliz ao receber uma chamada de emergência. Uma mulher grávida de oito meses havia caído de um lance de escadas. A situação do bebê era instável e, apesar de prematuro, não haveria grandes problemas em fazer o parto, então lá fui eu auxiliar Addison em mais uma cesariana.

- Só mais um segundo e... pronto. Temos um menino! - Addison explicava todo o procedimento, desde o primeiro corte, afinal esse era um hospital-escola. Ela passou o bebê ao médico responsável por verificar seus sinais vitais e continuou a cirurgia.

Um telefone toca na sala.

- De quem é esse? - A ruiva pergunta sem tirar os olhos da paciente.

- Seu, Dra. Montgomery - A enfermeira que estava próxima à bandeja com nossos pagers e celulares responde.

- Coloca no viva-voz, por favor - Addison ordena. - Addison Montgomery falando.

- Dra. Montgomery, quem fala é o Dr. Athur Lewis - Observo Addison arregalar os olhos e isso é o suficiente para atiçar minha curiosidade.

- Estou no meio de uma cirurgia, Dr. Lewis. Posso te retornar mais tarde? - Ela responde calmamente, mas eu vi sua primeira reação e agora não há nada que faça eu tirar os ouvidos daquela conversa.

- Eu vou ser breve, Dra. - Ele continua, ignorando completamente o pedido de Addison. - Acho que passar uma semana aqui vai ajudar você a tomar uma decisão. O que acha da minha proposta?

- Posso te retornar até o fim do dia? Realmente estou no meio de uma cirurgia - Eu já não gosto desse cara. Quem é ele pra fazer propostas pra Addie? E que semana é essa que ele quer passar com ela? Por que eu não sei de nada disso?

E então eu me ligo de que não tenho nada a ver com o que ela faz com o tempo livre dela. Que ela pode passar uma semana com quem quiser, inclusive com um médico com voz bonita e sotaque inglês extremamente sexy. Seja lá para onde for que ele a está convidando.

Nossos olhares se cruzam rapidamente e, sem jeito, ela agradece o contato do Dr. Inglês e promete retornar mais tarde. Eu tô louca de curiosidade.

Ela mete pede para terminar de fechar a paciente e cuidar do pós-operatório e sai da sala como um furacão, certamente tentando evitar que eu faça qualquer pergunta sobre a ligação. Mas eu vou fazer mesmo assim. Pode não ser agora, mas minha curiosidade não vai deixar ela em paz até que ela solte tudo.

E até que não foi tão difícil. Não foi difícil tirar as informações dela, é claro. Agora absorver o que ela disse é outra história.

- Quer dizer que a senhora agora recebe propostas indecentes de médicos ingleses? - Ela estava apoiada no ferro da passarela que tem próximo ao escritório do chefe Weber quando eu parei ao seu lado e falei em tom brincalhão. Ela não devia nenhuma explicação à foda-amiga Meredith, mas a amiga Meredith podia perguntar esse tipo de coisa.

- A única coisa de indecente que tem nessa proposta é a quantidade de dinheiro - Ela solta uma risadinha e fala, ainda olhando o movimento abaixo de nós.

- Não vai me dizer que agora você também se prostituiu? - Finjo que estou chocadíssima com a novidade e ela me dá uma cotovelada de brincadeira.

- É uma proposta de trabalho, sua maluca - Ela finalmente me encara com aquele olhar penetrante e eu percebo que o momento se transformou de brincalhão em sério em uma fração de segundos. - Em Londres...

Eu fico alguns segundos sem qualquer reação. Nem pensar em conseguia. Na verdade, eu achei que tivessem sido apenas alguns segundos, mas pela urgência na voz de Addison quando finalmente ouço sua voz chamando pelo meu nome, parece que foi um pouco mais que isso. Bem mais que isso.

- Você... Addie, você não ia me contar? Não ia dizer que tá pensando em ir embora? - Tento manter minha voz o mais normal possível, mas falho maravilhosamente. Eu sentia todos os meus músculos se contraindo, minhas mãos tremendo. Tento manter a calma, mas meu corpo parece ter vontade própria.

- Eu ainda não decidi, Mer - Ela responde na maior calma, como se tivesse decidindo se ia na padaria ou não. - Mas, quando eu decidisse, é claro que eu ia te contar.

- E você tá querendo ir? - Eu decido que é melhor olhar para um ponto fixo qualquer porque eu sinceramente não sei se consigo me controlar se continuar encarando aqueles olhos azuis.

Minha vontade é de gritar, de chorar, de implorar que ela nem pense na possibilidade de ir embora, mas eu tenho que lembrar que ela não está presa a mim. Que irônico, não é mesmo. Parece que o destino sempre arruma um jeito de te cobrar pelas merdas que você faz.

- Mer, eu... eu não sei - Ela demora alguns segundos antes de completar a frase, provavelmente organizando as palavras em sua cabeça. - Parte de mim acha que precisa ir, mas a outra parte quer ficar.

Ela se vira novamente pra mim, seus olhos tentando buscar os meus, mas eu finjo que não vejo e continuo encarando o nada à minha frente. Eu vou desmoronar se ver seja lá o que for que tiver estampado em seu rosto. Felicidade? Tristeza? Expectativa? Esperança? Nada disso importa porque eu fui a idiota de não dar a ela um motivo para querer ficar.

Por que ela ficaria aqui por minha causa? Eu fui a pessoa que desprezou seus sentimentos, ainda que sem más intenções. Fui eu que deixei ela pensar que ela precisaria se contentar apenas com o que eu posso oferecer, ou melhor, com o que eu tenho coragem de oferecer.

Quero perguntar se eu tenho algum peso em sua decisão, mas sei muito bem que não tenho esse direito porque eu mesma praticamente disse a Addison que nós nunca teríamos nada além de algo casual.

Eu não tinha qualquer direito de pedir que ela recusasse um emprego que aparentemente oferecia um salário gigantesco, em um lugar maravilhoso como Londres. Em troca de quê? Algumas noites de sexo?

Eu não fazia a mínima ideia do que dizer. Eu queria ter sido uma boa amiga e ficado feliz por ela, dado parabéns por uma proposta incrível, mas eu não conseguia nem formular palavras.

- Desculpa, eu tenho que ir agora - Tento ao máximo evitar seu olhar, mas um segundo é o suficiente para eu ver a decepção nos olhos da ruiva.

Então eu saio sem rumo, sabendo apenas que eu precisava ficar sozinha. E, pela primeira vez desde que nós começamos essa história louca, eu vou embora sem me despedir. Nem um selinho, um aperto de mão ou no ombro, uma piscadinha, um sorriso, nada.

Holding on to you {meddison}Onde histórias criam vida. Descubra agora