Capítulo 5

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Meredith's POV

– Desde quando você e satã são amiguinhas? – Cristina senta ao meu lado no refeitório, já fazendo mil perguntas. – Por que você foi às compras com ela?

– Nós não somos amiguinhas, pra início de conversa. – Rebato, mordendo um pedaço do meu sanduíche de atum.

– E por que ela te ajudou com as roupas pro casamento? – A interna insiste.

– Porque ela estava disponível. – Respondo. – E vamos combinar que ela é a pessoa que se veste melhor aqui.

– Você por acaso está dizendo que eu não sou boa o suficiente pra escolher roupas com você? – Cristina está furiosa e eu rio.

– Tem alguém com ciúmes aqui? – Eu aperto a bochecha dela, como se tivesse brincando com um bebê, o que a deixa mais furiosa ainda.

– Se enxerga. – Ela rebate. – Até parece que me importo com isso.

– Se não se importa, então por que perguntou? – Lanço um sorriso debochado em sua direção.

– Eu só acho que você não deveria baixar a guarda com ela, Mer. – Cristina responde e desta vez percebo que fala sério. – Por que ela te trataria tão bem? Afinal, você é a pessoa que roubou o marido dela.

– Ela não está querendo se vingar nem nada, Cristina. Relaxa. – Termino meu sanduíche e levanto para voltar ao trabalho. – Não precisa se preocupar, mas obrigada.

Eu defendi Addison, mas depois de nossa conversa, senti a semente da dúvida se instalar em mim. Por que ela estaria sendo legal comigo? Por que ela não me trata como qualquer amante deveria ser tratada? Cristina está certa. Eu roubei seu marido.

É claro que não foi intencionalmente e eu terminei tudo depois que descobri a existência dela, mas ainda assim é um pouco suspeito ela me tratar tão bem, como uma amiga, depois desse rolo em que eu me enfiei por causa do Derek.

Eu tento não deixar isso transparecer quando estou na presença de Addison, mas sem perceber eu começo a me afastar um pouco da ruiva. As conversas nos corredores do hospital são menos frequentes, eu nunca mais comprei um dos cafés que de vez em quando lhe presenteava pela manhã, nossas conversas por mensagem praticamente zeraram.

E a minha desculpa quando a encontrava pelo hospital era sempre "estou muito ocupada", "mal consigo parar para comer", "estava de serviço em outra especialidade" etc. E Addison parecia entender sem desconfiar de nada, o que no fundo me deixava um pouco culpada, mas eu segui fingindo que não sentia nada.

É quase 2h da manhã quando eu finalmente termino a cirurgia em que estava ajudando e vou pra uma sala de descanso na esperança de conseguir dormir pelo menos algumas horas até o meu próximo plantão. O universo aparentemente está conspirando contra mim porque, assim que entro na sala, dou de cara com Addison que apenas acena em minha direção com cara de poucos amigos. Ela está sentada na cama de costas para a parede, parecendo uma bomba relógio próxima de explodir.

Retorno o aceno e vou em direção à cama no lado oposto do quarto sem soltar uma palavra. Se ela está prestes a explodir, eu é que não vou ficar na sua reta.

Eu viro de costas para ela, encarando a parede e tento dormir, mas não passa cinco minutos e ela está andando de um lado pro outro do quarto, igual uma barata tonta, e eu já estou prestes a dar um grito pra fazer ela parar.

– Addison, pelo amor de deus, para! – Eu não aguento e falo, me sentando na cama. – Eu preciso dormir e você tá me deixando nervosa andando desse jeito.

– Desculpa. Não consigo parar. – A ruiva rebate, claramente nervosa.

Eu deito na cama novamente, mas dessa vez encaro a obstetra. Não sei que o que há de errado com ela e nem deveria querer saber, mas eu estaria mentindo se dissesse que não sou um pouquinho fofoqueira. Eu estava muito curiosa pra saber o que deixou a ruiva desse jeito.

Holding on to you {meddison}Onde histórias criam vida. Descubra agora