Capítulo 19

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A/N: voltei! mil desculpas pelo sumiço. fim de ano no trabalho é uma loucura, mas finalmente tô de férias e vou tentar atualizar mais. muito feliz que essa fic chegou a 3 mil leituras!
espero que gostem do capítulo. bjsss. 

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Meredith's POV

Eu, muito inocente, achei que tudo que Addison tinha estava naquele quarto de hotel, mas não. Ela alugava um espaço pra guardar livros e objetos que ela mais gostava e pelo visto ela gostava de muita coisa. Pena que eu não sabia disso antes de me oferecer pra ser sua única ajudante na mudança.

Tenho a sensação de que nós passamos o dia inteiro transportando objetos e roupas de um lado pro outro e olha que nem tivemos que carregar os móveis.

Depois que Addison resolveu de vez que ficaria em Seattle e recusou o emprego em Londres, ela finalmente decidiu parar de gastar quantidades absurdas de dinheiro em um quarto de hotel. Seu novo apartamento era um estúdio espaçoso e a decoração era uma mistura de rústica e moderna, com muitas cores. Fiquei completamente apaixonada pelo lugar. E o melhor de tudo é que ficava muito próximo da minha casa.

Depois de trazer para dentro a última caixa do dia, Addison se jogou no chão como quem havia corrido uma maratona. O dia realmente havia sido cansativo.

- Eu não quero nem pensar no trabalho que vou ter pra arrumar isso tudo - ela resmunga do chão.

- O pior já foi. Agora é só ir arrumando aos poucos. Uma caixa por dia e você chega lá - tento ver o lado positivo da bagunça que é o processo de mudança.

- Vamos pedir pizza, pelo amor de deus. Eu tô morta de fome - eu rio de seu drama e puxo o celular do bolso pra ligar pra pizzaria. Eles já até me conhecem. Não sei se posso dizer que é algo bom ou ruim.

A pizza demora uns 40 minutos pra chegar, tempo suficiente pra recarregarmos as energias deitadas no chão porque o colchão da cama de Addison ainda estava todo forrado com plástico.

Comemos e conversamos e rimos e, pela primeira vez em muito tempo, eu consigo sentir uma verdadeira paz interior. Aquela sensação de que meu lugar é exatamente ali, naquele momento.

Depois do meu quase colapso nervoso quando percebi a real possibilidade de perder Addison pra sempre, nós conseguimos ter uma conversa adulta sobre a nossa situação. Foi muito difícil pra mim admitir, mas a verdade é que eu tenho pavor de relacionamento sério, de cobranças e obrigações com outras pessoas.

Eu expliquei que tive experiências muito intensas e muito ruins no passado e que, depois do milésimo término conturbado, eu convenci a mim mesma de que não tinha nascido pra ter relacionamentos. Transar com estranhos que eu arrumei no bar era muito mais fácil do que ter que lidar com sentimentos de verdade e assim foi a minha vida durante muitos anos. Mas, por Addie, eu estava disposta a tentar ser uma pessoa melhor, menos medrosa e fechada dentro de mim mesma.

Ela entendeu a minha situação e eu não podia agradecer mais por ter encontrado essa mulher incrível, que me ama e me compreende como ninguém. Bom, talvez apenas Cristina chegasse perto.

E, por falar em Cristina, eu não sei nem o que vou fazer no dia que ela descobrir sobre Addison e eu. Preferi não sofrer por antecipação e lidar com ela quando chegasse a hora de contar. Por enquanto, ainda estávamos nos acostumando a estar em um relacionamento de verdade e preferimos manter segredo por mais um tempo. Além disso, nem eu nem Addison estávamos a fim de lidar com os fofoqueiros do hospital.

O problema é que, quando você passa muito tempo com uma pessoa, começa a agir de uma certa forma que é difícil de controlar quando está em público. Sempre que eu dormia com Addison, ela fazia questão de me acordar com tempo o suficiente para comer com calma, dar uma olhada rápida no jornal, tomar banho, todas as coisas que eu fazia correndo igual uma maluca quando dormia sozinha. E eu não me importava em ser acordada mais cedo porque era o momento que nós tínhamos para ficar juntinhas sem mais ninguém por perto.

Depois de um tempo, passei até a gostar das nossas manhãs preguiçosas pré-trabalho. Addison fazia café e, por um milagre da vida, nós gostávamos de beber exatamente do mesmo jeito: preto, sem açúcar, pra bater e já acordar na hora. Então a gente compartilhava o copo gigante enquanto eu, geralmente a mais preguiçosa, sentava em seu colo pra comer e atrapalhava a leitura do seu jornal. Nunca ouvi Addison reclamar.

Mas, como a vida de cirurgiões não é fácil, nem sempre nossos plantões batiam e, nesses dias, não podíamos fazer o nosso ritual matinal. Talvez seja por isso que tanto eu quanto Addison valorizamos demais esses 30 minutos que criamos para nós mesmas pela manhã.

Hoje era um destes dias em que nossos horários não batiam e eu sentia falta de acordar nos braços da minha ruiva. Eu estava no plantão da noite e Addison havia acabado de chegar pela manhã com um copo de café extra grande que eu precisava desesperadamente. Ela não bebe esse café todo, então tenho certeza que comprou pra dividir comigo.

Na troca de turnos sempre vamos ao balcão das enfermeiras para explicar quem está entrando sobre cada paciente que temos no dia. Estávamos todos reunidos lá quando vejo Addison chegar. Cristina e eu estávamos terminando o plantão, enquanto George, Izzie e Alex começavam. Bailey, como sempre, estava dando ordens pra gente.

Addison é atendente, mas sabe muito bem que Bailey pode arrancar sua cabeça, se ela a interromper, então a ruiva chega, para ao meu lado sem soltar uma palavra e começa a ler os prontuários da obstetrícia enquanto aguarda Bailey terminar de nos torturar.

Assim que ela acaba, eu pego o café da mão de Addison e ela me passa sem nem me olhar, já sabendo que era eu. Dou um gole e passo de volta.

- Tudo que eu precisava! - Exclamo depois de beber o líquido dos deuses.

- Tudo? - Addison finalmente para de ler seus prontuários e me olha com um sorrisinho de canto de boca.

- Não tudo - Me aproximo e lhe dou um selinho e um bom dia. - Agora sim tudo que eu precisava.

Imediatamente todo ruído a nossa volta para.

Puta que pariu.

Tiro os olhos de Addison para observar as pessoas ao nosso redor e, como eu imaginava, estão todos de olhos arregalados tentando entender o que foi aquilo. Então começo a ser bombardeada de perguntas por Izzie. Cristina me olha como quem quer me matar por não ter contado nada antes. George parece um bichinho assustado. Alex está sorrindo e eu tenho certeza que ele está imaginando eu e Addison transando. Mas é Bailey quem finalmente acaba com o espetáculo.

- Eu não acabei de passar um monte de coisa pra vocês fazerem? Ou será que eu tô enganada? - A baixinha grita. - Circulando! Vamos!

- Obrigada, Dra. Bailey - Falo sem graça depois que todo mundo começa a sair.

- É sempre você, não é Grey? - Ela me fuzila com o olhar e sai falando sozinha. Só consigo entender "só sabem complicar minha vida..." enquanto ela se afasta.

Addison estava ao meu lado observando a cena esse tempo todo e eu a olho como quem pede socorro.

- Eu vou explicar pra ela, Mer - A ruiva acaricia meu braço. - Relaxa. Ela vai entender, mas precisamos agora ir correndo falar com o chefe Weber porque ele não vai gostar nem um pouco de saber por outras pessoas.

- Não vai fazer diferença falar com ela, Addie - Baixo a cabeça. - Bailey acompanhou todo o fiasco com você-sabe-quem. Eu já não tenho a melhor das reputações aqui.

- Eu vou conversar com ela e explicar que nós estamos juntas de verdade. Ela vai ver que não é só sexo em sala de descanso - Addison passa o braço sobre meu ombro, apertando gentilmente pra tentar me consolar. - Agora vamos falar com o chefe.

- Que ótimo! Esse dia já está começando maravilhosamente bem. Você sabe que nós duas somos tipo as filhas que ele nunca teve, né? Ele vai surtar quando souber - Coloco as mãos no rosto numa tentativa ridícula de desaparecer do mundo.

- Ele vai surtar, Derek vai surtar, todos os seus amigos vão surtar, mas com o tempo todos eles vão ver que nós somos de verdade, Mer - Ela segura meu rosto com as mãos, olhando no fundo dos meus olhos. - Aos poucos todo mundo vai se acostumando e daqui a um, dois, cinco ou dez anos eles vão ver que nós estamos juntas, felizes e que foi o certo desde o início.

- Você é a melhor namorada desse mundo, sabia? - Falo acariciando as mãos que estavam em meu rosto. - Obrigada por ser você e por me amar. 

Holding on to you {meddison}Onde histórias criam vida. Descubra agora