-|| Capítulo 14 ||-

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      Harry e eu nascemos no mesmo ano, ele só é mais velho por ter nascido meses antes, conheço ele desde que me entendo por gente. Eu não entendia muito bem o que sentia por Harry, mas eu sabia que ele era uma pessoa muito especial para mim.
      Um garoto com cabelos castanhos claro, quase indo para o loiro, e liso que as vezes até chegava a tampar seu rosto, tinha olhos verdes, um verde claro que me fazia sentir em um grande e imenso jardim gramado.
      Quando eu completei nove anos de idade, continuava não entendendo muita coisa, nem sabia o que era sentimentos (não que isso tenha mudado hoje em dia), mas ele me deu um lobinho de pelúcia, como presente de aniversário. Foi desde então que eu comecei a sentir sensações inexplicáveis, que talvez uma criança normal de nove anos não sente. Era angustiante, mas ao mesmo tempo gostoso de sentir.
      Até que o fatídico dia chegou, tínhamos que nos mudar, meu pai tinha achado o emprego de sua vida (esse que ele está até hoje), era a primeira vez que deixaria tudo pra trás, até o meu melhor amigo, e o meu primeiro amor.

      — Violet? Você está bem? — Harry se aproxima de mim, estava viajando em meus pensamentos, devo ter saído de órbita.

      — Estou sim. — sorrio.

      — Você pareceu distante. — ele se senta ao meu lado, eu estava beira mar, a água do mar que era empurrada pelas ondas, tocavam meu pé.

      — Desculpa, foi um choque pra mim. Faz sete anos, não sei se ainda posso te considerar aquele "Harry".

      — Claro que não pode me considerar aquele "Harry", eu era uma criança, agora sou homem. — ele me olha sério, e de repente, começa a dar risada. — A sua cara foi a melhor! — ele continuava a rir.

      — Ham?

      — Hahaha, você ainda continua aquela mesma Violet lerda de sempre. — eu ainda não conseguia entender nada.

      — Violet! Harry! Venha os dois aqui ajudar, já estamos indo embora. — me levanto e pego minha toalha que eu estava sentada.

      — Vamos? — estendo a mão.

      Quando ele segura minha mão, ele puxa com força me fazendo cair na água. Ele se levanta e sai correndo.

      — Eu vou te matar! — grito e corro atrás dele.

      — Pelo jeito já estão se dando bem de novo. — minha mãe falava.

      Arrumamos as coisas, e a mãe do Harry deu a idéia de irmos a uma lanchonete, bem aconchegante a uns dez minutos dali. Minha mãe adorou a idéia.

(...)

      Chegando lá, descemos do carro, procuramos a maior mesa e sentamos. Estávamos em oito pessoas, então sentou os adultos na primeira fileira de quatro cadeiras, a as outras quatro que ficava de frente, sentou Harry, eu, Ryan e Dennis (exatamente nessa ordem).
      A lanchonete era temática, tinha vários brinquedos, o Ryan e o Dennis, não se aguentavam, queriam muito ir lá. Então a senhora Payne e a minha mãe, deixaram eles irem lá, e tinha uns funcionários que cuidavam das crianças, então eu nem precisei me preocupar.

      — O seu cabelo grande combina com você. — olho para ele e falo, realmente, sete anos fizeram ele mudar muito, e não posso discordar, ele está lindo.

      — Ah, isso? — ele aponta para o cabelo. — Não importa quantas vezes eu corte, quando menos percebo já voltou a isso, então nem me dou o trabalho.

      — Não está ruim. — ele fica olhando pra mim, e não diz nada.

      Um silêncio fica entre nós, eu não sabia mais o que falar, e acabo ficando até sem graça.
      Meus pais, e do Harry, não paravam de conversar. Calma, aquele não é o pai do Harry.

SociopataOnde histórias criam vida. Descubra agora