Capitulo Dez

456 60 32
                                    

Dulce encostada no batente da porta observava Luma eufórica com a presença de Any em seu quarto de brinquedos e tagarelando coisas que em sua maioria eram indecifráveis corria com os passos curtos pelo local alcançando seus brinquedos favoritos e os entregando na mão de Any que se mostrava fascinada com tudo e hora ou outra ria da animação da menina, era notável o amor e admiração que Luma tinha por Any.

Dulce enrijeceu o corpo quando o som da campainha soou pelo local, ela mirou uma ultima vez Luma e então olhou para amiga que com um olhar reconfortante a enviou boas energias.

-Não deixa ela sair daqui tá bom? Assim que terminar eu volto

-Tudo bem, boa sorte – disse Any com um sorriso no rosto, logo ela voltou sua atenção para Luma que jogou sobre si um urso enorme, a menina caiu na gargalhada e Any fez o mesmo.

Dulce sorriu com a cena e ouviu mais uma vez a campainha tocar, ela fechou a porta do quarto e caminhou em direção a porta de entrada, apertou uma mão na outra sentindo o suor frio brotar delas e parando diante da porta respirou fundo buscando força para novamente encarar aquele homem, a campainha soou mais uma vez e ela levou uma das mãos a maçaneta abrindo-a

Christopher trajava roupa social como da primeira vez e com as mãos escondidas dentro do bolso da calça e a cabeça levemente tombada para um lado, ele a encarava com um sorriso de canto que lhe dava um ar debochado, Dulce não soube o que dizer, mas sentiu raiva e controlou-se para não o atacar com murros e pontapés.

-Como vai senhorita Saviñón? Espero que o motivo da sua demora á atender a porta não seja porque estava escondendo minha filha de mim.

Dulce cerrou os olhos e os punhos sentindo o desejo por acertá-lo com um murro aumentar.

-Se o motivo da sua vinda aqui tenha sido para discutir se Luma é ou não sua filha, então não precisará sequer passar da porta para dentro da minha casa, é evidente que a menina não é sua.

Ele riu jogando a cabeça para trás aumentando o ar de deboche que ele naturalmente transmitia e Dulce se perguntou onde sua irmã estivera com a cabeça ao se deitar com ele.

-A única coisa evidente aqui por enquanto é o seu desgosto com a minha presença.

Dulce sorriu largamente assentindo com a cabeça

-Nisso você está redondamente correto.

-Eu sei. - limitou-se ficando agora sério - mas prometo que não tomarei muito do seu tempo, e prometo que será uma conversa amigável.

-Nota-se desde o princípio – foi a vez de ela sorrir com deboche, ela abriu mais a porta dando espaço para que ele entrasse.

Christopher novamente entrou olhando ao redor e então sentou-se em seu antigo posto, Dulce fez o mesmo sentando-se novamente de frente para ele na cadeira acolchoada.

-A escondeu de novo? - perguntou ele e no exato momento o som da gostosa gargalhada de Luma pode ser ouvida junto com a de Any, Christopher girou a cabeça na direção curioso mas a única coisa que viu foi a extensão da sala e a entrada para um corredor que dobrava a direita.

-Não escondi, mas ela está muito ocupada se divertindo e eu não vou estragar a diversão dela só para apresentar você, ela ficaria bem chateada comigo acredite.

Christopher riu negou com a cabeça e mordeu o lábio inferior, Dulce observou aquele ato por um momento, mas ao notar que ele a observava tratou de desviar o olhar para um canto qualquer.

-Quem vê esse rostinho de boneca não imagina as palavras de víbora que você libera.

-Considerarei como um elogio, vamos direto ao assunto. - Começou ela o encarando séria e curvando o corpo para frente - Quero que faça um exame de DNA.

-Com certeza, até porque eu preciso ter certeza de que ela é realmente minha filha.

-Eu tenho certeza de que não, mas é a melhor forma de você dar o fora daqui de vez.

-Realmente, se ela não for minha filha eu prometo nunca mais bater na sua porta.  Mas o que devemos entrar em acordo agora é sobre o que será feito caso ela seja a minha filha.

Dulce abriu a boca para falar, mas lembrou-se do que conversou com Christian e então reformulou sua resposta.

-Quero ouvir o que tem a dizer sobre isso.

-Quero a guarda dela. - ele foi direto a pegando desprevenida, Dulce arregalou os olhos travando o ar nos pulmões e por fim soltou uma risada.

-Você é maluco ou o que? Acha mesmo que eu vou ceder a guarda dela?

-É o certo, se o exame der positivo o mais justo é ficar comigo que sou o pai, você é apenas uma tia da menina.

Dulce sentiu o ardor que aquelas palavras provocaram, ela desviou o olhar dos dele na intenção de manter o controle, com peso soltou o ar dos pulmões e puxando mais uma boa quantidade tornou a encará-lo

-Nunca mais se refira a mim dessa forma, nunca mais ouse menosprezar o meu papel na vida dela. Enquanto você sequer sabia da sua existência, eu estive ao lado dela desde o princípio, desde o dia em que ela veio ao mundo. Eu a vi crescer, eu passei noites em claro, eu vivi os piores e melhores momentos dela, eu que estou educando e sou eu que a amo. Se tem alguém aqui que merece ser menosprezado esse alguém é você.

-Eu não fui um pai ausente porque eu quis, tem que me entender.

-Eu entendo até o ponto de você querer conhece-la, mas tirá-la de mim já foge da minha compreensão e em hipótese alguma eu irei permitir que isso aconteça.

-Então iremos brigar por isso.

-Você é quem sabe, se acha que tem garra o suficiente para lutar comigo, fique à vontade.

-Eu sou advogado senhorita, e por atuar nesse ramo eu conheço os melhores advogados da cidade do México e até de outras regiões.

-sério? Advogado? - Dulce riu em deboche – Eu sou milionária, posso contratar o profissional mais caro e renomado que você possa conhecer.

Dulce levantou, deu três passos em direção a porta e parou virando-se para Christopher que permanecia sentado e calado a observando.

-Pense bem se vai querer entrar nessa briga comigo Sr.Uckermann, sou mais forte do que aparento.

Ela virou-se de vez sentindo o ego se inflar diante do silencio de Christopher, ela desfilou até a porta e segurando a maçaneta se virou novamente para Christopher que permanecia no mesmo lugar.

-Nosso assunto por hoje se encerra aqui, amanhã mesmo levarei Luma para fazer o exame de DNA, se tiver um cartão com seu número para que eu possa entrar em contato eu agradeço. Após o resultado podemos discutir um pouco mais sobre isso.

Christopher a encarava agora com certo receio, além dos traços e curvas delicadas e pequenas, Dulce era mais forte do que fisicamente aparentava e agora ela havia colocado em pauta um forte ponto a seu favor, o fato de ser milionária, coisa que Christopher não tinha consciência em contar por sua casa simples e tradicional e sua condição financeira não era das piores mas não estava nem um pouco próxima a casa do milhão, Christopher sabia que esse era um fato importante no tribunal e que ele acabara de perder um ponto perante a lei mas ele evitou transparecer sua preocupação com isso, ele expos seu mais debochado sorriso de canto e levantando-se tirou do bolso um cartão jogou sobre a mesa de centro e caminhando a passos calmos até a porta aberta onde Dulce se encontrava parou de frente a ela disse

-Vai ser muito divertido brigar com você.

Direito de Amar   (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora