Capitulo Oito

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-Do que se trata?

Dulce ergueu a cabeça ao perguntar se mantendo em pé entre a porta e a batente mantendo-a o mais fechada possível contra seu corpo.

-O que eu tenho pra falar é um pouco delicado, creio que seria melhor que você estivesse sentada e digamos que não é um assunto que de para ser tratado desse modo – disse Christopher fazendo menção ao fato de Dulce bloquear a entrada de sua casa.

-Bom, eu não tenho todo o tempo do mundo então se realmente for importante é bom falar logo.

Christopher arqueou uma sobrancelha e indignou-se com o tamanho de sua teimosia .

-Eu insisto – tentou ele mais uma vez.

Dulce o encarou desconfiada por um bom tempo, não tinha costume de colocar estranhos dentro de sua casa mas algo nele e na forma como a olhava estava começando a deixa-la intrigada por se familiarizar com seus traços, vencida pela quantidade de tempo em que ele permaneceu imóvel a encarando ela acabou cedendo espaço para que ele entrasse, com um gesto com a cabeça ele agradeceu.

Dulce fechou a porta atrás de si e observou Christopher caminhar no rumo do sofá, olhando ao redor ele parecia procurar algo o que a deixou mais intrigada ainda. Christopher parou diante do sofá e olhou para Dulce.

-Posso? - pediu apontando para o sofá.

-Claro. - disse ela, Christopher sentou-se no sofá e ela caminhando na mesma direção sentou na cadeira acolchoada ficando de frente para ele. - e então, o que é tão importante assim que eu preciso estar sentada para ouvir?

-Você é irmã de Marina Saviñón não é mesmo?

-Sim – Dulce respondeu desconfiada.

-Então, não sei se ela já chegou a comentar sobre mim.

-Não que eu me lembre. Pode ir direto ao assunto?

Dulce novamente o viu arquear uma sobrancelha diante do que ela falara.

-Tudo bem – ele puxou uma boa quantidade de ar e apoiando os braços sobre as pernas esfregou uma mão na outra

-Há dois anos atrás fiz uma viagem a Cancun e conheci sua irmã lá. - Dulce prendeu o ar nos pulmões assustada e então o rosto familiar começou a lhe fazer mais sentido, se parecia com Luma.

Tentando não demonstrar suas emoções, Dulce assentiu com a cabeça aguardando que ele concluísse a história, assim ela saberia se bateria com o que sua irmã lhe contou.

-Estávamos em uma festa e naquela noite acabamos ficando, mas estávamos muito bêbados e não trocamos telefone, acredito que sequer sabíamos o nome um do outro e isso não importava até porque era Cancun e estávamos la para diversão.

Ele fez uma pausa para que Dulce pudesse absorver aos pouco tudo o que ele tinha para dizer, alem de tentar disfarçar, Dulce se mostrava bastante nervosa com o rumo que o assunto tomava e Christopher sabia o motivo.

-Mas há algumas semanas atrás eu recebi uma ligação informando que Marina havia engravidado e que eu poderia ser o pais da criança.

-Quem te ligou?

-Não sei ao certo, foi uma ligação anônima e já está sendo investigada.

-Então em breve irá descobrir que foi um trote, Marina faleceu quase dois anos atrás.

-Mas ela deixou uma filha – retrucou ele – Sobre seus cuidados. E isso explica a quantidade de brinquedo espalhado pela sala.

Christopher correu os olhos pelo local assim como Dulce que só então tomou consciência de que o ali estava repleto de brinquedos de Luma, percebeu então que mentir seria inútil.

-Onde ela está? - perguntou ele curioso.

-Não vai vê-la. - rebateu cruzando os braços.

-Olha, peço desculpa se a forma como cheguei te assustou mas acredite que foi melhor do que trazer meu advogado junto.

-Porque veio atrás dela?

-Porque é minha.

Dulce riu silenciosamente indignada com o que ouvira.

-Ela não é sua, e nunca vai ser. Luma tem família e é muito feliz e não precisa de você. - Dulce levantou-se caminhando em direção da porta a abriu olhando para Christopher em seguida.

-Como eu disse, eu não tenho todo tempo do mundo  então por gentileza trate de se retirar.

Christopher a encarou perplexo e negou com a cabeça.

-Espero que não se incomode, mas quero vê-la.

-Me incomodo sim, não vai vê-la.

O choro e um audível "mamãe" tomou conta do ambiente prendendo a atenção dos dois, Christopher virou-se na direção de onde o choro de Luma vinha e Dulce fez o mesmo, sabendo que não poderia demorar para ir até Luma.

-Não vai buscá-la? – Dulce voltou sua atenção para Christopher que apontava com o polegar para a direção em que se ouvia o choro, com a sobrancelha arqueada ele lhe transmitia o ar desafiador e um tanto quanto debochado

-Se eu pedir mais uma vez que você se retire, juro que sairá junto com a polícia.

Christopher a encarou por um momento, novamente Luma chamou por Dulce com um manhoso "mamãe", Christopher se levantou e buscando evitar um conflito maior caminhou em direção a porta.

-Eu vou só porque minha filha está te chamando e pelo jeito você não vai atendê-la enquanto estou aqui. Mas amanhã retornarei para concluirmos essa conversa e por favor não me faça apelar para a justiça, até amanhã senhorita Saviñon.

Christopher saiu deixando Dulce nervosa, aflita e trêmula, ao fechar a porta ela caminhou á passos rápidos até o quarto de Luma e pegou o  exato momento em que a menina tentava sair do berço e acabara ficando presa sobre a grade de proteção, a cena seria engraçada se Dulce não estivesse a ponto de gritar de raiva, ela a pegou no colo, Luma a abraçou  pelo pescoço deitando a cabeça em seu ombro.

Embalando de forma automática a sobrinha que agora não chorava mais, Dulce alcançou seu celular no bolso de trás de sua calça e discou o número de Christian sabendo que ele poderia ajudá-la no momento.

Direito de Amar   (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora