Capítulo Dezesseis

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Dulce e Christian prestavam atenção em tudo o que o advogado que fora contratado para trabalhar na causa de Dulce dizia, como prometido Christian conseguiu o melhor advogado da região que inclusive trabalhava para a empresa Mondelez á anos, além de sempre fazer trabalhos apenas para causas empresariais, Renato Cortez abriu uma exceção por se tratar de Dulce.

Dulce se lembrava de Renato sempre presente nos jantares de diretoria que acontecia em sua casa e ele acompanhou o crescimento das meninas de Fernando saviñón de perto por ser um grande amigo dele, ajudar Dulce nessa causa era sua obrigação pela honra e respeito que ele sempre teve pela família.

Dulce contou como tudo havia acontecido á Renato e ressaltou o fato de que no dia anterior ter permitiu que Christopher tivesse contato com a filha, o informando também sua falta de interesse quando ela tentou sugerir um acordo amigável, Renato ouvia tudo fazendo anotações e quando ela finalizou seu relato ele largou a caneta sobre o caderno onde escrevia e a encarou.

-Devo confessar que esse é um caso delicado, Dulce. Mas farei o possível para que você ganhe essa causa.

-Obrigada – ela sorriu sem vontade, na verdade ao relembrar de tudo Dulce sentiu aflição e agora segurava o choro preso na garganta.

-Tem mais fatores a seu favor do que a favor dele até onde eu sei. - Ele limpou a garganta antes de continuar – A guarda da menina está em seu nome desde o dia da fatalidade que aconteceu com Marina, sua condição financeira é excelente e com certeza será posta em pauta no tribunal, você tem tido êxito em criar e educar a menina e tem uma ótima conduta, não tem passagem na polícia nem sequer por uma multa de transito então isso tudo favorece muito o seu lado.

Dulce assentiu sorrindo com satisfação.

-Mas ele é o pai biológico da menina, não sabemos como exatamente é sua situação financeira, mas digamos que em uma fila para ver quem merece a guarda de uma criança, ele está na sua frente de acordo com grau de parentesco. Tecnicamente você vem após os avós.

-Quer dizer que eu só ficaria com a guarda de Luma caso Christopher e em sequência os avós de Luma a rejeitassem?

-Tecnicamente sim.

Dulce respirou fundo e olhou para Christian ao seu lado, ele franziu o lábio e a encarou com compreensão apertando com uma das mãos seu joelho.

-Como eu disse, farei o possíveis e até o impossível para que Luma não seja tirada de você, não vou te enganar, o processo não será rápido, há muito o que estudar o quanto mais provas tivermos de que você é uma ótima mãe para a menina melhor para a gente.

Dulce assentiu sem ter muito o que dizer então sua atenção se voltou para o celular que tocou em sua bolsa, ela o alcançou e ao ver que a ligação era de sua casa se levantou rápido temendo que algo tivesse acontecido com Luma.

-Preciso atender, com licença. - ela se afastou indo para um canto da sala e então atendeu.

"Dulce?" - ela ouviu Nany do outro lado da linha, sua voz era preocupada o que deixou Dulce mais aflita.

-Nany aconteceu alguma coisa?

"Fique calma, Luma está bem" - Dulce respirou fundo, mas franziu o cenho quando a mulher do outro lado da linha prosseguiu

"Mas apareceu um homem aqui dizendo ser um amigo seu, eu nunca o vi antes"

-o que? Como ele se chama?

"Christopher"

-Nany você não o deixou entrar, não é?

"Eu não deixei não" - ela se defendeu, Dulce respirou fundo, mas voltou a franzir o cenho quando ela continuou

"Mas a Luma quando o viu agarrou no pescoço dele e não largou até agora, ele é perigoso?"

Dulce soltou o ar dos pulmões esfregando uma das mãos na testa.

-Já estou chegando, fica tranquila.

Alguns minutos depois, Dulce entrou em sua casa como um furacão, Nany a encontrou na sala e apontou para o quarto de brinquedos de Luma de onde era possível ouvir as risadas dos dois, ela travou o maxilar e sentindo o sangue ferver de raiva caminhou em passos largos até onde eles estavam.

A porta estava aberta e Dulce deu de cara com Christopher sentado no chão com várias presilhas da menina presas em seu cabelo, Christopher virou-se em sua direção com o rosto todo pintado de maquiagem, a boca estava borrada com um batom vermelho, nos olhos uma sombra azul foi pintada de mal jeito, suas sobrancelhas estavam pretas de rímel e o blush cor-de-rosa gritava em sua bochecha, havia marcas de maquiagem em todo o carpete e Luma segurava a arma do crime, a embalagem –agora provavelmente vazia – de rímel, a menina ao ver Dulce parada na porta soltou imediatamente o rímel no chão e boquiaberta por ter sido pega no flagra levou as duas mãos à boca agora olhando para Christopher que a encarando curvou a boca para baixo como se dissesse que também estava encrencado.

A cena era engraçada e Dulce teve que manter todo seu autocontrole para não rir, porque todo o ódio que estava sentindo anteriormente agora se reduziu em uma proporção significante, mas ela sabia que não poderia se permitir cair na risada, ela tinha que colocar ordem em tudo.

-O que está acontecendo aqui?

Luma olhou para Dulce e com passos ligeiros e curtos correu até ela a abraçando nas pernas.

-Te amo, mamãezinha linda. -Dulce olhou para a menina que a olhava com os enormes olhos castanhos que suplicavam para serem compreendidos, Dulce mesmo sem querer fechou a cara para a menina e apontou para o lado de fora do quarto.

-Vá agora para Nany te limpar. - A menina não compreendida soltou-se de Dulce cabisbaixa e formando um enorme bico iniciou um choro sentido saindo desconsolada rumo a sala.

Foi possível ouvir ela dizer a Nany "a mamãe tá muito brava" de forma chorosa e com culpa, ela teve que se segurar mais uma vez para não rir e então encarou Christopher que agora estava em pé em sua frente.

-Quem te deu permissão para vir aqui.

-Eu estava com saudade e vim ver minha filha, eu não sabia que você não estaria aqui.

-Se não me viu aqui deveria ter ido embora.

-Eu juro que tentei, mas a Luma me agarrou e ameaçava chorar toda vez que eu tentava sair.

-E com certeza você se esforçou muito pra sair não é mesmo? - disse ela irônica cerrando os olhos, ele deu de ombros - Olha só pra você, parece um palhaço!

-Não me faça parecer ridículo

-Você está ridículo Christopher! - ela exclamou, ele cruzou os braços emburrado e ela sem suportar mais levou as duas mãos no rosto caindo na risada

-Por Deus, não dá pra levar isso a sério com você nesse estado. - Ela levou uma mão na barriga quando a sentiu doer de tanto rir.

-Luma manja da maquiagem não é mesmo? - ele se convenceu pela menina, rindo também

-Eu estou rindo, mas não tem graça - ela respirou fundo se recuperando do ataque de riso e quando olhou para Christopher segurou-se para não ter outro ataque - Vá se limpar por favor.

Christopher deu de ombros e saiu em direção ao banheiro, Dulce riu mais um pouco sentindo raiva de si mesma por ser tão fraca.

Direito de Amar   (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora