Vinte e Quatro

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Dulce fechou o zíper da mala que preparou para o final de semana quando ouviu a buzina tocar em frente de sua casa, Luma que estava agitada ao seu lado por já saber que iriam passear saiu correndo até a sala e Dulce respirou fundo torcendo para que não se arrependesse de sua decisão.

Antes que se esquecesse pegou as duas caixas de antialérgico que o médico receitou para ela no dia em que foi ao hospital, segundo o doutor, a alergia poderia ser controlada se ela tomasse um comprimido de manhã e um de noite e ela fazia isso sempre ao acordar e minutos antes de se deitar.

O filhote peludo brincava nos pés de Dulce quando ela se deu conta dele e teve que se equilibrar em apenas um pé para não pisá-lo, se acostumar com um cachorro em casa estava sendo uma tarefa difícil para Dulce, já que nunca teve que se preocupar com limpar xixi e coco espalhado pela casa, muito menos tinha consciência de que filhotes choram durante a noite toda e isso em uma casa com crianças era de fato o inferno na terra, as olheiras marcadas abaixo dos seus olhos deixava bem aparente as noites que passou em claro porque Luma não conseguia dormir por conta do filhote chorando e consequentemente ela também não dormia e todo esse caos a fazia lembrar de Christopher e na enorme vontade que sentia de enchê-lo de socos, ela respirou fundo mais uma vez quando ouviu sua voz adentrar a sala e logo em seguida o grito agudo e empolgado de Luma recebê-lo, neste exato momento ela estava completamente arrependida de ter aceitado o pedido dele.

Ela fechou os olhos puxando uma boa quantidade de ar enquanto erguia a cabeça o mais alto que pode e então soltando lentamente o ar ela fez uma prece.

-Deus por favor, se eu sobreviver a esse final de semana prometo que não te peço mais nada.

-Mentir é pecado, inclusive se você estiver fazendo isso com Deus – Dulce saltou no susto e abrindo os olhos mirou Christopher com Luma suspensa em um de seus braços, a mão livre segurava uma casinha móvel que Dulce imaginou ser para o cachorro, Christopher tombou a cabeça para o lado franzindo a testa.

-Está tudo bem? Parece cansada.

Dulce cerrou os olhos se perguntando se ele realmente falava sério ou se estava tirando sarro da sua cara.

-O que você acha? - ela bufou apontando para o filhote que agora estava deitado ao seu lado com as patas traseiras estiradas para trás e a barriga sobre o piso gelado – Essa bola de pelos não deixa ninguém dormir e a culpa é sua.

Christopher jogou a cabeça para trás rindo e Dulce calculou uma forma de atacá-lo sem que atingisse Luma em seu colo.

-Filhotes choram a noite, eu esqueci de te dizer, me desculpe por isso.

-Desculpe? Eu não quero "Desculpas"! Esse filhote é seu, você que deu então vai ter que arcar com as responsabilidades.

-Eu dei, mas tecnicamente o filhote é nosso, de nós três, infelizmente eu não posso fazer nada sobre o processo natural de adaptação dele.

-Compre um calmante, sei la!

-Pra ele ou pra você? - ele provocou segurando o riso.

-Eu vou te matar. Agora. Coloque a Luma no chão para que eu possa te matar tranquilamente. - Dulce disse tudo em tom calmo porem ameaçador.

-Tudo bem, me desculpe. - Ele levantou a mão que tinha a casinha balançando-a no ar. - terá paz esse final de semana, eu prometo, não ouvirá um gemido sequer vindo do filhote.

Mais tarde já dentro do carro á caminho da fazenda, Dulce repousou a cabeça no encosto do banco após certificar de que Luma dormia no banco de trás, tentou relaxar mas o choro fino e insistente do filhote em seu pé a impedia, ela franziu o cenho quando notou que Christopher saiu da estrada e estacionou o carro em frente a conveniência de um posto.

Direito de Amar   (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora