Capítulo Dois

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Na semana seguinte Dulce saiu com Luma até o centro da cidade em busca de uma imobiliária, entre um trocada de fralda e outra ela conhecia algumas casas menores do que a sua e também alguns apartamentos e se perguntou qual seria melhor para si no momento.

-Quer um conselho? - perguntou o corretor notando que sua cliente estava um tanto quanto insegura.

-Por favor – pediu ela quase em suplica.

-Pretende fazer mudanças futuras?

-Não.

-Então opte por uma casa, Apartamentos são mais aconchegantes e seguros, mas futuramente pode te trazer transtorno, sua filha ainda é pequena, mas quando crescer vai precisar de espaço para correr, brincar e se desenvolver.

Dulce sentiu um certo incomodo quando ele se referiu a Luma como sua filha, sentiu como se estivesse roubando o cargo de sua irmã e pensou em corrigi-lo mas lembrou-se do olhar que sua irmã lhe enviou naquela noite, o pedido silencioso para que cuidasse de Luma, que fosse a mãe que ela merecia ter. Ela não iria permitir que a memória da irma fosse perdida mas aceitaria esse novo cargo que recebera.

-Tem razão- Dulce mordeu o lábio inferior pensando dentre as opções de casa qual seria a melhor para si.

Após mais alguns minutos de conversa com o corretor, ela acabou fechando contrato com uma casa na região mais segura do México. A casa era bem menor do que a que ela morava no momento mas não deixava de ter seu luxo, tinha um design moderno com a fachada em tons de cinza e branco, uma área externa grande o suficiente para Luma se deliciar em brincadeiras sobre o gramado macio, uma árvore grande em um canto deixava o local mais vivo e transmitia frescor e calmaria, a interna da casa era dividia em cômodos de sala, cozinha, três quartos – que Dulce pensou em usar o terceiro para montar uma brinquedoteca para Luma, um dos quartos sendo suíte o que contabilizavam dois banheiros e dois closets contando com o do quarto de Luma, uma lavanderia e um espaço de lazer interno com vista para uma piscina que Dulce providenciaria de imediato um sistema de segurança para aquela região.

Dulce assinou o contrato de compra com o corretor e finalizou com um aperto de mão, Luma se deliciava de um sono profundo no bebe conforto suspenso pelo braço de Dulce.

***

Mais tarde Dulce passava pela porta automática da enorme e renomada Mondelez, multinacional na qual anteriormente seu pai e irmã tinham partes das ações e agora seria transferida a responsabilidade para si, caminhando até o elevador que a levaria ao último piso onde os acionistas e diretores atuavam ela sentiu um frio na barriga e insegurança, de tanto conviver com o pai e a irmã ela tinha algumas noções básicas sobre a função de um acionista em uma empresa e suas responsabilidades e a área administrativa não era o conflito maior em que ela se encontrava, na verdade seu medo era de não conseguir administrar uma empresa tão grande quanto seu pai e sua irmã.

Dulce respirou fundo quando o elevador parou e abriu a porta no ultimo piso, ela saiu antes que a mesma fechasse novamente, já estava familiarizada com o local já que sempre o frequentava a pedidos insistentes do pai, ele queria pôr tudo passar seus conhecimentos a ela e agora ela o agradecia em pensamento por sua insistência.

Ela sabia qual sala deveria ir, a sala de Enrique Puente um antigo e fiel amigo de seu pai e um dos três acionistas da empresa, ele iria oficializar seu direito na empresa tendo uma porcentagem exata das ações e de quebra Dulce tiraria mais algumas dúvidas com ele a respeito do seu cargo ali.

Diante da porta do escritório de Enrique, Dulce bateu três vezes com o punho fechado, aguardou alguns minutos até que a porta foi aberta e ela ser recepcionada com um largo sorriso de sua amiga.

-Any? - perguntou Dulce confusa, olhou a amiga de cima abaixo notando sua roupa social bem comportada, não era o estilo comum em vê-la trajando. - o que faz aqui?

-Oi pra você também, Dulce – any resmungou revirando os olhos e lançou os braços envolta de Dulce abraçando ela e Luma de uma só vez.

-Iti malia – any afinou a voz ao mirar Luma que estava com os olhos bem abertos e atento a tudo ao seu redor – A titia ama tanto! Vem! -sem espera ela tomou Luma dos braços de Dulce e a aninhou em seu colo cheirando o topo de sua cabeça - Ah cheirinho de neném é tão bom.

-Seu pai está ai? Eu agendei uma reunião com ele hoje.

-Bobinha, meu pai sou eu. - Dulce tombou a cabeça para o lado franzindo o cenho, Any bufou pela lerdeza da amiga e abriu espaço para que ela entrasse na sala.

-Meu pai está de férias, eu estou cuidando da parte dele na empresa.

-Sério? Que corajoso – Brincou Dulce e riu ao receber um olhar fuzilante de Any.

-Posso ser meio maluca, mas sou muito responsável e você sabe disso, meu pai não me deixaria aqui se não fosse assim. Inclusive o lucro da empresa subiu de forma significante desde que estou no comando e a senhorita vai ganhar uma porcentagem disso então não duvide da minha capacidade.

-Não está mais aqui quem falou – Dulce levantou as mãos para o alto em redenção com um sorriso irônico em seu rosto, ela se sentou no sofá no canto da sala enquanto Any andava de um lado para o outro balançando o corpo.

-Hum, por que ela não dorme? - ela perguntou intrigada.

-Porque ela não está com sono – Dulce deu de ombros.

-Nenhuma criança dorme no meu colo. - disse ela frustrada.

-Talvez porque eles sentem a agitação que você transmite, inclusive se alguém me balançasse dessa forme eu aprenderia a falar só pra dizer "ficou maluco? Diminui essa tremedeira ai cara".

Any riu da palhaçada da amiga e vencida sentou-se ao lado de Dulce segurando Luma sentada de frente para si.

-Então, porque não me contou que está no comando?

-Primeiro eu estava me acostumando com todo esse sistema e depois aconteceu tudo o que aconteceu contigo e eu não quis te encher com esse assunto, sabe, não era o momento.

-Entendi.

-E como você está?

-Melhor agora, mais conformada com tudo. Luma tem me dado muita força

Any assentiu sem saber exatamente o que falar mas sabia que estar presente era a melhor coisa que a amiga precisava e ela esteve na medida do possível. Any mirou com mais atenção Luma, observou seus detalhes e então tirou a conclusão.

-Luma é linda, mas não se parece muito com a Mari.

-É eu sei. - Dulce concordou e de fato a menina herdara poucos traços da mãe, ela tinha uma ralha cabeleira loira, os olhos castanhos claro tinham o formato que não era família para Dulce, cílios e sobrancelhas finas e uma boca tão vermelha quanto carnuda, nada daquilo pertencia a família de Dulce, mas o queixo fino e o rosto levemente arredondado lembrando um coração, a testa pequena e o nariz arrebitado traziam lembranças de sua irmã.

-Ela com certeza se parece muito com o pai. - concluiu Any

-Provavelmente.

-Ele nunca deu as caras, não é?

-Ele nem sabe que tem uma filha. - Dulce deu com os ombros - não o culpo, mas também não o quero por perto. Está tudo bem assim, seja la quem ele for, nunca saberá que tem uma filha e nunca virá nos perturbar.

-Tem razão. Algumas coisas têm que acontecer porque tem que acontecer.

-Profundo e redundante Any - Debochou Dulce.

Direito de Amar   (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora