Dirty Love

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*Flash back on*

- Não! Não! Eu imploro! Não faça isso! Por favor, tenha piedade! - Podia ouvir minha melhor amiga, Samantha, gritar, com uma certa angústia em sua voz. Escuto um barulho alto, como se ele a tivesse empurrado. Consigo conter meus gritos de pavor, que são cobertos por minhas mãos. Vejo que ela passa a me encarar com aqueles olhos que diziam socorro, uma lágrima escorria de seu olho. O garoto abafa o som dos gritos de Samantha com um travesseiro, ele fazia uma grande força para continuar em cima dela.

Lágrimas de puro medo escorrem de meus olhos. Nenhum movimento vinha dela depois de algum tempo. Ele tira o travesseiro de seu rosto e percebe a sua feição de pavor, mas nada vinha dela. Ele rapidamente sai de cima dela. Ela estava morta, uma garota inocente foi morta. Grito e então ele se vira em minha direção e alterna seu olhar entre eu e ela. O garoto abre a porta da varanda e me puxa para dentro.

- O que você viu? Hein? Me diz! - Ele grita, com suas mãos puxando meu pulso. Sentia que um nó se formava em minha garganta, e meu estômago embrulhado de pavor. As palavras simplesmente não saiam. Ele aperta meu pulso ainda mais.

- Vou repetir minha pergunta, o que você viu? - Ele grita.

- Nada! Nada! Eu não vi nada! Por favor, não... Não faça nada. Eu juro não contar! - Falo, e então ele me solta.

- Você fica aqui. - Ele diz.

O garoto embrulha ela nos cobertores da cama. Ele vem em minha direção e me puxa até a sacada, me prendendo no corrimão dela, com um lençol, dando várias voltas, ele então amarra minha boca e pernas. Vejo ele pegar Samantha por cima dos ombros e pular sobre a sacada, que, se não me engano, estava no primeiro andar. Fico encolhida na sacada, chorando até todo o medo se esvair. Pensando se o mesmo aconteceria comigo. Cada minuto de ansiedade mais parecia um ano.

Cerca de umas duas horas depois, a porta se abre e então o garoto entra, fecha a porta e a tranca novamente. Ele anda de um lado para o outro, então me solta e me empurra bruscamente para a cama. Ele tira minha mordaça e olha bem nos meus olhos. Continuo a chorar e então percebo que estava tremendo.

- Você vai ficar quietinha. Nem uma palavra sobre isso, haja como se nada tivesse acontecido, ou coisas parecidas podem acontecer com você.

- Ta bom... Ta bom. Nada aconteceu, nada. - Falo evitando seu olhar sobre mim.

E assim, descubro que Cameron Dallas não era quem parecia ser.

*Flash back off*

Sou então acordada de meus pensamentos por Kendall.

- Hey! - Ela diz se aproximando animadamente.

- Hey! - Respondo com um sorriso.

- Preparada para o primeiro dia de aula?

- Na verdade, não. - Falo andando até a porta de entrada. Esbarro com o peitoral de alguém. Olho para cima e encontro olhos castanhos, só então percebo ser Cameron.

- De-desculpa... - Falo olhando para o chão, e me afastando. Sinceramente, sinto arrepios quando olho para ele, vejo dentro daqueles olhos, lembranças que qualquer um gostaria de esquecer.

- Não tem problema... - Ele diz também se afastando.

Já havia se passado um mês desde o assassinato de Samantha Bates. Uma garota que tinha a vida que sempre desejava, uma vida feliz. Popularidade era tudo para ela, mas era também uma grande amiga... Mas enfim, até hoje dizem não ter encontrado o assassino, algo que eu sabia e deveria manter em segredo até a minha morte.

Depois de algumas aulas algum monitor qualquer entra em nossa sala.

- Bom. Como vocês sabem... Hoje faz cerca de um mês desde que uma das alunas faleceu... E como muitos eram próximos decidimos fazer um memorial em sua honra. No pátio do colégio, esse sábado as 20 horas. - Ele diz, e com isso todos ficam em um silêncio um tanto quanto perturbador.

*Sábado*

Coloco meu vestido preto, que nunca pensei que usaria para isso algum dia. Caminho dificilmente com meu salto pela grama do campo. Percebo várias outras pessoas caminhando para lá também. Chegando lá vejo um pequeno muro, com várias e várias fotos de Samantha. Minhas amigas choravam desesperadamente, e outras colocavam flores entre algumas fotos, a Sra. Bates se destacava entre as garotas, ela chorava mais do que qualquer uma lá, juntamente com seu outro filho. Começo a chorar também.

Já estava de noite quando distribuíram velas para todos de lá. Algumas de nós lemos algumas coisas sobre ela, mas então um movimento a minha direita chama minha atenção. Olho em direção ao outro lado do campo e vejo uma pessoa cambaleando para os lados com uma garrafa em sua mão, mas não reconheço quem é. Entrego minha vela a uma outra garota. Caminho até a pessoa lentamente. Chego mais perto e ele nota minha presença, ele se aproxima e me puxa pela mão para um local mais afastado.

- Oi... - Ele diz, e no mesmo instante reconheço sua voz. Tento me afastar.

- Não, não, não. - Ele diz me segurando. Começo a gritar e faço força para me soltar dele, mas Cameron tampa minha boca, me pega e me carrega pelos ombros com suas mãos geladas entrando em contato com minhas pernas. Bato em suas costas, mas não faz diferença nenhuma. Ele me solta depois de algum tempo, olho em volta e percebo que estamos em um tipo de clareira, ela era clara o sufuiciente para eu o exergar, que era dentro de uma parte da floresta que cercava o campo do colégio. Dali era possível ver as velas no campo.

- O que foi? - Pergunto.

- Você que me mandou aquela mensagem? - Ele diz bêbado e cochichando.

- O que? Que mensagem? - Falo baixo, cruzando meus braços graças ao frio.

- Não mente pra mim. - Ele diz começando a ficar estressado.

- Eu não sei do que você ta falando! Que mensagem é essa?

Ele me entrega seu celular, percebo que Cameron andava de um lado para o outro.

" Quase um mês não é?"

Observo a mensagem por um longo tempo. Até que devolvo seu celular.

- Merda. Você contou para mais alguém? - Ele pergunta furioso e se aproximando lentamente. Sinto o mesmo medo que senti naquela noite.

- Não, não contei para ninguém. - Falo apavorada. Cameron estrala sua mão e se aproxima de mim. Ele hesita, até que desiste de fazer algo que pretendia fazer.

- Não sei o que você deveria fazer. Além do mais, você que decidiu matar ela, agora irá arcar com as consequências disso... - Cochicho me virando. Suas mão frias prendem meu ombros, ele me vira e diz:

- Porra! Todos tem seus motivos, todos tem...

- Tudo bem, agora se você não se importa, eu tenho que ir para o memorial dela. - Falo tirando seus braços de mim.

- Tudo bem, tudo bem. - Ele diz, praticamente se jogando na terra. Olho para ele por um instante e mordo a parte interna de meu lábio.

- Levante-se. - Falo mexendo minhas mãos. Ele se levanta rápido e me olha.

- O que você vai fazer?

- Vou te deixar em casa, se alguém te pegar assim no colégio, você ta fodido, e além do mais, é provável de você falar para alguém. - Falo, o que faz ele gergalhar. Percebo que pessoas olham para a floresta. Tampo sua boca rapidamente, sinto seu bafo quente em minha mão gelada, o que fazia um formigamento em minha mão. Seus olhos castanhos passam a me encarar, então sinto que um sorriso se forma em sua boca, ele lentamente tira minha mão de sua boca.

- Vamos? - Pergunto me virando.

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