Norman Bates normal guy

1K 69 1
                                    

Já era hora do intervalo e uma multidão se seguia em direção ao refeitório do colégio. Fiquei mais para trás dessa vez. Caminho pelo corredor já vazio até que uma porta chama minha atenção, estrondos vinham dela, vou em sua direção e antes que pudesse tocar na maçaneta ela se abre, de lá sai Cameron e Alyson, ambos com a respiração ofegante, observo atenta para eles e vejo marcas no pescoço de Cameron. Não consigo conter minha feição de nojo e então saio correndo de lá em direção ao refeitório.

Passo pelo refeitório e saio de lá para o campo do colégio, alguns garotos jogavam futebol e algumas pessoas estavam na arquibancada, conversando e rindo exageradamente. Vou até o primeiro degrau da arquibancada, me sento e então observo o jogo de futebol.

Depois de 15 minutos o sinal toca e todos deixam de fazer o que estavam fazendo para voltar para as salas. Sem vontade nenhuma de ver a cara de Alyson ou Cameron, caminho para trás da arquibancada, onde ninguém passava, coloco minha mochila na grama e me deito, observando os raios de sol que passavam pelos finos buracos entre os degraus da arquibancada. "Por que você ta brava com ele Heather? Você nem ficou com ele direito..."

Fecho meus olhos na esperança de dormir. Respiro fundo e em alguns instantes pego no sono.

Sou acordada por algum barulho, algo batendo contra a arquibancada, abro meus olhos devagar e vejo a sombra de alguém, na minha frente. Ele sorria, abro meus olhos mais ainda na esperança de reconhecer, vejo então ser o irmão de Samantha.

- É... Norman. Certo? - Pergunto me sentando.

- Certo. E você... Espera, não me diz. Heather? - Ele fala apontando para mim.

- Certo. - Sorrio. Norman se senta.

- Você sabe que o certo seria eu te dedurar não é? - Ele diz risonho.

- Sei. Mas, então eu pergunto, o que você ta fazendo fora da aula?

- Nesse instante, eu estou no banheiro.

- Opa, pelo jeito não. - Falo logo depois rindo.

Norman era um garoto muito quieto, sempre que ia na casa de Samantha, ele ficava trancado no quarto, trocava poucas palavras com as pessoas. No colégio então, nem sequer havia percebido sua presença antes. Ele me parecia um pouco sínico, sinistro, algo do tipo, não por sua aparência, para falar a verdade, considero ele um menino bonito, tinha o cabelo castanho e os olhos esverdeados, sua boca um pouco fina, mas não o bastante para ser feia e era branquelo. Continuando, sua personalidade em si era meio sinistra.

- Não tive chance de falar com você depois do que aconteceu... - Falo.

- Ah... - Ele diz, deixando transparecer a tristeza.

- Ei. Não vou dizer que vai ficar tudo bem, por que, já passei por isso e pode confiar em mim, ouvir as pessoas dizendo que vai ficar tudo bem, só me dava vontade de estourar o crânio delas, sabe?

- Sei. - Ele diz arrancando alguns fios de grama.

- É como se elas não entendessem o sofrimento que nós e a nossa família sofreram.

- Eles acham que entendem, mas, sinceramente, não entendem nada, pois, não estavam tão próximos da vítima quanto eu, não sofreram o que eu sofri até os ossos. - Ele diz logo após alguns instantes em silencio, tirando tudo da sua boca - só queria me esconder do mundo, onde ninguém me veja, ou me conheça, um lugar longe daqui.

- Uau. - Falo observando o quanto que ele conseguiu tirar de si, se ele não botasse pra fora, não sei como agüentaria - Isso aí, coloca tudo pra fora.

- Sabe, eu nunca pensei que isso algum dia fosse acontecer... Em um dia ela ta lá, em casa, normal e no outro é encontrada morta em uma caçamba de lixo. O pior é ver pessoas que nunca tinham trocado nenhuma palavra com ela se lamentarem. - Norman diz, começando a ficar vermelho, seus olhos brilhavam. Bato minha mão em suas costas e em um impulso, abraço ele forte, sei o quanto ele estava precisando disso agora. Percebo que Norman chorava baixinho, passo minha mão por sua cabeça e bato amigavelmente com a outra em suas costas. Ele se desfaz do abraço com lágrimas em seu rosto.

- Eu... Eu tenho que ir agora... - Norman diz se levantando e limpando as lágrimas - se não vão começar à desconfiar de alguma coisa - ele diz tentando parecer menos triste com um sorrisinho.

- Tudo bem... Tchau Norman.

- Tchau. - Ele diz saindo de baixo da arquibancada e me deixando apenas com o barulho de pássaros cantando na floresta do campo.

Pego meu celular e vejo que faltava menos de uma hora para a aula acabar, aproveitando isso, deito e tento dormir novamente.

Dirty LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora