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Chego em casa, abro a porta e vejo um bilhete na bancada.

"Viajei a negócios, volto a noite, fui com uma carona, então use o carro só quando for urgente. Beijos te amo"

Olho para aquele bilhete e então vou até a cozinha, pegando uma fatia de pizza e esquentando-a no microondas. Sento na bancada e então acabo a pizza. Lavo meu prato e deito no sofá, mudando de canal até achar algo que me interesse. Só então a conversa que tive com Cameron veio à tona.

"...tenho que te falar algumas coisas que você deveria saber...", essa frase martelava em minha cabeça a cada segundo. Não pude agüentar, então desliguei a televisão. Me levanto e vou até a bancada onde ficam as chaves, pego a chave do carro de meu pai e saio, trancando a porta de casa.

Dirijo até a casa de Cameron, desço do carro e novamente, olho aquela casa gigante. Caminho até a entrada e toco a campainha. Escuto alguns berros lá dentro e então a porta se abre, Nash estava parecendo mais estressado do que nunca, ele se esforça para um sorriso sair de sua boca.

- Oi, entra aí. - Ele diz abrindo a porta. Entro e ele fecha a porta, Nash me guia e depois de algum tempo chegamos a uma sala de televisão. Cameron estava jogado no sofá, concentrado em seu jogo no PlayStation, que o som a cada tiro era alto o suficiente para estourar meus tímpanos. Nash se senta no sofá. Só depois de alguns segundos Cameron nota minha presença, ele olha para mim e se levanta.

- Quer saber das coisas? - Ele pergunta.

- Na realidade quero o meu brinco.

- Beleza, então vem aqui. - Ele diz saindo da sala e fechando a porta atrás dele. Sigo ele até um tipo de escritório, quase completamente empoeirado. Ele vai até uma estante e pega meu brinco, me entregando, logo depois, ele pega uma foto, observo e vejo ser três homens, cerca de vinte anos, Cameron me entrega a fotografia e então aponta para o cara do canto esquerdo.

- Esse é meu pai, o do meio é o pai da Samantha e... - Interrompo ele:

- O outro é o meu pai.

- Sim.

- Mas, o pai da Samantha? O que? - Falo confusa.

- Nossos pais e o de Samantha eram, tipo, melhores amigos desde o colegial, foram pra faculdade e tudo mais, então, o pai de Samantha ganhou na loteria uma certa vez e o meu pai tava na merda, falido e tinha uma mulher e um filho pra cuidar, então meu pai pediu um empréstimo pra ele, a gente investiu tanto nesse dinheiro, com empresas, que eu poderia estar cagando dinheiro agora, mas então o pai da Samantha foi acrescentando juros, e mais juros, até que meu pai disse ter sido roubado.

- Como assim? Roubaram?

- É. Roubaram.

- Mas seu pai tinha pedido empréstimo de quanto?

- Cerca de 500 mil, com o investimento a gente ficou com cerca de 3 milhões.

- Wow. - Falo incrédula - E vocês foram simplesmente roubados?

- Palavras do velho, sobrou 1 milhão dos três, mas duvido muito ele ter sido roubado, ele é orgulhoso demais para pagar as dívidas.

- Entendi, e o que o meu pai tem com isso?

- É que ele sempre apoiou meu pai, deixando o pai da Samantha com raiva o suficiente pra desconfiar que o seu pai tava escondendo os 2 milhões. - Ele diz isso me deixando chocada. Entrego para ele a fotografia e me sento no sofá, abalada.

*flash back on*

Samantha já estava me irritando, ela vinha aqui todo o fim de semana por causa do trabalho de seus pais. Sempre que sentamos pra jantar ela pergunta do trabalho do meu pai, certo dia, a peguei olhando gavetas no escritório dele, procurando alguma coisa.

*Flash back off*

- Durante todo esse tempo, ela nunca foi minha amiga de verdade... - Falo.

- Como assim?

- Ela só ia lá em casa pra ver as coisas do meu pai, ver se tinha algum registro de conta bancária, só pode ser isso. - Falo, deixando um silêncio. - É tudo mais claro agora.

- Minha mãe acabou fugindo com outro. - Cameron diz normalmente, se sentando no meu lado. Olho para ele.

- Ela fugiu por causa de tudo isso?

- Sim. Ela sabia que um dia algo ruim aconteceria, e ela estava mais do que certa. - Ele diz me encarando. Ainda continuo incrédula, começo a chorar, por saber uma desgraça dessas, saber sobre isso de um assassino, e não do meu próprio pai, além de que minha amizade de infância, não havia sido verdadeira. Sinto braços envolverem minhas costas.

- O que você está fazendo?

- É. Abraçando você? - Ele pergunta irônico. Me desfaço do abraço o mais rápido que posso. Sem coragem de olhar para ele. Me levanto e saio de seu escritório. Olho para os lados, sem saber ao certo onde era a saída.

- É só você ir a direita e virar a esquerda que você vai chegar na sala de jantar. - Cameron cochicha atrás de mim, me fazendo estremecer.

Faço o que ele havia dito e então acho a saída. Vou até meu carro. Dirijo até em casa. Abro a porta e então sou surpreendida por meu pai.

- Filha! Onde você tava? - Ele pergunta me abraçando. Me desfaço do abraço.

- O que foi? - Ele pergunta.

- Nada pai! Não foi nada!

- Foi sim, agora você tem que me contar.

- Você não acredita que estamos seguros não é?

- Seguros do que?

- Você sabe do que eu estou falando... - Falo, passa-se um longo tempo de silêncio, ele parecia nervoso.

- Como você soube?

- É...

- Foi o filho daquele imprestável não foi? - Ele pergunta nervoso.

- Como assim?

- O tal do Cameron.

- É. Foi ele sim. Mas ele não tem culpa nenhuma se o meu próprio pai não me conta!

- Filha... É complicado...

- Não me parece tanto assim. - Falo me virando e indo até a escada.

- A sua mãe... - Escuto ele dizer, me viro, interessada.

- O que tem ela? - Ando em sua direção.

- Lembra que eu disse que ela havia sofrido um acidente?

- Sim...

- Na... Na realidade ela foi assassinada. - Ele diz - Os capangas do pai da Samantha tavam atrás de mim, achando que eu tava com os 2 milhões.

Me viro e subo as escadas, indo até meu quarto. Tranco a porta e então deito em minha cama, com o mundo parecendo que estava dando voltas, de repente as coisas vão ficando pretas até eu não enxergar mais nada.

No outro dia escuto batidas em minha porta, acordo e então me levanto, caminho até a porta e me escoro nela.

- Filha? Você tem que ir para o colégio.

- Não pai, por favor. - Falo implorando, com a mínima vontade de sair de casa. Não escuto mais nenhuma palavra, apenas passos se afastando. Vou até a minha cama e me deito.

Dirty LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora