Segredos

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Posso segurar meu fôlego

Posso ficar acordada por dias

Posso fingir um sorriso

Posso forçar uma risada

Posso dançar e interpretar o papel

Posso funcionar

Ser uma boa máquina

Posso segurar o peso de mundos

Mas sou apenas humana

-Human, Christina Perri


-Renesmee

Eu não sabia onde estava, mas estava confortavelmente aquecida e havia um som que eu amava, ele era constante e ecoava à minha volta. Tudo o que eu sabia é que significava alguma coisa boa, estava ali desde sempre e a sensação era agradável. Havia outros sons dos quais eu gostava e uma parte de minha mente reconheceu o sentimento como amor; outra parte, a parte mais imersa no sonho, estava intrigada com outro som, um que não estava ali sempre. A parte distante de minha mente soube que eram vozes. Vi-me presa num momento muito longo, onde um dos sons que reverberavam por mim estava presente, e fora, outro contrapunha.

Os sons soavam distintos, mas ambos pareciam trêmulos e ecoantes, eu não entendia, mas senti algo intenso, me deixava inquieta e... triste. A parte mais ciente de minha mente entendeu que era uma lembrança, algo específico, algo como um embate, uma discussão. E então eu me vi tentando decodificar aquilo, me dando conta, como raramente acontecia, de que estava sonhando. Minha mente vasculhou e mergulhou em si mesma até encontrar a saída e despertei ofegante em meu quarto escuro, ressentida como se alguém tivesse me dito coisas horríveis... Estava confusa, deturpada pelo sono. Lutando para acordar completamente e afastar aquelas sensações.

—Está tudo bem?_ meu pai murmurou rompendo o silêncio noturno enquanto vinha como um fantasma até minha cama.

—Está_ respondi com um suspiro, sabendo que ele sabia o que havia me acordado. Edward deitou comigo, uma mão apoiando a cabeça e a outra me envolvendo.

—Esses sonhos... Acho que são lembranças_ murmurou.

—Eu também acho, só queria entender porque me perturbam tanto.

—Você sente o que sentia por meio de Bella, querida. Foi uma gravidez conturbada, muitos momentos tensos_ eu assenti, eu sabia. Isso fazia algum sentido.

—Volte a dormir_ sussurrou e cantarolou baixinho minha canção de ninar, fechei os olhos vendo de relance uma sombra à porta de meu quarto, podia apostar que era minha mãe.

***

Hoje era minha formatura, graças aos céus! O último semestre na escola havia sido um tédio, sem Hannah e meus familiares, uma vez que eles se formaram semestre passado.

Eu estava exultante por ter ganhado a Ferrari de Bella, a que meu pai deu para ela logo depois que casaram. Ela pouco usava e sabia do apresso que eu tinha por aquele automóvel, especificamente. Eu havia me inscrito para algumas universidades e não tinha ideia do que queria cursar primeiro, afinal, não era como se eu estivesse decidindo o que fazer pelo resto de meus dias infinitos.

Queria muito que Hannah estivesse passando por isso, angustiava-me o tempo passando quando pensava nela. Havia vivido tão pouco, ainda menos que eu; não frequentava festas antes do acidente, não tinha amigos, tão pouco foi beijada alguma vez. Hannah não tinha passado por experiências humanas tão válidas e importantes estando presa a sua mágoa e trauma. Eu esperava fervorosamente que ela despertasse.

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