Reconhecimento

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"O olhar terno deseja que

Aquele momento seja eterno.

Daí o seu cuidado, a voz que

Fala baixo, a mão que tateia,

O mover-se vagaroso

Para que o encanto da

Imagem não se quebre..."

-Renesmee

—O que faz aqui?_ perguntei fechando a porta atrás de mim, minha voz soando mais suave do que eu pretendia depois de ouvir 20 minutos de conversa fiada entre Jacob, e cinco humanas atiradas, muito interessadas em cada aspecto da vida de Jacob. Mas como elas não tinham motivos dizíveis para ficar mais, deixei claro que tinha compromisso agora.

Vim ver você_ respondeu com naturalidade sustentando meu olhar. Ainda estávamos parados entre a sala e o pequeno hall de entrada. O bolo ainda em suas mãos.

—Isso é...

—Gentil_ sugeriu com um sorriso acalentador.

—Estranho_ falei enquanto fazia um coque no cabelo, tentando encontrar um caminho confortável. Ele sorriu:

—O que há de estranho na visita de um amigo íntimo da família?

Mordi o lábio, constrangida, ele estava me provocando. Tentei relaxar e ser a mesma que fui quando ele veio à minha casa na primeira vez, a mesma que lhe perguntou se queria conhecer meu quarto, mas isso parecia tão distante agora, como se eu fosse outra pessoa naquelas horas que passamos juntos. Não dava para ficar tão confortável assim! Ele ergueu novamente a caixa de bolo, dei um passo pegando-a de suas mãos e murmurando um agradecimento.

—Seu preferido. Disseram.

—Ah. Disseram?_ interpelei gesticulando para que viesse comigo até a cozinha.

—Sim. Conversei com sua mãe_ e acrescentou depois de um segundo: —E com seu pai.

—Meu pai?_ senti o estômago congelado por um momento enquanto colocava o bolo sobre o balcão. Virei-me para encará-lo, parado na soleira da porta da cozinha, as mãos nos bolsos.

—Achei melhor deixar as coisas claras, por via das dúvidas.

Ergui as sobrancelhas e relutei, temendo a resposta, mas por fim:

—Que coisas?

Ele riu, despreocupado.

—Vamos lá, Renesmee... Não haja como se não nos conhecêssemos. Não peço que se jogue em meus braços, a não ser que você queira, apenas que seja você mesma comigo. Não vou fazer nada que a incomode, prometo_ ele mostrou vagamente o dedo mindinho. —Só... Quero estar perto. Não sabe como foram difíceis essas duas semanas, não sabe o alívio que sinto ao vê-la_ seus olhos escuros indo da tristeza profunda à ternura aguda ao sustentarem os meus.

Respirei fundo virando-me para o bolo sobre o balcão, em seguida indo para trás dele sentindo que seria educado e desanuviador nos servir de bolo.

—Sente-se_ falei enquanto pegava uma espátula, gesticulando vagamente para o banco do outro lado do tampo de mármore. Ele se moveu quase silenciosamente e sentou-se, uma expressão satisfeita no rosto.

—Seu compromisso era de verdade ou só uma desculpa para enxotar suas amigas?

—Verdade. Preciso fazer faxina: limpar cantos, aspirar o pó... Sabe como é!

DuskOnde histórias criam vida. Descubra agora