Que droga foi essa?!

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"Esqueça essa vida

venha comigo

Não olhe para trás, você está a salvo agora

Destranque seu coração

abaixe a guarda"

-Anywhere, Evanescence 


   -Jacob

O lugar parecia vazio, fantasmagórico com os lençóis cobrindo móveis enquanto eu olhava, procurando minha última lembrança naquele lugar: a mulher moribunda e retorcida numa procriação doentia não estava ali. Não havia som algum além do eco sussurrado de minha respiração, mas os cheiros antigos dos habitantes estavam vívidos e feriam meu nariz. Havia uma voz murmurando uma canção em algum lugar, eu não reconheci a voz, mas instintivamente pensei em Bella. Caminhei pela sala ampla tentando descobrir de onde vinha o som, quando pensei que vinha do andar de cima, para onde me dirigi, mas então o sussurro choroso chamando meu nome ecoou.

—Bella?_ eu chamei. Tudo se desfez e refez e eu me vi no quintal diante da ambulância que a levaria, debilitada, para longe de mim... A porta foi fechada e o carro partiu. _Bella!

—Acorda, Jacob!_ voltei aos poucos para o presente. Anne estava ao meu lado, inclinada para mim, tocando meu rosto. Seu cheiro puro e humano foi um bálsamo para a lembrança ardente do cheiro doce e frio de vampiros... Suspirei afagando sua mão.

—Quem é Bella?_ sua voz cortou o silêncio da noite.

—Bella?_ murmurei atordoado, só então lembrando a outra parte do sonho... Porcaria de sonhos idiotas!

—Tudo bem _ murmurou_ voltando a deitar e se aninhar a mim _Conversamos depois_ ela beijou meu pescoço, de uma forma que sabia que eu gostava; arquejei, minhas mãos buscando entre os lençóis a sua pele, trazendo-a para mim.

*

—E então, quem é Bella?_ demandou Anne ainda deitada na cama enquanto eu me trocava depois do banho matinal.

Olhei-a por um segundo, antes de dirigir mais atenção à escolha das roupas que usaria hoje.

—Então você me diz que é um lobo gigante nas horas vagas, mas não pode dizer qual o lance com essa tal Bella?_ não disse nada, tentando não ficar irritado; eu sabia que ela tinha direito de saber, se queria saber, mas eu queria falar? Queria que ela soubesse?

—É a filha do Chefe, Swan, não é?_ insistiu ela. Soltei o ar numa baforada.

—Vocês foram namorados ou o quê?_ continuei em silêncio começando a me vestir. Ela se moveu com irritação. Percebi todo o movimento e peguei o travesseiro no ar antes que me atingisse e virei-me para ela.

Algo em mim a fez vacilar, mas Anne logo assumiu aquela postura durona, a mesma do dia em que a conheci.

—Vai me ignorar, Jacob?_ disse ela ajoelhando-se na cama, de forma a ficar mais alta, as mãos na cintura.

—Sim, Anne, é a filha de Charlie_ joguei o travesseiro na cama, tentando não parecer tão aborrecido quanto estava, e continuei me vestindo sem querer me atrasar, tinha muito trabalho hoje.

—E isso é só a ponta do ice Berg..._ murmurou, seus olhos como agulhas perfurando minha pele. _Qual é Jake?! Qual o problema em conversar comigo? Diga-me, ela não foi só uma paixonite adolescente. Vejo como você fica quando o Swan faz qualquer menção a ela e você sonha com ela. Não é a primeira vez que você a chama.

DuskOnde histórias criam vida. Descubra agora