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Johnny /On

- Eu não posso denunciar o meu próprio pai - repetia pela enésima vez

- Johnny não é questão de poder, é questão de dever - a conselheira falará - Você quer continuar vendo sua mãe apanhar?

- Como você… - me recompus - Quero dizer quem disse que minha mãe apanha?

- Ela já o denunciou, vai negar as palavras de sua própria mãe? Vai deixar um agressor permanecer impune? - a conselheira continuou

- Eu preciso falar com minha mãe - permaneci imutável

- Nós nunca iríamos mentir para você, Johnny - a diretora se pronunciou

- Eu não estou dizendo que vocês mentiriam para mim, eu apenas não quero ferrar com meu pai - falei

- Eu juro que entendemos você, mas tem que fazer sua parte, apenas queremos saber se tudo é verdade, se você e sua mãe mais tarde chegarem ao consenso de não falar nada, iremos entender - a conselheira disse

    Então eu desabei, pus minha cabeça entre as mãos e repirei fundo. Contei, contei tudo, sobre as agressões, tanto em mim quanto em minha mãe, não sofriamos apenas agressões físicas, as verbais ainda eram mais recorrentes.

     Logo depois de falar, a diretora me conduziu até seu carro, alegando que iríamos para a delegacia.

- Sua mãe está lá, com o advogado - Ela disse antes de ligar o automóvel, eu apenas assenti em silêncio, colocando o sinto de segurança no banco de passageiro

     Ao chegar na delegacia havia um tumulto maior que o esperado, alguns rostos me eram familiares, como o do Hendery, irmão mais novo do Chittaphon, o olhei com pesar e ele me retribuiu com retinas repletas de ódio.

- Venha querido -  a diretora me chamou para entrar em uma sala

    Fui surpreendido por um abraço, minha mãe havia se agarrado à mim como se sua vida dependesse disso.

- Vai ficar tudo bem - eu falei acariciando seus cabelos

A afastei devagar afim de analisar o seu rosto, com o medo decorrente de à ver desfigurada. O que por sorte não havia ocorrido, então abracei-a novamente aliviado.

- Eu quero conversar à sós com minha mãe - pedi aos outros presentes no local

- Não posso permitir isto garoto - um homem até então desconhecido para mim se pronunciou

- Tudo bem, querido - minha mãe falou baixinho - Ele é nosso advogado

- Então eu posso apenas falar com vocês dois? Eu preciso saber o que aconteceu e como eu tenho que reagir perante à  isso - falei olhando para as outras pessoas

Então alguns policiais e a diretora saíram da sala. Eu me sentei à  mesa.

- Por que resolveu denunciar? - perguntei

- Eu não podia mais esconder os atos do seu pai, Johnny - Ela tentou segurar em minha mão e eu repeli seu toque

- Todas as vezes que eu tentei vir aqui, todas as vezes que eu tentei acabar com isso, você se negou… Por que agora? - perguntei

- Quando era eu que apanha, eu podia suportar - Ela disse e eu o olhei incrédulo - Eu não podia te trazer mais transtorno, você precisava de um pai

- Eu não precisava de porra nenhuma, eu não precisava crescer em um local conturbado como aquela casa! - exclamei

- Me perdoe - Ela começou a chorar baixinho

O advogado assistia tudo um pouco ansioso

- Tenha um pouco de empatia com sua mãe - e pediu

- Ela lhe falou que também me batia para que eu mantesse a boca fechada sobre meu pai? Ela falou que nunca impediu que ele me expulsasse de casa?

- Johnny você sabe que eu não tinha condições de viver com você aqui na Coreia sem o seu pai! - a voz dela se fez presente no local

- Você sabe que minha família nos Estados Unidos não tinham condição de nos ajudar, que eu não tenho estudo e que eu não podia te dar uma boa educação? Você sabe por que eu suportei todo esse tempo, essas costelas quebradas e fraturas? Por você! Acha mesmo que eu sou feliz por ser este lixo? Acha mesmo que eu queria te dar essa vida?

Eu ouvi tudo aquilo pasmo, as lágrimas descendo de forma silenciosa

- Posso saber o que te fez mudar de ideia? - perguntei com receio

- Após a denúncia que os pais do Chittaphon fizeram, sobre a agressão, me contrataram como seu advogado e depois que o garoto falou que sabia o que acontecia na residência de vocês…

- Espera - eu pedi - Chittaphon que relatou as agressões domésticas?

O advogado assentiu

- Eu e os pais deles chegamos ao consenso que o correto seria ajudar vocês, eu então peguei o caso, vamos pedir proteção para vocês, seu pai será proibido de se aproximar de vocês e tentaremos os ajudar no estrangeiro

- Como é que é? - perguntei

- Vai ser como uma deportação - minha mãe se interveio

- E o meu ensino médio? - perguntei

- Tem escolas no Estados Unidos também, filho - minha mãe deu um sorriso torto

Sei que não estou em posição de fazer birra agora, mas mesmo assim ainda é um choque saber que vou ter que largar tudo aqui de uma hora para outra.

- Como que a gente vai se manter lá mãe? - perguntei

- Vamos morar perto da sua avó - ela disse simples - Vou arrumar algum trabalho, não se preocupe, você vai se formar e ingressar na faculdade, nossos esforços não serão em vão

Eu abaixei minha cabeça, tentando assimilar tudo aquilo que estava acontecendo.

- Eu vou ter que depor contra ele ainda? - perguntei

O advogado assentiu

- Eu vou lá fora por um minuto - eu avisei e levantei-me devagar

    Fui para a frente da delegacia e me permitir escorregar pela parede e entregar-me ao chão. Posicionei minha cabeça entre as mãos e comecei a chorar silenciosamente.

- Posso me sentar aqui? - levantei meu rosto surpreso ao ouvir aquela voz ao meu lado

- Claro - falei e lá estava Chittaphon, sentado ao meu lado, nós dois ouvindo apenas a respiração um do outro

- Desculpe - Ele quebrou o silêncio, eu o olhei meio atordoado - Se não fosse por mim…

- Minha mãe e eu continuariamos a sofrer nas mãos do meu pai, então você meio que me ajudou, não se preocupe - eu o interrompi e lhe concedi o melhor sorriso que poderia dar - Ah e desculpe por… - apontei para seu rosto

- Até que o contraste roxo caiu bem com minha pele pálida - Ele riu e eu me permiti rir tb - Sabe, minha madrasta quer muito ajudar você - ele falou olhando os carros que passavam na rua - Ela vem de um lar abusivo e se compadeceu com vocês

- Diga a ela que eu agradeço muito

- Ah ela sabe que você está agradecido, pode apostar. Ela disse que está fazendo por você o que almejava que fizessem por ela - chittaphon disse

- Ela está aí? - perguntei

- Ah não, ela está trabalhando - ele explicou - Fiquei triste por saber que você vai para longe

- Não fique, você tem o Taeyong - não pude me conter

Ele deu uma risadinha

- Taeyong não é você Johnny, olha eu queria te pedir desculpa por isso também sabe, eu sei que eu fui um filho da puta com você - ele suspirou - Mas eu quero que possamos ser amigos

- Sempre fomos amigos, antes da gente decidir ter outra coisa, você sempre foi meu amigo e não é um término amoroso, mesmo sendo o nosso - ele riu - Que vai mudar isso

- Obrigado - ele sorriu e pousou sua mão encima da minha

...
Eu to militando demais nessa fanfic

let me down slowly  »markhyuck« HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora