Capítulo 8

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Ouça o que eu lhe digo, Suárez é um cão danado. Estávamos todos bem, tranquilos. E ele começou com as provocações dele.

É claro, o rendimento do Barcelona estava um tanto ruim. Isso causava uma tensão extra no time todo. Mas a culpa não era exatamente nossa. Nos distanciamos para competir na Copa do Mundo, cada um por seu país. E, com isso, quando voltamos, parecia que tinha sido deixada uma lacuna em nosso espírito de equipe. Precisávamos lembrar do ponto onde paramos.

Luis parecia querer reconstruir essa ponte que nos uniu um dia, mas mais do que isso. Queria moldá-la com um material sutilmente diferente, como se a gente fosse bobo o suficiente para não perceber.

Ainda assim, estávamos bem, o três. No entanto, Suárez é um cão danado e não pode ver ninguém quieto.

Passei a notar com mais cuidado seu modo de agir. Obcecado com isso de que devíamos ser um trio unido, pintava os "prejuízos da Copa" em cores muito mais fortes do que eles realmente tinham. Dizia que precisávamos retomar o quanto antes nosso trio, como era antes.

Inventava coisas que poderiam aproximar nós três. Como se ele precisasse ficar mais próximo de mim ou de Couto, ambas as coisas ele não precisava. Todos sabíamos disso.

E ainda assim, seguiu fazendo de tudo para que eu ficasse perto de Couto. Quanto à mim, não conseguia me esquivar de tudo. Por falta de atitude, mas também porque era cômodo ter sempre ao meu lado aquele de quem eu gosto, ou estou apaixonado. Que seja. Eu estava apaixonado por Coutinho, a verdade é essa, então como poderia ter brios para evitar as coisas que Luis trama para convivermos mais?

No entanto, a realidade da vida me cobra em dolorosos golpes na nuca. Se estou perto de me entregar a esse sentimento, logo lembro que não posso.

Eu não posso, veja. Não posso porque não quero. Eu realmente não quero me envolver com ninguém, porque eu realmente não quero ter que sofrer tudo de novo. Afinal, é fato, eu vou sofrer, não importa como esse caso se desenvolva.

E aí Luis começa com histórias, dizendo que Couto fala de mim e que Couto pergunta de mim. Nesse ponto, já estou acreditando até em duende, achando que, por alguma loucura  astral, o brasileiro pode estar sentindo o mesmo que eu sinto por ele. E, desse modo, poderíamos tentar.

Eu sei que a gente precisa ter grandes esperanças para continuar vivendo. Também sei que não posso ficar fugindo do que sinto, só por medo de não ser correspondido. Mas é que é tão cansativo depositar todos os seus sonhos em alguém.

Fica parecendo, de algum modo, que a decisão não é sua.

O que me irrita profundamente.

Mais Que Uma Paixão | LIVRO 02 | Messi & CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora