Capítulo 17

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SUÁREZ

Não vou ser hipócrita: foi divertido. Desde o começo, eu me diverti muito traçando esse plano e vendo ele dar certo em todos os seus mínimos detalhes.

Consegui que Coutinho viesse para o Barcelona, consegui que ele morasse em nosso bairro. Consegui colocar na cabeça dele que Messi era o cara perfeito para ele realizar um sonho antigo que ele tinha.

Ah, então você não sabia.

Quando jogávamos juntos no Liverpool, Couto não era esse homem de fé que é agora. Eu quero dizer, fé ele sempre teve, mas ele não tinha tanta moral assim. Era mais novo, mais aberto, menos preconceituoso.

Já entendeu aonde quero chegar ou precisa que eu desenhe? Adianto que mesmo um desenho meu não pode te ajudar aqui, não sou tão bom com as mãos quanto sou com os pés.

Isso foi o que o próprio Couto me disse à época, inclusive.

É incrível como o meio mais machista pode ser também o mais repleto de homossexuais. Claro, raros são os que se declaram abertamente, mas é meio óbvio. Existem as nuances. E os rótulos só servem para os outros. Coloque 25 caras explodindo em testosterona e empolgação em uma concentração de um esporte que é também um culto à corpos perfeitos e você vai ver o que acontece.

Cara, você ia amar ver o que acontece.

Mas eu não estou querendo bancar o antropólogo aqui. Só estou contando os fatos. Voltando àqueles dias, Couto era novo, e eu nunca tive problema nenhum quanto ao que gosto de verdade. Faça as contas. Um belo dia, e poderia ser em qualquer outro, ele disse que queria experimentar. Comigo. Já que eu era o cara que ele mais confiava ali e ele não aguentava mais ver todo mundo fazendo.

Eu disse que não era muito a minha área, mas que a gente podia tentar. Não deu muito certo. Como dizem por aí, a química não bateu.

E então essa história morreu.

No Barcelona, você sabe, pelos boatos de corredores, de jogadores aqui e ali se pegando entre si. Normal, como em qualquer clube. Mas confesso que fiquei surpreso quando Messi me contou de seu envolvimento com Neymar. Por que o Messi é diferente de todos. Ele é especial. Com ele, jamais seria apenas uma transa, jamais seria uma curiosidade. Ele fatalmente iria se envolver com a pessoa.

Foi o que aconteceu. Ele comeu o Neymar, se apaixonou loucamente e, imagine só, Ney o traiu com a única coisa que Ney ama mais do que a si mesmo: o dinheiro. Do nada, o filho da puta conseguiu uma bolada do PSG e foi embora. E deixou meu melhor amigo aqui, derrotado.

Como eu disse, foi divertido desde o começo. E eu não fiz por mal! Eu amo o Messi. Amo vê-lo feliz.

E posso ser sincero? Mandando bem nessa área ou não, não posso ser hipócrita, nesse exato momento, amo sentir a mão de Coutinho chegando quase até a minha virilha, diante de um Messi completamente boquiaberto.

Como eles podem achar ruim um jogo onde todos saem ganhando?

Mais Que Uma Paixão | LIVRO 02 | Messi & CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora