Capítulo 13

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Agora ele fica correndo atrás de mim, feito um cachorrinho. Em campo, sou o primeiro que ele procura para comemorar um gol, sempre carregando Suárez junto com ele para eu não ter como evitar o contato. Preciso disfarçar, antes que Luis perceba e comece a me infernizar por estar tratando mal o seu pupilo.

Às vezes esqueço a minha raiva e abro uma concessão. Um abraço mais apertado em campo, um momento de euforia pós gol, quando o levanto no colo, tomando suas coxas com meus braços, invadindo-o com meus dedos por segundos, o tempo suficiente para ficar eternizado em uma foto que estampa todos os jornais no dia seguinte e me mata de vergonha.

Fora disso, passei a tratá-lo apenas com cordialidade, para dizer o mínimo. Já não me esforço mais para atrair a atenção dele, meus olhos já não buscam por ele se estamos juntos em uma preleção ou evento social.

E não é que eu tenha deixado de gostar dele. Ah, quem me dera. Pelo contrário, eu o adoro e o desejo como nunca antes. No entanto, eu me sinto furioso com a sua indecisão, com sua falta de atitude, com sua hesitação em colocar em palavras o que quer de mim de verdade.

Principalmente porque toda essa indecisão pode ser um indício claro e simples de que ele não gosta mesmo de mim. Que ele só quer se divertir, o que eu não poderia suportar.

Entenda, não espero que ele se declare para mim em um jornal, que largue a família para viver um romance idílico ao meu lado. Eu sei a nossa situação, eu sei o que está em jogo aqui.

Mas se ele ao menos pudesse... Respeitar o que sentimos um pelo o outro. Se ele ao menos tivesse coragem de assumir para ele mesmo que me quer. Só que ele não faz isso. Ele diz que não sabe do que estou falando, se eu tento forçar uma conversa. Ele baixa o olhar se Luis diz algo sobre a esposa, em uma conversa informal.

Ele se sente culpado pelo o que sente por mim, só pode. E isso me mata.

Ainda assim, não me mantenho íntegro à minha intenção o tempo todo. Não consigo. Nesses meses que se passam, eu acabo escorregando um pouco. Um dia, sozinhos no carro, nos beijamos no sinal fechado.

Em outra oportunidade, nos agarramos no vestiário depois de um jogo mais tenso. Alguns beijos, algum toque e fica nisso. Ele foge de mim. Ou sou eu que o deixo sozinho, se por acaso me lembro que se, um dia depois, eu tentar falar sobre isso, ele vai se fazer de desentendido.

Canalizo em Coutinho todo o meu amor e o meu ódio. Me deixo levar pela ideia de que não é possível tê-lo, senão pela raiva.

Como quando, em uma tarde qualquer, ele coloca a mão na minha coxa, subindo perigosamente com seus dedos por cima do meu calção, enquanto estamos todos em uma roda de conversa após um treino fechado. Ninguém repara, ninguém nota. Então por que ele tem tanto medo? Seguro seus dedos e afasto sua mão. Ele me olha com mágoa.

Ele me quer, mas não sabe como lidar com isso. Eu não sei lidar com isso também. Mudo de lugar, tentando esconder minha ereção e o meu medo de nunca mais conseguir me envolver com alguém.

A ereção passa mais rápido que o medo, feliz ou infelizmente.

Mais Que Uma Paixão | LIVRO 02 | Messi & CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora