Capítulo 5

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SUÁREZ

Conheci Coutinho quando sua passagem pelo Liverpool cruzou com a minha, muitos anos atrás. Ele é um rapaz calmo, tímido. Um bom menino. O tipo de cara com o qual você pode contar e sempre vai querer ajudar.

Algo muito parecido com o que sinto por Messi, embora a minha amizade com o argentino seja mais forte hoje, por conta dos anos que compartilhamos juntos pelo Barcelona.

Quanto ao Couto, gosto da ideia de ser um mentor para ele. Vejo que isso é uma necessidade, e até uma obrigação minha e de Leo, principalmente se levarmos em conta nossa posição no time.

Essa noite, no entanto, gostaria de experimentar uma outra coisa. Ei, não me entenda mal. Ou entenda, tanto faz. Faça o que bem entender. Eu nunca fui de julgar ninguém, ainda mais se é diversão que está em jogo.

Pego Coutinho de carona, moramos todos próximos. Chegamos à casa de Messi pontualmente às 20h. Leo está estranhamente calmo, aéreo até, o que me desanima um pouco. Preciso provocar alguma reação nele. Afinal, se não for para implantar o caos, qual o sentido da minha ação?

De todo modo, tudo vai bem enquanto somos recepcionados, trocamos amenidades e, finalmente, nos sentamos à mesa.

Coutinho parece ansioso e feliz, não tira os olhos de Messi. Messi, por outro lado, aparenta estar alheio, quase como se quisesse fugir da realidade daquela situação. Em determinado momento, seguro firme seu cotovelo, para fazê-lo prestar atenção na conversa. Ele sorri para mim, sem jeito.

- Messi, você está bem? Está feliz por estarmos aqui? - Pergunto, quase formal, forçando-o a interagir.

- Eu me sinto muito honrado em estar aqui e conhecer você, Messi. Você sempre foi uma grande inspiração para mim. Fico até sem jeito em estar na sua casa.

Diante da fala inesperada e amável de Coutinho, Messi emudece de vez, quase ruborizado. Eu rio, esse é o caos que eu vim buscar. Messi olha para mim, ainda sem falar nada, e murmura "por favor".

"Por favor, siga em frente" ou "Por favor, pare"? Com o Messi, você nunca sabe o que ele faz por vontade e o que ele deixa de fazer por medo.

Não gosto do medo. Quero tentar algo aqui que todos possam se arrepender de ter feito, se for o caso, mas jamais de não terem nem tentado.

Messi mais uma vez me pede baixinho "por favor", quando peço para Coutinho listar seus 3 gols favoritos do argentino. O novato os tem na ponta da língua e eu rio ao vê-lo contar todo orgulhoso à mesa o quanto sabe da carreira do nosso anfitrião.

Couto surpreendentemente desembesta a falar. Meu amigo argentino me encara. Sibila "faça alguma coisa", entredentes.

Bom, não sei o que ele quer dizer com isso. Mas vejamos o que eu posso fazer.

Mais Que Uma Paixão | LIVRO 02 | Messi & CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora