Capítulo 9

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- Que porcaria de música é essa? Parece que estou na Forever 21.

- Você costuma frequentar a Forever 21, Messi? - Suárez provoca.

- Sim, minha esposa gosta dos quimonos de lá - Respondo, impassível.

- Ah, sim. A minha também - Ele dá de ombros, enchendo meu copo mais uma vez.

Estamos bebendo e olhando as pessoas interagir. Eu mesmo nunca soube como me portar direito em uma festa, então não é como se estivesse preocupado. A música, jovem, alta e estridente demais, me incomoda, mas não o suficiente para me fazer ir embora.

E além do mais, ainda não o vi chegar.

Feito uma mocinha de cachinhos nos cabelos, estou nessa festa com o único propósito de ver o Coutinho. Não pretendo nem mesmo falar com ele. Nem pensei nisso. Eu quero apenas vê-lo, e se eu puder beber vendo ele ao longe, sem precisar interagir, para mim está bom. Até prefiro.

Nem sei há quanto tempo já estou aqui nessa festa chata na casa do Suárez até que finalmente vejo o brasileiro chegando. E quando ele chega, parece que em mim algo se encaixa, mas todo o resto fica fora de lugar.

Coutinho está lindo, como sempre. Sem afetação, está usando um jeans azul claro e uma camiseta simples branca. Uma roupa perfeita para uma festa informal como esta, que envolve passar a noite na beira da piscina ao som de uma trilha sonora ruim. Mas você pode notar pelos detalhes, o boné e o par de tênis, ambos de marca, que se trata de alguém com bom gosto. E com muito dinheiro para gastar.

Detalhes ridículos que me enternecem. Todo jogador de futebol é cafona. Todos, sem exceção. Ok, quem sabe exceto pelo Pirlo.

E eu fui me apaixonar justo por esse aqui, que mesmo muito novo já aprendeu que não precisa andar igual a um gângster para mostrar que tem dinheiro.

Ai meu coração.

Alheio aos meus dilemas internos, Coutinho vem direto me cumprimentar assim que me avista. Falamos amenidades sobre os jogos recentes que disputamos. Rimos, outros colegas chegam e continuamos a conversa animadamente.

É o suficiente para eu já querer morrer, tamanha ansiedade que me causa. Depois, durante toda a noite, o vejo de longe, conversando com outras pessoas. Rindo com Suárez e apontando para mim, os dois idiotas.

Trocamos olhares e não passa disso. Para mim é ótimo, não significa nada e não representa perigo.

Admito que não pensei muito nele por esses dias. Com os jogos exigindo muito de mim, e a minha própria rotina tomando conta de tudo, acabei sublimando esse amor.

Porém, é diferente vê-lo aqui. Em outro contexto, mais solto, com seu jeans justo, seu sorriso doce. Tudo o que me atormenta em segredo há meses.

O que eu fiz pra merecer isso? Estou perdidamente apaixonado por esse homem. Eu precisava disso? Não, mas eu sou um imbecil que adora problema.

E então, perto da noite acabar, a festa se esvazia. Vejo Suárez jogado em um dos sofás da varanda, uma garrafa vazia e o celular na mão. Eu fiquei praticamente no mesmo lugar a festa toda e aqui permaneço: encostado na vidraça da varanda, na lateral da casa. Finquei meus pés aqui e daqui não saio.

Sei que isso vai parecer absurdo de ser dito, mas sempre achei a casa do Suárez muito parecida com a do Bojack Horseman, da série. Pois bem, se você assiste ao seriado, pode saber que estou naquela varanda depois da piscina, bem ali onde Bojack e Diane tiveram suas conversas mais pesadas e significativas.

Três cervejas é muito para mim. Deposito o copo ainda pela metade cuidadosamente no chão e me viro para encarar as estrelas. É uma noite muito bonita. Não percebo Coutinho chegando, mas eu deveria ter imaginado. Olha só essa Lua. É a noite perfeita para desgraçarem a minha vida por completo.

Mais Que Uma Paixão | LIVRO 02 | Messi & CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora