Capítulo 11 - Agora

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Nota da Autora:

Olá, Quero dizer que ela se chamaria Agnes, não Barbara. Foi bem antes da filha da Liz.

Algumas coisas fazem sentido agora, outras nem chegam perto disso. Que eu saiba minha mãe não usava o sobrenome de solteira há mais vinte anos. Talvez até faça um pouco de sentido que o Sr. Reddington não tenha descoberto sua ligação com Marta DeBrassio. Por um motivo bastante perceptível: Adultos se casam e começam uma nova vida, com um novo sobrenome. Se Mary-Kate pudesse se mover além do meu corpo provavelmente me daria um tapa. Primeiro ela se casou a primeira vez tornando Joy Ross. Sobrenome que eu deveria usar também; eu deveria ser como Erin Ross, porque alguém disse que o nome de nossos pai são mais importante do que o de nossas mães. Não é verdade. Faria sentido se pelo menos ele não tivesse ido embora. Isso não faz mais diferença agora. Ethan Ross nem é meu pai de verdade.

Seu sobrenome não importa mais, Erin.

— Como assim o senhor não sabia que ela é uma DeBrassio? — deixo escapar em voz alta. Uma ponta de arrependimento se manifesta. Enquanto isso minha acompanhante joga a cabeça para trás numa gargalhada extravagante. Talvez ele não seja tão bom em farejar como dizem por aí. Temo uma hora iremos sufocar em tanto deboche. Vamos, ela diz, descubra o que o velho sabe. Veja se ele é tão bom o quanto dizem.

Me afundo ainda mais no banco de couro, agarrada ao cobertor; agradecendo por ninguém mais poder ouvi-la. Ela é maluca. O carro corta a escuridão em alta velocidade. Tudo é tão silencioso. Isso deve custar milhares de dólares; pessoas pagam por isso. Já deve bastar a gritaria na cabeça. Não é só o carro, Sr. Reddington se mantém calado, com os olhos fixos na janela. Provavelmente a milhas daqui, e Dembe ocasionalmente olha pelo retrovisor, e é como se perguntasse o porquê disso tudo. Meu caro, estava esperando você me responder. Nunca me senti tão sozinha com tanta proximidade. Eu tinha esperanças de encontrá-la logo de primeira. Até parece, meu bem. Fecho os olhos e respiro fundo, admitindo parte da culpa. Eu poderia ter me precavido, não criando tanta expectativa logo de início. Tenho noção do desastre que vivi nas últimas semanas, mas não precisava esperar tanto de um desconhecido. Alguém que é procurado pela Interpol por crimes que eu não sou capaz de imaginar.

Sinto tanta saudades. Quero tanto chegar a algum lugar vazio, onde eu possa transbordar e me afogar no meu próprio lamento. Não quero ser ouvida; deveria ter mantido os pés. Prendo a respiração por uns segundos e pisco para afastar as lágrimas. "Não seja patética, Erin", é Mary-Kate quem fala. Não adianta mais chorar, agora você está sob custódia de um assassino. Culpa de quem? Sua. Poderia ter ido se tornar Erin Ross numa boa; com uma nova família perfeita, feliz com seus irmãos gêmeos e felizes. Chega! A culpa é dele também. Basicamente, ele nos abandonou e dez anos depois ela seguiu seu exemplo. Se tivesse música eu poderia me concentrar. Sem lagrimas e arrependimentos.

Barbara Chenowith. Está infiltrado em algum lugar da minha cabeça, onde nem mesmo Mary-Kate pode alcançar. É familiar. Bem mais do que eu queria, mas não consigo relacionar a nada. Barbara Chenowith não pode ser minha mãe, eu saberia. Joy Massett é minha mãe; mesmo tendo ido embora, ela nunca deixou de ser. Sei que ela deve pensar em mim; pelo menos um pouquinho antes de dormir. Porque eu penso nela todos os dias. Mas por que ela fez isso com a gente? Não, sei. Raymond Reddington tem a resposta.

Não posso deixar esse melodrama me afetar. Eu deixei muita coisa para trás e não tem como voltar. Talvez deva deixar que Mary-Kate tome controle. Ela é esperta; ela é um camaleão muito mais inteligente que eu. Eu tinha um plano, uma lista também. Uma lista de tarefas que deve ser seguidas à risca, caso contrário nada vai dar certo. Eu era bastante corajosa quando resolvi sair. Então deixa de ser burra, Erin! Vá em frente e adiante logo o serviço.

Muito bem, não tem mais para onde correr. Começo dobrando o cobertor; não sou tão indefesa assim. Definitivamente não. Dembe parece perceber a mudança e me lança um olhar diferente. Talvez um "Seja corajosa". Claro que facilitaria a minha vida se alguém tivesse dito alguma coisa primeiro. Ignoro meu reflexo frágil, tomo ar e começo a falar.

— Quem exatamente é Barbara Chenowith? — começo.

Seus olhos verdes se fixam em mim e eu não recuo. Ele sorri e abre a boca, mas não fala. Apenas inspira e olha para o outro lado. Ele tá fazendo jogo comigo? Um pouco mais de perto ele não parece mais que um homem de meia idade. Uma pessoa comum que não faz mal a ninguém. De qual lado será que ele guarda a pistola? Recosto no meu lugar original. Vai ser difícil, dá vontade de chorar. Mas que droga de ninguém que explica nada.

— É fascinante. Digo, a semelhança entre as duas. — murmura, mantendo o olhar distante. Descruzo os braços, não quero parecer na defensiva. Se ele quer falar estou disposta a ouvir. Talvez ainda não esteja preparada, só que a oportunidade é única. — Foram só duas vezes em que tive a oportunidade em encontrá-la — ele continua — Há quase quinze anos, no Upper East Side eu não tive certeza assim. Por muito tempo Barbara Chenowith foi uma lenda, esgueirando-se por entre os mais abastados, silenciosamente carregando os segredos que mais sórdidos... Mas você tem os mesmo olhos violentos que me perseguiram em Oslo. Eu a vi com os meus próprios olhos, que não era só um boato, ela era real. O mito era real.

Esse cara é maluco. Olhos violentos; ele quer dizer meu olho roxo. Muito obrigada por não ajudar em nada. Essa Barbara Chenowith não é minha mãe. Esse homem é louco.

— Sua mãe é responsável por um dos maiores escândalos políticos da última década. Não há fatos concretos, entretanto há o rumor de que uma mulher tenha conseguido invadir a mansão de um banqueiro francês, uma semana antes do candidato à presidência, do qual ele era amigo íntimo, ser acusado publicamente de financiar diretamente ataques terroristas.

Não dá para esconder a minha surpresa. Não era bem isso o que eu estava esperando. Mordo o lábio inferior com força. Algo borbulha dentro de mim. Tenho medo de vomitar, desvio o olhar para o lado de fora. Está próximo do amanhecer, em breve estaremos em algum lugar. E eu vou estar cada vez mais distante de tudo o que eu pensei ser a verdade. Você não pode aceitar tudo mastigado desse jeito, ela me repreende. Serei mais esperta dessa vez, nada garante que ele esteja falando a verdade. Mal sabe ele que eu sei de muita coisa também.

— Acho que não acredito em você — anuncio com um pouco de medo.

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