Capítulo 17

678 77 0
                                    

Strange e eu decidimos que seria melhor manter Karn no Sanctum e não fazer muito alarde de sua chegada. Sean tinha voltado ao QG para chamar Ben e os outros Guerreiros de Teia, enquanto que eu e Stephen ficamos de olho nele.

Em nenhum momento Karn falou coisa alguma ou se quer tirou sua máscara, apenas ficou olhando para os objetos místicos que havia no Sanctum.

— Eu tenho que perguntar... Como você chegou a essa ideia de servir parte de sua força a ele e em troca ele não machucaria mais ninguém? — Perguntou Strange.

— Eu não pensei em Karn só como um caçador, mas como um predador que se alimenta apenas para sobreviver. Sabe quando você assiste aqueles documentários onde grandes felinos, como leões, não machucam seus cuidadores porque não sentem vontade de matá-los, já que estão satisfeitos? É a mesma coisa com Karn. Se está satisfeito, não têm motivos para matar.

— Espero que tenha razão.

— Ter Karn como nosso aliado não é apenas uma vantagem, Stephen. É essencial.

— Concordo, mas por que diz isso?

— Não é óbvio? Seu irmão, Morlun, está morto. Se alguém da família dele vier atrás de nós, é melhor que ele esteja do nosso lado.

Strange me olhou como se concordasse com tudo o que eu estava dizendo. Bom, não é parada que conseguirei a confiança dele, pensei enquanto tomava o pouco de coragem que ainda me restava. Me aproximei cautelosamente de Karn e fiquei a poucos passos dele, vendo-o olhar para uma pequena caixa de madeira.

— Uh... Karn? Pode me dizer o por que de ter vindo para essa dimensão?

— Você tem medo de mim — Ele se vira para me olhar — Por mais que tente esconder, eu consigo sentir seu medo de longe.

— Dadas as circunstâncias, o meu medo é compreensível.

— Acha que eu vou te matar.

— E você vai?

— Você me prometeu que me daria parte de sua força vital e de seus amigos. E eu ainda estou com fome.

Engoli em seco. Ok, isso não foi oficialmente uma ameaça mas serviu pra me deixar inquieta.

Levemente trêmula, ofereci minha mão a Karn, que, apenas me olhava sem dizer uma palavra. Ele segurou minha mão e começou a puxar lentamente minha força, até que comecei a sentir tonturas. Eu teria caído se Strange não tivesse me ajudado a sentar no chão com as costas apoiadas em uma coluna de madeira.

— Você está bem? — Perguntou o mago.

— Estou. Só preciso de um tempo.

Karn continuava a me olhar, calado. Quando Strange se afastou para ver algo em uma sala ao lado, o caçador se aproximou de mim e se abaixou como se quisesse me dizer algo que só eu poderia ouvir.

— O motivo de eu estar nessa dimensão, Gwen Stacy, é a concentração de Aranhas que esse planeta tem. Cada mundo tem um ou no máximo dois totens aranhas. Aqui há 5 de vocês. Um número um pouco alto para apenas um planeta, não acha?

— Alguém está vindo para cá, não está?

— Eu não duvido. Se você e seus amigos cumprirem a tarefa de me manterem saciado, eu aceitarei ser seu aliado contra minha família.

— Por que está contra eles? O que fizeram pra você?

Karn não me respondeu. Ele preferiu se afastar e continuar a caminhar pelo Sanctum.

Fui atrás de Stephen para ter algumas respostas e o encontrei na biblioteca, falando com Wong sobre Karn. Ambos não gostavam da presença dele aqui, mas ainda assim concordavam que este era o único lugar que ele poderia ficar. Se a S.H.I.E.L.D. soubesse de sua chegada, teria mandado soldados para prendê-lo e isso só provocaria mais mortes.

— Stephen? Wong?

Ambos me olharam surpresos.

— Vocês têm um minuto?

— O que foi, Gwen? — Perguntou Strange fazendo um sinal para eu me aproximar.

— Eu só queria saber o porque que Karn aceita tão facilmente lutar contra sua família. Ele os odeia tanto assim?

— Não é só ódio, é vingança — Explicou Wong — O pai de Karn o culpou pela morte de sua mãe e o amaldiçoou a usar aquela máscara para sempre. Karn caçava na esperança de ganhar um lugar de volta entre sua família, mas ele nunca realmente se encaixou.

— Porque eu não sou igual a eles — Disse Karn em um tom alto, dando um pequeno susto em nós — Eu nunca quis matar ninguém. Infelizmente, para que eu possa sobreviver, um totem-aranha tem que morrer. O pouco de energia que eu peguei de você não dura muito. Daqui a algumas horas irei precisar me alimentar de novo.

— Quem foi o último que você matou?

— Lobo-Aranha.

— Você o conhecia? — Perguntou Strange.

— Não tive a chance.

Karn deu as costas para nós e saiu da biblioteca a passos largos, dizendo que meus amigos haviam chegado. Segundos depois ouvimos batidas na porta.

— Eu realmente espero que seus amigos concordem com sua ideia, Gwen, do contrário nós poderemos ter um problema sério. O "nós" quer dizer você.

— É, eu sei.

Spider-Gwen: The new Spider - Livro VOnde histórias criam vida. Descubra agora