Capítulo 12

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A medida que o tempo passava, Sean e eu ficamos mais próximos. Mas isso era inevitável, no final das contas. Eu ia, praticamente, todos os dias no QG para treiná-lo, mas hoje seria diferente. Peter não tinha aula na faculdade e aproveitamos para passar o dia juntos. Depois de eu ter passado no mercado e comprado algumas coisinhas, cheguei em casa estranhando um barulhinho que vinha do quarto. Parecia que Peter estava falando com alguém, apesar de eu não ouvir uma segunda voz. Deixei as compras em cima do balcão da pia e me aproximei do quarto, chamando por Peter.

— Já vou! — Ele grita de lá de dentro.

Poucos segundos depois ele sai do quarto e feche a porta logo atrás de si, com um sorriso fofo no rosto.

— Oi! Eu tenho duas notícias pra você, uma boa e uma má. Qual você quer saber primeiro?

— A má.

— Nossa filha e eu estávamos brincando em cima da cama e talvez tenhamos bagunçado um pouquinho.

— Não seria um menino?

— Ah, eu tenho certeza que ela é menina.

— Peter, ainda falta muito para termos um filho...

— E é ai que entra a notícia boa — Ele abre a porta do quarto revelando uma cachorrinha cinza deitada em cima da uma cama bagunçada.

— Tessa! — Me aproximei da cama e comecei a fazer carinho nela — Isso foi muito fofo, Peter. Mas e sua tia?

— Ela que deu a ideia de trazermos a Tessa pra cá. Eu vou levar ela de vez em quando para minha tia revê-la.

Tessa se levantou repentinamente e começou a lamber meu rosto, o que me fez rir.

— Acho que ela lembrou de você — Peter sorriu.

Em meio a esse momento cute, senti meu celular vibrar em meu bolso. Era uma ligação de Ava.

— Oi, Ava. O que foi?

É o Sean. Ele 'tá muito mal.

— O que ele tem?

Ele não quis treinar comigo hoje, e olha que estou de bom humor. Ele se trancou no quarto e não quer mais sair. 'Tô preocupada com ele, Gwen.

Lancei um olhar aflito para Peter.

— Ok, eu já estou indo — Digo por fim, encerrando a ligação — Peter, eu...

— Você tem que ir, eu sei. Quer que eu vá com você?

— Seria bom.

— Tudo bem, vamos.

Peter e eu deixamos a ração que ele trouxe para Tessa e um pouco de água para ela r fomos rapidamente para o QG. Eu praticamente corria pelos corredores a caminho do quarto de Sean. Ava estava na porta andando de um lado para o outro, nervosa.

— Ava — Chamei a atenção — Alguma mudança?

— Não, ele continua lá dentro.

— Ele disse alguma coisa?

— Nada.

— Ok, deixa comigo — Me aproximei da porta — Sean, sou eu. O q-que houve?

— Eu quero ficar sozinho! — Gritou com a voz abafada.

— Sei que é a última coisa que quer. Abra a porta, Sean. Vamos conversar.

Sean não respondeu e tampouco fez o que pedi.

— Nem que eu passe a noite inteira aqui, eu não vou sair até você abrir a porta.

E nada de novo. Vários minutos se passaram e Sean ainda se mantinha trancado lá dentro.

— Vamos voltar uma outra hora, quando ele estiver mais calmo — Sugeriu Peter.

Foi quando a porta se abriu, mostrando Sean sentando em sua cama com os olhos marejados. Aproximei-me a passos curto até ele e perguntei o que havia acontecido. Ele não me respondeu, mas me abraçou pelo quadril e escondeu seu rosto em minha barriga. Eu sabia exatamente o que estava se passando com ele e sabia que ele precisava daquilo, de deixar-se levar pela tristeza e luto de seus entes queridos.

Minha mão esquerda alcançou p topo de sua cabeça e meus dedos se enfiaram entre seus cabelos, iniciando um carinho lento em seu couro cabeludo. Peter observava tudo calado, mas não parecia incomodado com a cena. Na verdade, ele olhava para Sean com compreensão, uma vez que eu já havia lhe dito sua história. Peter sorriu pra mim e acenou, sussurrando que voltaria para casa e Ava continuou ali, encostada no batente da porta.

Não sei por quanto tempo ficamos ali, mas quando Sean finamente estava mais calmo, percebi que Ava já não estava mais na porta.

— Não devia ter vindo — Murmurou Sean, limpando o rosto com as costas da mão.

— O q...

— Devia ter aproveitado o dia com seu namorado.

— Eu não conseguiria sabendo que você estava passando por tudo isso — Digo me sentando ao seu lado na cama — Sei como se sente. Eu também perdi alguém que amava muito e guardei tudo para mim mesma e... Esse foi um dos piores erros que já cometi.

Sean me olhou com seus olhos marejados.

— Você nunca me falou sobre isso.

— É que ainda dói.

— Desculpa, eu não...

— Tudo bem — Sorri fraco — Meu pai cuidou de mim até o último momento. Ele conheceu uma mulher maravilhosa que agora tenho o carinho de dizer que é uma mãe pra mim.

— Você ganhou uma família, então.

— Sim e você também, apesar de não ter percebido.

Sean me olhou confuso. No mesmo instante, Ava adentrou o quarto com um copo, do qual entregou para Sean e podemos constatar que era chocolate quente. Ele agradeceu com um meio sorriso e olhou para a bebida com um ar pensativo.

— É, tô começando a perceber — Ele olha para nós duas — Obrigado, meninas. Eu 'tô bem melhor agora.

— Você ainda me mata do coração qualquer dia desses — Resmungou Ava nos fazendo rir.

Olhei para o relógio do meu celular e vi que ainda dava tempo para aproveitar o resto do dia com Peter. Despedi-me de ambos e tomei o rumo para minha casa, mas uma certa Ava me fez parar no meio do corredor do QG ao segurar meu braço.

— Eu queria te perguntar algo.

— Pergunte.

— Você e o Sean... Por acaso...

— O quê?

— 'Tá se interessando por ele?

— Uh... Não.

— Você hesitou — Ela cruza os braços com uma expressão séria.

— Eu não hesitei, só achei estranho sua pergunta.

— Mesmo? Então, por que ele só abriu a porta pra você?

— Bom, talvez ele...

— E por que ele só consegue se acalmar com você quando tem uma Crise de Pânico? Fiz a mesma coisa que você fez na primera vez, mas não adiantou nada!

— ... Sean teve outra crise de Pânico?

— É, faz um tempinho. Fury havia me pedido para levá-lo até a base aérea, mas ele ficou nervoso só de saber que ficariamos a mais de 1.700 pés do chão.

— E por que não me contou?

— Você estava em uma missão no Afeganistão com o Flash ajudando vítimas de bombardeios. Iria te avisar como? Por sinal de fumaça?

Fiz uma careta. A Ava grossa estava voltando.

— Eu, sinceramente, não sei. Talvez devesse perguntar a ele e não a mim. E respondendo a sua pergunta... Não, não estou me interessando pelo Sean. Feliz?

— Não muito.

Revirei os olhos, retomando o rumo para casa.


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