ANDRÉ ALMEIDA

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Capítulo dedicado a _sleepykook !!

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Tenho de dizer que convencer o mister Rui Vitória a deixar-me ir ver um treino é difícil.
O meu pai, Rui Vitória, acha que eu me vou apaixonar ou alguma coisa do género se for uma vez com ele para o Caixa Futebol Campus.
O que ele não sabe é que eu já sou completamente apaixonada por um deles e nem precisei de ir lá.
André Almeida. Só de ouvir ou ler o nome dele um misto de sentimentos faz-se sentir dentro de mim.
Admiro-o. Muito mesmo. É um jogador muito forte, muito lutador e com um amor incrível pelo Benfica. Amor esse que também sinto tanto por ele como pelo Benfica.
Pelo que vejo dele também parece uma pessoa incrível. Simpático, divertido. Ele é simplesmente o meu sonho.
Sem saber bem como o meu pai deixou-me ir com ele hoje. Até vou levar o nosso cão. Chama-se Glorioso. O cão. Um pastor alemão ainda bebé, super querido.
Hoje vai ser a primeira vez que eu ver um treino do Benfica.
Os nervos estão mais do que à flor da pele.
Vou conhecer aqueles rapazes que me fazem feliz todas as semanas. Vou conhecer um dos meus exemplos de força. A minha fonte de esperança. O lateral direito que em tantos momentos ocupa a minha mente.
Já estou sentada nas bancadas, bem perto do relvado.
O meu pai está no campo com alguns membros da equipa técnica a preparar algumas coisas para o treino.
Os jogadores começam a entrar. Ninguém dá pela minha presença nem do cão meigo que está deitado aos meus pés.
Vejo o treinador dos vermelhos e brancos falar com os jogadores e depois olhar para mim.
Agora é que vão ser elas.

- Rita!! - o meu pai chama-me e faz sinal para me fosse ao pé dele. Quase não me aguentei quando os vi passar para o relvado. Imagino agora que vou estar frente a frente com eles.
- Esta é a minha filha, Ana Rita. Rita para amigos e família. Ana Rita para vocês. - a sério que ele disse isto? - E o cão é o Glorioso.
- Olá Ana Rita!! - dizem todos praticamente em coro.
- Olá!! - respondo acenando também.
- Quantos anos tens? - pergunta o Yuri Ribeiro.
- Precisas de saber? - vira-se logo o meu pai para o lateral esquerdo.
- Tenha calma, mister Rui Vitória. - digo ao meu progenitor e coloco a minha mão no ombro dele. Ouvem-se algumas gargalhadas.
- Tenho 22. - respondo ao rapaz e sorri.

Os meus olhos percorrem os jogadores e prendem-se naquele que faz o meu coração bater mais forte.
O mesmo já me olhava e tentou com que eu não reparasse nisso desviando rapidamente o olhar. É óbvio que falhou redondamente.
Volto a caminhar para o lugar onde estava sentada para poderem começar o treino.
Durante o mesmo observo atentamente tudo o que eles fazem. Dava por mim a olhar para o André. Torna-se difícil não o fazer quando ele significa tanto.
O tempo está a passar muito rápido. Rápido demais.
O treino já foi dado como terminado, mas ainda todos permanecem em campo a conversar.
Está tudo calmo até que, por algum motivo, o meu cão se passa da cabeça e desata a correr.
Vou atrás dele, chamo-o, mas o animal não pára, só quando um dos jogadores consegue agarrar a trela dele.
Olho para cima para ver quem tinha sido. André Almeida.
Automaticamente começo a sentir o nervosismo crescer no meu interior.

- Obrigada! - digo quando o jogador me entrega o Glorioso. Ele mostra-me o seu sorriso. Olho para o meu pai e ele está capaz de arrancar alguma coisa ao Almeidinhos com aqueles olhares ameaçadores.
- Ele é tão querido. - o número 34 do Benfica acaricia o meu cão.
- Pois é. - o meu coração derrete-se ao ver aquela imagem. Ele apanha-me a olhá-lo o que me faz corar.

Todos os jogadores, equipa técnica e o meu pai dirigem-se ao balneário.
Deixo-me ficar sentada no mesmo sitio.
Sinto tanta coisa por estar aqui. É difícil assimilar tudo, perceber o que sinto.
Parece ter passado pouco tempo, mas talvez tenha passado mais do que eu penso, quando vejo alguém voltar ao relvado.
Olho na direção da pessoa que caminha até mim. Oh... É ele.

-Ana Rita? - levanto-me quando ele chama o meu nome.
- Só Rita. - ele sorri ao ouvir o que eu digo.

Tento passar por cima do meu cão para não o incomodar nem deixá-lo entre mim e o André, mas assim que ponho um pé no sítio onde queria ficar a trela do Glorioso faz-me escorregar.
Teria, sem dúvida alguma, batido com o rabo no chão à força toda se o André não me tivesse agarrado.
Fico com o coração aos pulos por causa do susto ao escorregar e por causa da pouca distância que existe entre mim e o jogador.
As mãos dele estão nas minhas costas e apertam-me ligeiramente contra ele como se não me quisesse deixar sair. Se bem que eu já não queria sair.
Senti-lo, falar com ele, vê-lo de tão perto é um sonho. Um sonho tornado realidade.
As minhas mãos continuam nos ombros dele onde me tinha agarrado quando ia caindo.
Os meus olhos não se desprendem dos deles.
Quando digo que estamos muitos próximos, estamos realmente muito próximos, pois até consigo ouvir a respiração dele.
Tudo à nossa volta parece desaparecer.
O tempo parece passar mais devagar, mas congela definitivamente quando... Quando algo que nem nos meus sonhos tinha acontecido.
O jogador que faz os meus olhos brilharem junta os seus lábios aos meus.
É uma sensação surreal. Consigo sentir as borboletas ou talvez o zoológico inteiro dentro da minha barriga, pois os nossos lábios movem-se como se já se conhecessem antes.
Afastamos-nos somente por causa da falta de ar.
As respirações são ligeiramente ofegantes e os sorrisos invadem-nos.

- Acho que vou ter uma longa conversa com o mister Rui Vitória. - o sorriso não desaparece do rosto dele e ainda soltamos algumas gargalhadas.
- Sim, mas não vais sozinho. - acaricio o rosto dele que fecha os olhos como se isso lhe permitisse sentir melhor o meu toque, mas volta a abri-los segundos depois para me encarar.

De facto, a conversa com o meu pai foi longa, muito longa, mas nunca deixei o homens que mais amo. O meu pai acabou por aceitar e agora diz-se muito feliz por ser o André a estar ao pé de mim.
Encontrei e encontro no André o que todas as raparigas procuram no seu príncipe encantado.
Nunca mais estivemos sozinhos porque nos tivemos sempre um ao outro. Eu estive em todas as derrotas e conquistas dele assim como ele nas minhas.
Nunca mais vamos estar sozinhos porque vamos continuar a ter-nos um ao outro. Em todas as situações sejam elas boas ou más. É assim quando amamos alguém.
E se há coisa que não falta entre nós é amor.

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