ANDRIJA ZIVKOVIC

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Capítulo dedicado a ricz76 !!

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Papelada, papelada e mais papelada. Já não vejo papel à minha frente. Em nenhuma altura do meu percurso de aprendizagem houve alguém que nos dissesse que ia ser preciso preencher tanta coisa quando se é fisioterapeuta.

Vá lá que eu comecei a trabalhar há pouco tempo porque nem sei como estaria a secretária se não fosse assim.

Decido fazer uma pausa para beber um café. Isso ou, decididamente, a minha cabeça ia explodir.

Já com o copo nas minhas mãos ando pelo edifício enquanto bebo o seu conteúdo.

Na minha caminhada deparo-me com uma janela que tem vista para o campo onde o plantel principal do Benfica está a treinar.

Sempre sonhei vê-los treinar. Sempre sonhei trabalhar no Caixa Futebol Campus. Sempre sonhei conhecê-los.

Felizmente, o meu trabalho e a vida tornaram tudo isso possível.

Suspiro e decido que é hora de voltar para a minha sala. O caminho de volta leva poucos minutos.

Já sentada de novo na minha cadeira, pego numa das folhas para começar a ler.

No entanto, não ia nem a meio da leitura quando ouço alguém bater à porta.

- Entre. - digo ainda com os olhos direcionados para a folha.

Ouço a porta abrir e depois alguns sons de dor que me fazem subir o meu olhar automaticamente.

Encontro um Zivkovic com uma das chuteiras na mão e apoiado à porta.

Apresso-me a ajudá-lo. Coloco o seu braço por cima dos meus ombros e levo-o até à maca.

- Como é que te deixaram vir sozinho para aqui? - ajudo-o a deitar-se.

- Disse que não doída. - disse entre expressões de dor.

- Nota-se. Há gente teimosa... - assim que as palavras saem da minha boca eu olho para ele, apercebendo-me do que disse.

Ele olha-me fixamente com uma expressão indecifrável no rosto.

- Desculpa... Às vezes sai-me. - abaixo a minha cabeça e começo a examiná-lo. Ouço uma pequena gargalhada.

Suspiro de alívio por haver uma grande probabilidade de afinal não ter feito asneira.

Vou analisando o seu tornozelo que era o sítio onde o jogador dizia doer.

Fazemos alguns exames para eu poder certificar-me do meu diagnóstico.

Os resultados chegam num instante e observo os mesmos atentamente. Depois de uns minutos estou finalmente certa.

Vejo-o sentar na maca e puxo uma cadeira para me sentar à sua frente.

- É uma entorse. Estás de volta aos relvados num instantinho. - digo e abro um pequeno sorriso quando acabo de falar.

Olho para ele que já me olhava fixamente. Deixo-me perder nos seus olhos que transmitem alguma tristeza.

- Não é assim tão fácil... - ele fala desfazendo o olhar.

- O quê? - falo enquanto tento me recompor.

- Posso estar de volta, mas não vou jogar. Perdi o meu lugar. - ouço-o suspirar.

- Tudo pode mudar de um momento para o outro. - noto nos seus olhos brilhantes e fico sem saber o que fazer.

- Duvido. - ele levanta-se e dá uns passo pela sala.

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