ONE SHOTS BOOK - FOOTBALL

MIGUEL LUÍS

Capítulo dedicado a BeatrizFernandes3004 !!

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Não sei o que me fez gostar tanto de ti, mas sei que poder conhecer-te é um grande momento na minha vida e, por isso, me sinto tão feliz hoje.
Por sorte, ou destino, descobri recentemente que um dos meus amigos conhece o rapaz que eu tenho tanto orgulho de ver jogar.
Hoje joga a Seleção Portuguesa de Sub-20, onde joga o Miguel Luís, no Estádio Bela Vista (Lagoa). Eu vou ver. Vai ser contra a Polónia. 
Aliás faltam apenas 2 horas para o início do jogo e estou a poucos minutos de conhecer o Miguel como o Tiago, amigo meu, me tinha prometido.
Tenho de dizer que não o obriguei a nada. O Tiago quis apresentar-me ao Miguel de livre e espontânea vontade. Agradeço-lhe muito por isso.
Ainda não há muita gente do estádio quando os jogadores entram em campo para olharem para o relvado mais uma vez. Nesse instante, os nervos tomam conta de mim. 
Olho para o Miguel Luís e ele vem com uma expressão séria, bastante séria.

- Miguel! Anda cá! - o Tiago chama o amigo de infância que cede ao seu pedido. Quando chega perto do mesmo cumprimenta-o, mas não parece existir qualquer entusiasmo naquele corpo.
- Então, mano? - o jogador do Sporting diz ao amigo.
- Olha, quero apresentar-te uma pessoa. Ela adora ver-te jogar. - coro com o que o Tiago diz e aproximo-me dos dois rapazes.
- É a Beatriz. - apresenta-me quando nota que eu estou mais perto.
- Olá. - a voz dele é fria e o seu olhar pesado.
- Olá. Desculpa, eu não te queria incomodar. - o meu coração aperta, mas vejo que ele não está assim tão bem.
- Tenho de ir. - sem qualquer hipótese de respondermos ele sai em direção ao balneário.
- Ele não está bem. - o Tiago comenta.
- Não parece, não. - concordo com ele e os dois ocupamos os nossos lugares no estádio.

Não posso dizer que a minha felicidade se mantém porque estaria a mentir, ainda assim vê-lo tão perto trás-me sensações incríveis. Só espero que ele fique bem e que volte a mostrar o seu lindo sorriso.
O jogo começa e eu consigo perceber o que o Miguel Luís não está, definitivamente, nos seus melhores dias. Parece que as coisas não lhe estão a correr muito bem e isso está a deixá-lo irritado.
O tempo vai passando e o marcador continua 0-0 quando chegamos ao intervalo.
Na segunda parte mais do mesmo, apesar das inúmeras tentativas da equipa portuguesa. Até que nos últimos vinte minutos o Pedro Martelo decide dar o ar da sua graça e marcar dois golos deixando-nos na frente do marcador. Já o Miguel Luís tinha ido para o banco. Nos últimos cinco minutos a Polónia ainda marcou um golo, mas de nada adiantou porque o fim do encontro estava à vista e ainda tínhamos um golo de vantagem.
Quando se ouve o apito final, vejo os jogadores portugueses sorrirem. Todos menos um. Ele. O Miguel Luís.
Eu e o Tiago tínhamos vindo em carros diferentes, então ele decidiu ir-se logo embora porque tinha compromissos. Agradeci-lhe e deixo-me ficar mais um pouco no estádio.
Alguns minutos se passam e só resto praticamente eu nas bancadas e o Miguel no relvado. O jogador ficou sentado de costas para onde eu estava desde que se ouviu o apito final.
Eu estou preocupada. Quero ajudá-lo, mas não sei se devo dizer-lhe alguma coisa.
Acho que já sei o que fazer.

- Miguel? - chamo o jogador que me olha surpreso, talvez por eu ainda estar no estádio. Posso ver os seus olhos extremamente brilhantes, quase que juro que estava prestes a chorar.
- Que estás aqui a fazer? - mais uma vez a sua voz soa fria e também trémula. Agora acho que foi má ideia, então viro as minhas costas para começar o meu caminho até à saída.
- Espera!! - ele diz e eu viro-me para ele novamente. Encontro-o já de pé e mesmo à minha frente.
- Eu só estou preocupada. - as palavras saem da minha boca sem me darem hipótese de as travar.
- Desculpa. Não estou mesmo bem hoje. - o jogador diz passando a mão pelos seus cabelos.
- Não faz mal. Se quiseres conversar podes contar comigo, eu sei que não me conheces, mas... - ele não me deixa terminar a frase.
- Obrigado. Estás a ser muito simpática. - diz esboçando um pequeno sorriso que dura poucos segundos.
- A minha namorada. Ela acabou a nossa relação. - a minha boca abre-se ligeiramente em espanto por ele estar a confiar em mim e por ser essa a razão da sua tristeza.
- Ela é que perde. - olho para ele e ele para mim. É verdade, ele é um rapaz extraordinário.
- Estou a falar a sério e digo isto só com base no que vejo. Não te conheço assim tão bem, mas pareces incrível. - sem saber bem como, as palavras saem-me num tom natural e calmo. O Miguel olha-me com uma expressão ainda séria, mas com o seu olhar mais suave.
- Não mereço uma fã assim. Obrigado por estares aqui. - sorri-lhe.
- Tu mereces tudo de bom. Não precisas de agradecer. - sorri também, mas fracamente.

Vejo-o aproximar-se. O jogador coloca as suas mãos nas laterais do meu corpo e num impulso coloco as minhas mãos por cima dos seus braços.
Segundos depois sinto-o levantar-me do chão e pousar-me novamente já no relvado e não nas bancadas, onde estava.
Sem me largar, abraça o meu corpo e logo eu fiz o mesmo.

- Não me deixes. - ele pede e nunca pensei vê-lo assim.
- Eu não deixo. - garanto-lhe e os dois intensificamos o aperto do nosso abraço.

Tornámo-nos inseparáveis. Essa é a verdade.
Eu sei que o ajudei a recuperar todo o seu magnífico coração daquela tristeza, mas nesse tempo não aconteceu só isso.
Nesse tempo, acendeu-se nos nossos corações uma chama tão forte, tão genuína e que nos liga de uma das formas mais bonitas de todas. Essa chama é amor. Amor que foi crescendo mais e mais, que cresce mais e mais.
Amor que nos uniu e que nos manterá juntos.