"Preciso de outra vida para suportar essa" Edite, de 28 anos, cabelos lisos, de cor preta e amarrados em coque, feições indígenas, pele clara; ela escreve essas palavras no banco traseiro de um ônibus, e "encasula" tal sentença em aspas, com risco forte. Edite usa roupas largas e as utilizando como alguma espécie de ventilador para tentar refrescar-se. As pessoas olham as dobrinhas no seu abdômen. Instintivamente, ela cobre, ainda que disfarçadamente. Mas, tão logo, se justifica com um mentalmente e impetuoso: "foda-se!!!".
Edite, perto da igreja da Candelária, centro do Rio de Janeiro, ao atravessar a passarela, possui passos pesados, olha para os lados com desânimo. Edite, foge do sol quando pode.
Edite entra rapidamente na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, encontra Alba, sua irmã, 28 anos, gêmea bivitelina, pele um pouco mais escura que de Edite, cabelos castanhos e enrolados, amarrado em coque; elas se beijam. Alba conversava com os porteiros Manuel e Marcelo, cumprimentam Edite; e logo em seguida, o faxineiro, Sô Antônio entra e olha para Edite e Alba. Sô Antônio é um homem de uns 50 anos, despachado e engraçado. Fala para Alba.
_Boa tarde!!
_Fala Sô Antônio, diga! Fez café hoje? _Pergunta Alba.
_Tem sim vou buscar a garrafa! _Sô Antônio vira e olha para Marcelo e Manoel. Logo, ele vira para Alba. _Aqui, não me leve a mal na pergunta,... mas vocês duas, são irmãs, né!?. São bem parecidinhas.
_Sim, Sô Antônio! Sim! _Alba responde com sorriso contido. _Somos irmãs gêmeas.
Sô Antonio olha rapidamente para Marcelo e fica muito confuso.
_Mas como? irmãs gêmeas? Você duas são tão diferentes!
Marcelo, Manoel, Alba e Edite caem na gargalhada. Alba aproxima de Sô Antônio, se controlando do riso.
_Somos irmãs gêmeas bivitelina, dividimos o mesmo útero, mas óvulos diferentes, cada óvulo foi fecundado por espermas diferentes.
_Engraçado isso né? _Sô Antônio balança a cabeça afirmando. _Pois é! Tchau Manoel, Marcelo, Sô Antônio. Edite e Alba se despedem, elas saem da escola.
Alba e Edite entram onde moram, o edifício Monte Olímpia. Elas esperam, no saguão, o elevador chegar. Alba está em um telefonema, Edite tem respiração pesada, pega o celular e passa escrever algo no bloco de notas. Alba termina ligação e vai até irmã.
_Quando irá publicar esses textos? _Alba pergunta a irmã passando-lhe a mão em seus cabelos.
_Para, tá calor! Nem eu estou me aguentando! _Edite se esquiva fazendo careta para irmã.
_Posso ler?
Edite entrega sem demoras.
_Escrevendo poemas de insatisfação de trabalho? De novo? _Alba entrega o celular para Edite. _tem que sair de você mesma. Precisa escrever sobre outras pessoas; e essas outras pessoas podem até nos dizer coisas que mal sabemos.
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As Amazonas dos Zodíaco - Capitulo Zero
Rastgelesinopse: A pisciana e escritora Edite conta as histórias sobre 11 incríveis mulheres, que são as moradoras do edifício Monte Olímpia. Onde elas revelam os desejos, garras, medos, momentos familiares e profissionais. Elas são as guerreiras... As Amaz...