Fogo, é o que sou, ou acho que sou. Sou o fogo que na fúria é capaz de matar, destruir, machucar. Que nos momentos de calma aquece, dá vida, ama. Sou fogo, sou o calor. Sou a dor. Sou o caos. Sou a destruição. Sou abrigo. Quando entro em chamas não sou capaz de me controlar. Sou o fogo que transpassa, que repassa, que acende o fogo. Eu sou fogo, mas talvez não seja fogo.
Sou a luz, sou as trevas. Sou o sol que brilha, sou a lua que é iluminada e passa luz, sou o vazio. Sou pedra, que se lapida. Sou ouro, que enriquece, mas mata. Sou a prata que vai ao fogo pra ser limpa. Sou a água que flui, que é vida, mas que mata. Sou a Terra, que está morta, que viveu e morreu, que mesmo morta representa sobrevivência. Sou o ar, que leva os perfumes, mas também o fedor, que sem cor, colori a vida. Sou o medo, o medo da morte, o medo de falhar, o medo de amar, o medo de viver, o medo de ter medo.
Sou guerra, que destrói o mundo, que impõe medo, sou guerra da qual não há vencedor. Sou paz, temida pelos tolos, facilmente destruída pela mente.
Sou a verdade. Sou a mentira.
Sou a dor. Sou o ardor. Eu sou eu. Eu sou o tédio que me deixa ansioso. Sou o vazio, que tudo consome, sou o vazio avassalador. Sou o ódio que entra pelos olhos, que mata.
O que eu sou? Eu sou o que sou. Sou eu. Sou só eu. Sou mais que eu, porquê sou eu.
E que sou eu?
Dor. Dor é que sou agora.
Confusão.
Medo.
Tédio.
Ou onda que quebra. Que leva tudo pro mar.
Sou o amor, o amor egoísta. Eu sou o egoísmo, que ama e deseja pra si.
Morte.
Eu clamo.
Venha.
Abraça-me.
E deixa-me chorar. Mas não me leve, oh não, não me leve, não agora.
Eu olhei nos olhos do vazio, sim, nos olhos trevosos e frios do vazio, eu vi a imensidão, eu me vi ali, eu vi a dor. Eu dancei com o vazio a luz do luar, eu o beijei, eu o abracei. Eu dancei Folk com meus demónios, à meia-noite, em cima de prédios vazios, eu os beijei, um a um. Ódio, medo, rancor, tristeza, raiva, ansiedade, timidez, insegurança, dor. Eu os beijei, e seus lábios eram frios, e mais amargo que já pus junto aos meus.
O aço que eles portavam me fez rir, um sorriso de canto a canto da garganta, ele me beijei e seu gosto era frio, frio como um coração cansado. Pálida era sua superfície.
Eles me deixaram ali, para morrer só, às portas do vazio, somente eu. E eu morri. Mas a morte não me atingiu, porquê o que tá morto, não pode morrer, mas renascer das cinzas, como uma fénix, uma fénix que atravessa as zonas infernais, mas não se queima, que sai com seu corpo incólume, mas que o espírito volta marcado pelas coisas que viu, e foi obrigado a fazer.
E eu vivo. Uma vida vazia.Angg, Loki. Eu.
Obs: Tal texto foi extraído de uma fase da qual a vida do presente autor era outra. Tais relatos não tem relação com o hoje. Ou será que tem?
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Contos de meu eu
RandomUma série de pequenos contos, pedaços de um fragmentando eu. Alguns textos, poemas ou qualquer arranjo de palavras, sem qualquer responsabilidade, tamanho, lógica, somente alguns pedaços de meu ser. Alguns desabafos, expurgos de um ser intenso...