Miraculous - Um amor Inimaginável

VINTE E SEIS

— Então — Cat Noir disse se acomodando na cadeira ao lado de fora, na varanda de Marinette, enquanto segurava na mão uma taça de chardonnay. — Você disse que queria conversar. — O gatinho cruzou as pernas.

Marinette ainda estava se acomodando na sua cadeira, enquanto Cat já estava na sua costumeira cadeira. Eles faziam aquilo de conversar durante as madrugadas, fazia pouco tempo, mas já havia se tornado um hábito entre os dois. E mesmo toda a vez que eles tentavam cortar esse hábito, ele ressurgia, toda vez que eles tentavam desfazer o laço que a vida amarrou nas suas vidas, o destino formava o laço novamente. É como se eles tivessem um imã que insistia em sempre colocá-los juntos, no mesmo lugar onde a história deles recebeu o início.

— Sim, eu quero. — Respondeu Marinette sentando na cadeira em frente a de Cat.

Marinette não estava mais usando o traje vermelho com bolinhas  — traje o qual a diferencia de todas as pessoas no meio de uma multidão. Ela estava usando agora a mesma roupa que havia colocado para dormir. O seu short cinza de moletom colado ao corpo e a sua regata branca com um arco-íris e um unicórnio estampados, mas o seu robe violeta cobria a sua roupa de baixo. O seu rosto estava completamente sem maquiagem, realçando a sua pele branca com um tom rosa nas bochechas. As luzes alaranjadas no alto dos postes da rua era a única coisa a iluminar os dois, mesmo que quase nada.

Marinette levou a taça aos lábios e deu um curto gole no doce chardonnay e colocou-o sobre a mesa redonda na varanda. Encostou os cotovelos na mesa de madeira que tinha a superfície gelada e repousou o rosto nas mãos.

— É como eu te disse, Cat Noir, é como se tudo na minha vida estivesse escapando dos meus dedos. Como se tudo estivesse desabando, e eu estou assistindo tudo cair aos pedaços, bem na minha frente e não tem nada que eu possa fazer para impedir, sabe? — Disse a azulada dando outro gole no chardonnay, dessa vez, mais longo do que o último gole. — A vida está simplesmente passando por mim, acontecendo, e tudo está acontecendo de uma maneira completamente diferente da maneira que eu planejei. — Ela bebeu do chardonnay novamente, esvaziando a taça, enquanto Cat Noir mal dera um gole no seu. — Esse ano mal começar e eu já estou farta dele, estou pedindo a Deus e aos céus para me levarem para o futuro, ou pelo menos, deixar eu ver, como eu vou estar daqui a dez anos. Se eu vou ser uma dessas pessoas que no final se tornam bem resolvidas, felizes e otimistas. E então vou poder olhar para trás e ver que tudo isso já passou e valeu a pena, porque eu estarei feliz. Mas eu não sei se isso vai acontecer e isso… droga, isso é o que me deixa bem puta da vida. — Marinette encheu a taça novamente. — Quer um pouco mais? — Ela perguntou a Cat Noir, se referindo ao chardonnay.

—Eu ainda tenho bastante. — Cat Noir disse apontando para a taça na sua frente, sobre a mesa.

Marinette assentiu, já bebendo do que colocou na taça. — Sabe, esse ano está uma merda, desde que virou o ano, eu estou sentindo que a minha vida não é realmente minha. Eu sou uma marionete e alguém está no meu comando, é ele quem tornou a minha vida, essa bola de neve de problemas gigantesca e eu sinto que enquanto eu passo as minhas noites aos prantos, deleitando a minha tristeza em uma garrafa de vinho caro, ele está rindo de tudo isso, porque eu sou uma adolescente patética e fracassada. — Marinette suspirou e afagou o rosto em suas mãos durante dois segundos e então bebendo novamente do líquido alcoólico na sua taça de vidro.

— Hey, Marinette. — Cat Noir pegou a taça da mão de Marinette e colocou de lado, para poder tomar as mãos da garota para si. A sua pele era sedosa e cheirosa como a de um bebê. Seus dedos eram finos e as unhas estavam grandes, perfeitamente quadradas e pintadas de vermelho, combinando com a sua pele extremamente branca como as nuvens no céu azul. — Você não é patética e fracassada. Você pode achar isso de você, mas eu posso te assegurar que se você viesse a garota que eu vejo que você é, você nunca daria esses adjetivos absurdos a você mesma.