VINTE E SETE

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Parecia que até o relógio estava a conspirar contra Chloe. Os sábados e domingos em que Chloe passava enfurnada dentro de seu quarto, se empanturrando de guloseimas e comida chinesa, enquanto as lágrimas de seus olhos insistiam em escorrer pareciam ser os dias mais longos de sua vida, mas dessa vez foram os mais rápidos de sua vida. O seu domingo preguiçoso e depressivo de comilança, já havia acabado e se transformado na tão odiada e temida segunda feira. Por que diabos o sábado é tão perto da segunda feira e a segunda feira é tão longe do sábado? Era essa a pergunta que Chloe insistia em se fazer.

Os ponteiros do relógio ao seu lado já apontava cinco e cinquenta e oito da manhã e dentro de dois minutos, o despertador programado de seu smartphone iria começar a tocar, indicando que era hora de acordar, mas quem foi que disse que ela havia conseguido dormir? Tudo o que a loira conseguia pensar era em como ia chegar no colégio. Normalmente, a única preocupação que Chloe tinha em relação ao colégio era que roupa iria usar, mas nunca havia se preocupado em como seria sua recepção. Ir ao colégio era uma das coisas favoritas de Chloe, mesmo que ela não dissesse. Ela adorava quando o motorista abria a porta do carro e as pessoas paravam pra ver ela divinamente descer do carro. Ela adorava quando o mundo parava para olhar ela caminhar rebolando o quadril, em um movimento sensual. E então ser bajuladas por todos, pois todos os seres em Paris, tinham noção do poder que ela exercia. Da sua reputação de como era malvada e de como ela era a Queen Bee de todo o colégio. Ela adorava sentir as outras garotas tremerem quando ela passava, porque ela preferia ser temida do que amada. Mas não sabia se seria assim dessa vez. O seu castelo de areia havia sido desmoronado e ela caiu junto com suas paredes frágeis sem alicerces. E agora ela tinha medo. Medo do que podia acontecer, pois o futuro é incerto e Chloe gostava de sempre saber o que ia acontecer.

O despertador havia começado a tocar, mas Chloe não o desativou. Achou mais fácil simplesmente afogar o rosto em uma travesseiro e cobrir os ouvidos com o outro, ela se recusava a aceitar que teria de levantar da sua casa e encarar aqueles olhares sobre si, julgando-a. Os holofotes costumavam ser a sua praia, mas hoje não.

A porta de seu quarto foi aberta e pelo som dos sapatos quando tocavam o chão, ela já sabia que era Jean, seu mordomo. Jean, fora Sabrina e Kim pareciam ser os únicos que sobraram na vida de Chloe. Jean era como se fosse o pai de Chloe, apesar dela nunca realmente deixar o mordomo se aproximar de verdade dela, ela sabia que podia contar mais com eles do que com seus próprios pais. Sua mãe era uma desnaturada, aparecia em casa, duas ou três vezes no ano e toda vez que Chloe tentava falar com ela por ligação ou via Skype, a resposta era sempre a mesma: estou ocupada demais para falar com você. É verdade que seu pai sempre fazia tudo o que Chloe quisesse, independente do que fosse. Lhe enchia de jóias e roupas importadas caríssimas, ela era sempre a primeira em Paris a usar as roupas de outros países do mundo e Chloe só precisava assobiar para que ela tivesse o que quisesse em suas mãos. Mas não era de jóias, roupas caras, bailes de gala e dinheiro que Chloe precisava, ela precisava de pai, de uma mãe. De alguém pra sempre poder contar. Ela era grata por Jean ter ocupado esse papel, mas ela gostaria de que fossem os seus pais a fazerem isso e não outra pessoa.

— Srtª. Chloe. — Jean disse, sentando na beira da cama, enquanto chamava pela filha de seu patrão que havia se tornado como uma filha — um pouco rebelde — para ele. — A senhorita tem de se levantar, caso contrário irá se atrasar.

— Me deixe em paz, Jean. — Respondeu Chloe, com a voz ainda turva e sonolenta. — Eu não irei a escola hoje. — A adolescente virou-se pela cama, dando as costas ao seu mordomo.

— Por causa do que aconteceu na sexta feira?

— Não é da sua conta. Mordomo intrometido.

— Levante-se, Chloe. — Disse o mordomo Jean, usando um tom de voz mais elevado e firme que o habitual, fazendo Chloe abrir os olhos apenas para poder enxergá-lo. — Você vai se levantar e irá se arrumar para ir para o colégio, pois é para lá que você deve ir. Você não deve baixar a sua cabeça apenas por passar por uma fase ruim, você levanta e segue em frente.

Miraculous - Um amor InimaginávelOnde histórias criam vida. Descubra agora