CAPÍTULO VINTE E TRÊS

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   Ao sair da cozinha avisto Elaina se preparando para começar a trabalhar. Respiro fundo e continuo a andar mantendo a cabeça erguida. Passo pela recepção e olho para ela e sua expressão que não poderia ser outra; um misto de raiva, inveja e felicidade.

Aquele olhar promete algo inesquecível.

  Sigo adiante e aperto o botão do elevador. Quando as portas se abrem, entro e me encolho no canto frio da parede de metal e inevitavelmente me sinto insegura. Até um pouco apreensiva, mas com certeza furiosa pelo que aconteceu. Chego ao último andar e vou direto pra minha sala.
  Abro a maleta e tiro meu notebook e o abro sobre a mesa; ligo o aparelho enquanto guardo minha bolsa e nesse momento a sala é invadida por Fernando, que tranca a porta e se vira pra me encarar. Sua respiração acelerada e o cabelo todo desalinhado além dos olhos possessos.

__Pérola, não terminamos!

  Me encara com mãos nos quadris numa tentativa clara de mostrar quem dá a última palavra. Olho-o por baixo dos cílios e fico de pé para me igualar nessa briga.

__Terminamos sim.__contradigo.

Ele ergue os braços frustrado.

__Você está me ignorando a mais de dois meses, Pérola! O problema é Clarice, eu termino com ela.

  Olho pra ele chocada. Se é assim tão fácil, então porquê ele já não o fez?

  Respiro fundo pedindo paciência aos céus e olho com seriedade pra ele.

__Fernando, eu não quero que você termine com ela por minha causa, mas por casa de si próprio. Você mesmo disse que não a ama! Que tipo de relação é essa?__tento fazer ele compreender.

  Ele suspira nervoso.

__Ela sabe que não a amo!__revela aos gritos para minha total surpresa, me deixando sem palavras. Agora estou entendendo tudo. Ou pelo menos acho que sim.

  Está na cara que esse relacionamento está baseado no comodismo desde o início. Ambos teem consciência dos sentimentos um do outro e permanecem atados a essas correntes que chamam de relação... Só que Fernando por excesso de otimismo ou ingenuidade, se recusa a enxergar quem é Clarice na realidade, ou as razões por trás das ações dela. O pior cego que já vi na vida.

__E o que você espera de mim, Fernando? Hã? Que eu seja a mulher que transa com você alguns dias da semana enquanto nos outros você fica com ela?

__Não é nada disso...__ele vem até mim e tenta tocar em eu rosto com desespero, sente que está me perdendo ainda mais, mas bato em suas mãos e ele me solta quando me afasto. Porém, meus tapas nem o incomoda. Fernando chega mais perto e segura meus pulsos e os prende às minhas costas me pressionando contra seu corpo para me manter quieta. Tento me libertar, tento sim, e a cada força imposta na tentativa vã de me livrar de suas mãos, ele me aperta mais a si.__Me escute!__exige com a voz grave; diferente do que experimentei na cozinha minutos atrás.

__Não quero!__berro resistindo a ele.

  Tento me soltar e tudo que consigo é ficar ofegante e sentir sua respiração quente muito próxima a meu rosto, e os batimentos do seu coração acelerado contra meu peito.

  Seu olhar azul tão intenso quanto os oceanos e tão tempestuoso que lembram o mar em fúria, me encaram com uma intensidade de abalar montanhas.

__Me peça pra terminar com ela e eu faço.__diz determinado e eu o encaro deixando de lutar contra sua força para fitá-lo, processando as palavras que acaba de dizer. Sinto meus lábios se abrirem ligeiramente e nem um som sair.__Me dê um motivo que valha a pena e eu termino tudo.

QUEM É ELE?--UMA PAIXÃO (Livro 3 Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora