Capítulo III.

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   A Mulher-cobra.

  Com a fogueira já acesa, e todos ao seu redor. Cezar colocava os pensamentos em ordem para contar a história. Michelle brigava com a câmera, com certeza ia gravar para postar em seu canal no YouTube quando voltasse. Cezar bebeu um copo de água, para molhar a garganta e então começou:

   – Meu avô, quando eu ainda tinha a idade de vocês, me contou essa lenda.

   "Muito antes do patrão colocar os pés nessa terra, tudo aqui era uma mata fechada e sem acesso, nem mesmo os índios tinham a coragem de pisar em tal terreno. Aqui, neste solo onde nós cá estamos, era o lar de espíritos malignos... demônios. Com a chegada do patrão e a construção da fazenda, muitos ritos de exorcismo e benzimentos foram feitos, foi uma luta contra essas criaturas das sombras, com isso muitos deles voltaram para casa. Mas, antes aterrorizaram, assustaram e mataram muitos dos construtores, lenhadores e até mesmo seus familiares. O seu tio Victor."

   Para Michelle e Douglas, Victor havia morrido após ter tido um ataque cardíaco, e os funcionários de seu avô, com ataques de onças - muito comuns naquela região.

   "Porém, alguns deles ainda ficaram e se esconderam em meio a fazenda. Eu mesmo já vi três, uma mulher ruiva e com vestido vermelho na porta do banheiro da sala, se não fosse sua língua de cobra, eu nunca saberia que se tratava de um demônio. Vi também um homem baixinho e de cabelo preto, seu diferencial são as unhas em forma de garras. Mas, ele é insignificante, e por fim um homem sentado no lago."

   Quando termina de falar, ele olha para JV que tremia, e parecia que ia urinar a qualquer momento ali mesmo.

   "Será que... Eu foi atacado por um demônio? Não. Não é possível, demônios não existem"
   Pensou JV.

   – Tá, mas e o demônio morcego? – pergunta Michelle com uma GoPro nas mãos.

   – Ele é o homem baixinho – responde o caseiro – Mas, não precisa se preocupar com ele, é insignificante, não pode fazer nada a ninguém, o que é um alívio.

   Michelle o encara e depois vira a câmera para si. Começa a finalizar seu vídeo, que segundo ela, seria viral e lhe renderia muitas views. Brenda olha para Amanda e então fala:

   – Um homem baixinho... – pensou – Não veio aqui hoje, quando nós chegamos?

   – Verdade, aquele que conversou com a Mi. – Ela passa a mão nas pontas dos cabelos loiros. – Mas, você ouviu o Cezar ele é insignificante.

   – Mesmo assim, eu não gosto dessas coisas, sei lá, sempre pensei que se travava de histórias para crianças levadas.

   Ela leva um pêssego a boca, arrancando um pedaço com uma dentada.

   – E quem disse que não é? – zombou.

   – Hum. – A garota leva a mão a boca e engole o que mastigava. – Mas, você viu o bicho lá na árvore – fala Brenda, irritadiça.

   – Às vezes, pode ser apenas um morcego, relaxa – diz Amanda, calmamente – Nós estamos no sítio, é normal esses tipo de animais por aqui.

   Brenda olha desacreditada para Amanda e decide ir para dentro da casa.

   – O que deu com a Brenda? – pergunta Douglas vendo a menina sumir pelo meio das sombras.

   – Sei lá, ela é meio doida – responde Amanda, sorrindo. Douglas dá um sorrisinho.

   – Mas, do que vocês estavam conversando aquela hora na estrebaria? Tenho certeza que ouvi meu nome – diz o rapaz trocando o assunto e aproveitando para lançar seu charme para cima da garota.

O Aviso do Demônio _ Parte Um.Onde histórias criam vida. Descubra agora