Capítulo IV.

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   O Caçador.

   O dia amanhece, e promete ser inesquecível para todos. Eles se reúnem à mesa para tomar café, como se tivessem tido uma ótima noite de sono, pobres coitados.

   – O que iremos fazer hoje? – pergunta Amanda, despreocupada e com cara de sono. Michelle a olha sorrindo e diz:

   – Hoje, pretendo gravar alguns vídeos para meu canal, sei lá, tava pensando em ir até a reserva, sabe, onde vi o nosso amigo morcego.

   O caseiro a olha, e para de comer. Ele e Matheus, eram os únicos ali que não estavam com cara de sono.

   – Como você disse? – pergunta com tom de autoridade – Ninguém pode atravessar aquela cerca, se fizer isso eu não me responsabilizo com o que lhe acontecer – diz ele com um pouco de raiva e indignação – Fora isso, não tem necessidade de fazer esse vídeo.

   – Por que isso te incomoda tanto? – indaga a garota.

   Todos param de comer, exceto Matheus e Brenda, para prestar atenção na estranha conversa.

   – Eu só acho desnecessário, além disso, você pode gravar esse videozinho idiota em qualquer lugar, menos lá. Estamos entendidos?

   – Ou você não quer me contar algo? – pressiona, a menina que tem um instinto de detetive, talvez porque era ela quem escrevia o jornalzinho de sua escola.

   Ela o encara e se aproxima, deixando o caseiro nervoso.

   – Okay, você quer saber? – Ele joga os talheres em cima do prato com omelete, levanta e pega a garota pelo braço.

   Ele a puxa até a janela, ela pede para que ele solte, mas ele segue adiante, todos se levantam, menos Matheus que continua a comer e Brenda que começa a se interessar pela cena.

   – Olhe lá, garota tola – aponta Cezar – Aquela mata é a única que não foi derrubada, você acha mesmo que seu avô, com aquele ego e posse de tirano, iria mesmo deixar aquela mata ali? Justo ali, no local onde mais desfavorece a propriedade?

   Realmente Cezar estava certo, a mata estava localizada no meio da propriedade, um pouco ao norte da casa da fazenda, seria muita burrice deixar um pedaço de mata que provavelmente teria onças e cobras perto de casa, ou ainda, na melhor parte da terra, por estar em terreno plano.

   – Então, por que meu avô deixou essa mata alí? – pergunta Douglas.

   O caseiro se vira para ele e solta Michelle, que começa a desamassar as luvas de seda.

   – Por que? – Ele ri de forma macabra. – Porque é o lar dos demônios. O portão do inferno.

   Todos ficam em silêncio por alguns instantes.

   – Ok. Melhor ainda, agora que eu vou lá – diz Michelle – Estou até vendo "A mata do inferno" ou "A floresta do diabo" – diz ela sugerindo nomes para um suposto vídeo.

   A noite pensou muito em alcançar a fama, que agora não estava nem ligando para as circunstâncias. Tudo que importava era ter sucesso e visualizações.

   – Você é louca? Eu que não vou lá – se pronuncia Brenda pela primeira vez no dia.

   – Quem disse que você precisa ir – diz Mi, pegando um pedaço do bolo de Brenda.

   – Ok. Façam o que quiserem – diz o caseiro, enquanto sai da casa – Só que depois não digam que não avisei.

***

   Após o café, Michelle, João e Amanda saem para ir a reserva, gravar o tal vídeo.

O Aviso do Demônio _ Parte Um.Onde histórias criam vida. Descubra agora