Capítulo VII.

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   Psicopata.

   Todos levantarão tarde naquele domingo, afinal era domingo e estavam esgotados com tudo que havia acontecido.
Michelle queria, necessitava, ligar para a mãe ou chamar a polícia para resolver essa loucura. Uma pessoa morta já era demais para a garota.

   – Merda – grita ela – Mil vezes merda.

   Na fazenda, não pegava torre, impossibilitando a garota de fazer a chamada.

   – O que foi? Que nervosismo é esse? – pergunta Douglas a garota que bufava de raiva.

   Michelle, em uma crise de ódio arremessa o smartphone contra a parede. Óbvio, o aparelho não resistiu.

   – Não pega torre nessa bosta – grita a garota.

   Douglas ri da prima revoltada.

   – Calma, amanhã é segunda, nós voltamos com o ônibus – diz ele olhando para os quatro mil reais do tio, estilhaçado no chão, na forma de um iPhone. – E agora você tá sem celular. Sua doidinha.

   Ele faz um cafuné nas cabeleireiras da prima, que ri e dá um tempo no showzinho.

   – Amanhã nós vamos direto na delegacia – diz ela – Tem muita coisa estranha acontecendo aqui e acho que precisa de uma investigação.

   Brenda, que até agora só comia seu Sucrilhos, resolve falar.

   – Hum. – Ela limpa a boca. – Melhor chamar um padre, isso sim, daqueles exorcistas.

   Brenda era a única que transparecia calma diante das circunstâncias, mas por dentro, não via a hora de sumir daquele lugar.

   Amanda chega toda mal acabada, primeira vez que eles a viram assim, a garota estava realmente atormentada. A menina estava com uma camisola bege - nada sex, totalmente pelo contrário lembrava uma vovó de 90 anos, e isso é raro de se ver nela - e totalmente descabelada.

   – Eu andei pensando – diz ela, piscando os grandes olhos azuis afundados na mancha roxa de suas olheiras – E sei o que tá acontecendo aqui.

   Sua voz era de sono, talvez um pouco bêbada. O que explicaria o sumiço das garrafas de Vodca da prateleira da cozinha americana.

   Todos a olham confusos, porém a ignoram. Ela estava bêbada, e bêbedo só fala merda, não é mesmo?

   Não podemos culpar a garota, afinal não é todo dia que ao varrer, talvez futricar, no quarto de alguém que se encontra um cadáver.

   – Eu... – diz Amanda, se segurando na parede, ela realmente estava péssima – Eu acho que tem um psicopata entre nós.

   Brenda não se controla e dá uma gargalhada escandalosa, o que assusta ainda mais Michelle.

   – Sério? – diz Brenda, batendo a mão na testa – Nem tinha percebido, e o psicopata é... – Ela faz barulho de tambor com a colher e o pote de cereal. – O demônio.

   Amanda faz com a mão um sinal de tanto faz e pega algo para comer.

   Michelle olha para primo, e o encara rindo.

   – Que merda foi essa? – pergunta ela.

   – Não sei – responde ele – Simplesmente não sei.

   O clima da casa estava pesado, duas pessoas desaparecidas – Matheus e Cezar – um morto e agora o ranço entre Amanda e Brenda. Tudo culpa de quem? Douglas. E talvez um pouco por causa do estresse causado pelos demônios.

O Aviso do Demônio _ Parte Um.Onde histórias criam vida. Descubra agora