10.2 - Confessions

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Desci as escadas e vi Harry na moto, estacionada na frente do dormitório. Ele estava vestindo uma camiseta branca com um desenho preto, que realçava ainda mais as tatuagens em seus braços.

— Você não está com frio? — perguntei, puxando minha jaqueta mais para junto do corpo.

— Você está bonito. Se divertiu?

—Hum... sim, obrigado — falei distraído. — O que você está fazendo aqui?

Ele apertou o acelerador, e o motor roncou.

— Eu ia dar uma volta para clarear as ideias. Quero que você venha comigo.

— Está frio, Hazz.

—Você quer que eu vá buscar o carro do Z?

— A gente vai jogar boliche amanhã. Você não pode esperar até lá?

— Passei de ficar com você todos os segundos do dia a te ver durante dez minutos, se tiver sorte.

Sorri e balancei a cabeça.

— Só se passaram dois dias, Hazz.

— Estou com saudades. Senta aí e vamos.

Eu não tinha como discutir. Tinha saudades dele também. Mais do que eu jamais admitiria. Fechei até em cima o zíper da jaqueta e subi na garupa da moto, deslizando os dedos pelos passadores de sua calça jeans. Harry puxou meus pulsos até seu estômago e os cruzou. Assim que se convenceu de que eu estava me segurando nele bem apertado, saiu com a moto em alta velocidade.

Descansei o rosto nas costas dele e fechei os olhos, respirando seu perfume, que me fazia lembrar de seu apartamento, de seus lençóis e do cheiro dele quando andava pela casa com uma toalha em volta da cintura. A cidade passava por nós como um borrão, e eu não me importava com a velocidade com que ele estava guiando a moto nem com o vento frio que me chicoteava a pele; eu não estava nem prestando atenção para onde estávamos indo. A única coisa em que eu conseguia pensar era no corpo dele encostado no meu. Não tínhamos destino nem agenda, e vagamos pelas ruas até bem depois de terem sido abandonadas por todo mundo, menos por nós dois.

Harry parou em um posto de gasolina.

— Você quer alguma coisa? — ele me perguntou.

Fiz que não com a cabeça, descendo da moto para esticar as pernas. Ele ficou me observando enquanto eu passava os dedos nos cabelos para penteá-los e desfazer os nós, depois sorriu.

— Para com isso, você está lindo.

— Só se for para aparecer em um clipe de rock dos anos 80 — falei.

Ele deu risada e depois bocejou, espantando as mariposas que zumbiam em volta dele com a mão. A pistola da mangueira de gasolina fez um clique, soando mais alto do que deveria na noite silenciosa. Parecíamos as duas únicas pessoas na face da terra.

Peguei o celular para ver o horário.

— Meu Deus, Hazz. São três da manhã.

— Você quer voltar? — ele me perguntou, com uma sombra de decepção no rosto.

Pressionei os lábios.

— É melhor.

— Ainda vamos jogar boliche hoje à noite?

— Eu disse que vamos.

— E você ainda vai comigo na festa da Sig Tau que vai rolar daqui a algumas semanas, né?

Beautiful Misfortune • l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora