Capítulo 2 - Mágoa

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Na manhã seguinte, Pepper acordou após uma ótima noite de sono, algo que não experimentava há um bom tempo. A sensação de descanso a envolvia, e ela se sentia revigorada. O despertador, programado para tocar às 7h como de costume, ainda ecoava pelo quarto, mas, dessa vez, não a incomodava. Ela havia permanecido dormindo profundamente, sem ser perturbada pelo ruído irritante do aparelho. Apenas um tempo depois, e com um sorriso nos lábios, é que a ruiva esticou os braços e bocejou, se espreguiçando. Levantou-se da cama com calma, foi até o banheiro, lavou o rosto e vestiu um casaco por cima do pijama antes de descer as escadas. Foi só então que notou algo muito importante, à medida que se aproximava da cozinha, percebia alguns barulhos vindos de lá.

Erin e Iris eram proibidas de irem para a cozinha sem estarem acompanhadas de algum adulto. As meninas não eram desobedientes, mas eram crianças curiosas, por isso, a mulher se preocupou e passou a caminhar um pouco mais rápido. Ao chegar no espaço foi surpreendida não pelas filhas, mas pela própria mãe, o que a fez ficar sem reação por alguns poucos instantes.

— Mãe, o que você está fazendo aqui? -Quando o choque inicial passou, Pepper conseguiu perguntar.

Oh, Pep! -A senhora disse deixando a assadeira que segurava sobre o balcão e indo até a filha, abraçando-a de forma apertada, demonstrando a saudade que sentia. — Que bom que você acordou. Como está?

— Mãe, o que você está fazendo aqui? -A Potts mais nova repetiu enquanto piscava algumas vezes, ainda tentando entender o que estava acontecendo. Talvez estivesse em um sonho.

— Você realmente esqueceu que eu vinha. -A mais velha não parecia ofendida, apenas confirmava um fato.

— Eu não esque... -A ruiva parou no meio da palavra, suspirando. — Droga, eu deveria ter ido te pegar no aeroporto ontem à noite. Porque não me ligou? -Encarou a mãe sendo corroída pela culpa.

— Eu liguei, mas você não atendeu, então imaginei que tivesse tido algum problema na escola de artes, por isso peguei um táxi e usei a chave reserva para entrar. -Sasha respondeu de forma simples.

— Droga. Eu sinto muito mesmo, mãe. Ontem foi um dia extremamente cansativo e as meninas tiveram o último dia de aula antes do recesso para o Natal. -Ela começou a se explicar. — Ficamos vendo um filme para passarmos um tempinho a mais juntas, mas acabamos dormindo. Eu realmente sinto muito.

— Não se preocupe com isso, querida. -Sasha sorriu de forma amigável. — Eu imagino o quanto seus dias têm sido cansativos. Eu vi vocês três no sofá quando eu cheguei e não tive coragem de acordar você ou levar as meninas para a cama, vocês dormiam tão serenamente que estavam perfeitas para o registro de uma foto. Inclusive, mandei uma cópia para o seu celular.

— Você agora é um gênio da tecnologia? -A ruiva questionou tentando fazer uma piada.

— Eu apenas tento acompanhar vocês jovens. -A mais velha da Potts sorriu, dando de ombros.

— Como estão as coisas em Vancouver?

— Estão ótimas. Você e as meninas deveriam ir lá com mais frequência. -Reclamou de forma velada, sentia falta da casa cheia.

— Passar 4 horas em um avião com a Erin e a Iris quando elas dormiam quase toda a viagem era fácil, mas agora elas mal conseguem passar 30 minutos dentro de um carro sem perguntarem a cada instante se já estamos chegando. Fora as brigas.

— Você não pode culpá-las. A viagem é sempre entediante quando não tem uma avó especial como as que elas têm às esperando.

— Agora entendo de onde vem a minha modéstia.

Let Her Go - Versão em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora