5.

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Cecília

Mesmo se tivesse todo tempo do mundo eu não conseguiria explicar essa noite.

Tudo estava tão fora do controle e eu só queria minha cama. Eu consegui afastar as duas de mim em menos de duas horas. Como conseguir fazer isso? Penso que deveria ter ficado em casa, vendo aquele filme que deixei pela metade.

Tudo está girando, passo a mão na testa impaciente ouvindo a felicidade e gritaria do povo lá embaixo. Tudo que eu quero é não voltar para a festa. Fico um tempo parada no corredor encarando meu tênis sujo. Meu Deus, eu tenho que lavar isso, penso, soltando uma risada. Ok, talvez eu esteja muito bêbada, olha no que estou pensando, acabei de ferrar um relacionamento e estou preocupada com meu tênis sujo. Penso em ligar para Júlia, tiro o celular do meu bolso mas pulo de susto com o estrondo de vidro quebrando no andar de baixo. Logo em seguida vem uma onda de risadas.

Um sinal. Olho para o celular na minha mão, a luz forte faz com que meus olhos ardam. Desisto de ligar. Guardo celular no bolso, dou uma longa respirada e vou atrás de algum lugar para deitar. Bruno não se importaria se eu deitasse na cama do seus pais ou do seu irmãozinho. Eu nunca cheguei a conhecer essa casa dele, ando pelo corredor observando as fotos de família e de suas viagens penduradas na parede. Minha visão está tão péssima, mal consigo enxergar os rostos. Ok, esse cachinho aqui é do Bruno.


...


Chego na primeira porta do corredor e a abro.

Perco completamente a reação. Vi e Ana estão olhando para mim, parecem estar surpresas também. Ana desvia o olhar e olha pela janela. Vejo a Vi franzir as sobrancelhas, eu devo estar com uma cara péssima e uma onda de desespero me toma.

Cecília: Desculpa, achei que fosse o banheiro - Foi a única coisa que veio na minha cabeça, minha voz saiu tão fina que não sei como não riram na minha cara.

Dei um sorrisinho forçado, recuando meus passos e começo a fechar a porta. Vitória levanta rapidamente e vem em minha direção.

Vitória: Cecília tu pode ficar com ela um pouco?

Olhei por meio segundo para Ana e voltei o olhar para Vitória. Antes de eu abrir a boca para contestar ela já diz.

Vitória: Vou buscar água!

Cecilia: Deixa que eu busco!! - Digo rapidamente.

Vou para trás na tentativa de fugir dali. Ela me interrompe a segurando a porta.

Vitória: Não... sabe o que é... vou buscar um remédio para ela. Ta mal, bebeu tudo e mais um pouco. Olha tá até verde - disse apontando para ela.

Lancei para ela meu olhar de ''pelo amor de Deus não faz isso'', que pareceu não convencer muito. Ela pega meu braço e me puxa gentilmente para dentro do quarto.

Vi anda até uma porta que há no quarto, que penso ser o banheiro. Ouço um barulho de torneira abrir e se fechar logo em seguida. Fico parada no meio daquele quarto, mexo as mãos, sem jeito e paro logo, não sei dizer se estou desconfortável ou nervosa. Ana não olha para mim. No quarto só há a luz do banheiro. Vitória sai pela porta enxugando o rosto com uma toalha branca e se vira para mim.

Vitória: Olha, vou buscar água e remédio - ela pendura a toalha em um gancho que tem no quarto e olha para Ana - E comida.

Olho para ela e está de olhos fechados. Mas ao ouvir a Vitória solta um sorrisinho. Vi cruza o quarto e vai até uma mesa onde está um notbook sobre ela. Liga e pede para eu me sentar na cadeira que está ali, demoro um pouco mas obedeço.

Ana e CecíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora