Ana e Cecília

12.

Ana

No fim, devemos sempre fazer aquilo que acreditamos ser o certo, mesmo que isso seja muito difícil para nós... e muitas das vezes não é nossa vontade. Mas devemos, certo?

Sabemos que os sentimentos não podem ser ligados e desligados como interruptores. Não vai ser de uma hora para outra que isso vai acontecer, pode demorar dias, meses ou até mesmo anos. Quando é de verdade, talvez esse sentimento nunca desligue e dure sua vida toda.

Dizem que se não escolhemos, as escolhas fazem a gente e temos que aceitas as consequências. Também  levar em conta que nossa mente brinca com a gente o tempo todo. Nossas lembranças são provocantes, muitas vezes são fiéis e concretas, mas outras vezes se transformam no que queremos que sejam. Podemos querer reviver alguns momentos, mas não vamos poder.

Embora o amor possa ferir, deixar um buraco sem tamanho no seu peito e te deixar sem esperanças, ele também é capaz de curar. Tirar toda a dor, com alguém disposto a colocar um curativo nesse seu machucado, que parece que nunca irá sarar. Bom, alguém estava disposto no meu caso.

...

Se passou uma semana. Nosso produtor conseguiu encaixar em alguns shows aqui nas cidades próximas do Rio. Teremos um show de abertura do ano, que é amanhã, apenas para convidados, o que eu achava um porre, pois gostava mesmo quando os fãs estão juntos da gente. Vi deu um jeito, usando seu charminho com nossa produção e conseguiu a entrada para alguns fãs aqui do Rio. Durante todas os dramas que aconteceram essa semana, eu decidi que vou focar na minha carreira mais do que nunca. As músicas sofridas que fiz nesse meio tempo, jurei pra mim mesma grava-las. A dor tem de ser sentida, certo?

Esqueci de mencionar. Ele tentou tanto, que eu decidi dar uma chance no momento em que o beijei naquele sofá.

Cecília

Tudo o que podia dar errado deu. Então temos que achar outro jeito de seguir. Essa semana pareceu durar uma eternidade e ficar presa em certos pensamentos ajudou o tempo não passar.

As coisas da faculdade estavam me deixando louca. Só essa semana tenho dois projetos para entregar e só comecei um. Juro que tentei, comprei todos os materiais, estendi o papel branco para desenhar e nada. Eu estava com um bloqueio enorme e isso me deixava mais louca ainda.

Olho para o relógio na parede e são oito da noite. Estou deitada na cama torcendo para o sono vir logo. Hoje está em um daqueles dias insuportáveis de calor. Estou apenas com um short e uma blusinha de pijama. Encaro o teto por um tempo e vejo os reflexos da luz amarela do abajur. Meu olho está pesado mas nada de sono. O ventilador está ligado e me concentro no barulho que ele faz para tentar dormir.

Fecho os olhos e o celular toca. Ótimo. Me viro de lado para ver e faço uma careta. Droga. Era o Bruno. Já sei sobre o que se trata. Ele e Vi me convidaram para o show de abertura da AnaVitoria que vai ter aqui no Rio. Fiquei de dar a resposta, o show já é amanhã e não sei o que devo fazer. Me sento na cama, coloco o cabelo atrás da orelha e atendo.

Cecília: Alô... oi Bruno!

Bruno: Ooooooi amorzão, tudo bem?

Cecília: Tudo certo! E aí?

Bruno: Tudo certo também, to com a Vi tomando um sorvetinho, quer?

Cecília: Não obrigada.

Bruno: Sobra mais... Então eu liguei pra saber se vai rolar o showzinho?