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Ana

Não demorou nem 10 segundos que entrei, até que a porta se abriu, ela me viu entrar e veio atrás de mim? Ou entrou porque precisava muito usar o banheiro?? Parada na minha frente agora, me encarando, a primeira pergunta parece ser a certa. Ela está linda, sempre com seus tons pretos e cabelo curto loiro e reparei que está mais claro que antes. Continua com o mesmo olhar encantador que sempre teve e me trás boas lembranças. Poucos segundos parecem horas naquele banheiro, vendo ela agora em minha frente, não sei o que pensar, sinto meu coração disparar em uma mistura de angústia e felicidade? Nosso último encontro não foi como imaginei, não quero esperar nada desse.

Não consigo pensar em nada para falar, ela também não diz uma palavra. Foco minha atenção para o chão, que no momento era a coisa mais interessante do mundo todo. Não sei dizer se ela esta me olhando, de relance e consigo vê-la colocando  uma mecha loira atrás da orelha, junta suas mãos para trás e se apoia na porta. O silêncio toma conta daquele banheiro, só se ouvia a música distante que tocava na festa. Todo o meu nervosismo no momento vai tomando forma e me traz à memória do nosso último encontro. Mergulho nesses pensamentos e me vem uma onda de frustração e angústia.

Cadê a Vitória para me salvar? Já consigo imaginar ela entrando aqui e começando um assunto totalmente aleatório. A tensão passaria num piscar de olhos, tenho certeza.


Cecília

Eu não entendi o que fiz, quando a vi entrar no banheiro meu impulso foi entrar logo em seguida. Ela se virou assustada para minha direção com o rosto molhado. Ok, eu entrei e agora? Fala oi idiota! O que eu estou fazendo??? Porque estou fechando a porta? Ah pronto meu corpo não obedece mais meus comandos, bacana!! 

Estranho estar na frente dela, fazia tempo que não vejo esses olhinhos caídos. Sabia que ela estaria aqui na festa, e todo meu planejamento de ignorar esse encontro foi por água a baixo quando a avistei indo em direção ao banheiro. Me encosto na porta, pensando no que dizer, mas na minha cabeça não passa nada.

Ana  sempre falou com os olhos, mas  não consegui decifrar o que ela estava sentindo nesse momento. Ok parecia que ela estava um pouco assustada, talvez muito.

Cecília: não vai me dar oi?

Ela se virou para o espelho, pegou vários papeis toalha (como sempre) para secar o rosto. E o silêncio se estendeu. Às vezes nossos olhares se esbarravam pelo espelho. Mas logo ela voltava sua atenção para os papéis que estavam em suas mãos. Encaro meu all star preto surrado, pensando que fiz a coisa errada. Acho que bebi demais.

Cecília: Você não era muda quando te conheci.

Ana: Oi...

Cecília: Você está bem?

Ana: Serio? O que você quer?

Ana

As palavras saíam da minha boca com um tom de impaciência, pensei em retribuir da mesma maneira que ela me tratou naquela manhã no hotel. Nesse momento a porta abriu com tudo, derrubando a Cecília, que foi parar de joelhos no chão, meu impulso foi ajudá-la mas ela foi mais rápida e se levantou. Perguntei se estava bem, mas ela não ouviu. No banheiro entrou três  meninas extremamente bêbadas e junto com elas o som alto da festa. Elas falavam gritando tão alto quanto  a música. Me virei para ver Cecília, ela estava olhando para baixo e a ouvi resmungando sobre algo. Olhei para ver o que era e seu joelho estava sangrando. 

Ana: Cê tá bem?

Cecília: Estou, me desculpe por isso. 

Ela saiu do banheiro me deixando naquela gritaria. 

Ana e CecíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora