2. Quiet

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Bruna

Marina olhava atentamente para os lençóis como se estivesse pesquisando em sua mente como os arrumar.

“Você não sabe como dobrar um lençol? Puta que pariu, Marina!” explodi em risos, os parando quando senti algo macio atingir minha face. “Ai, merda!”

“Eu sei dobrar, idiota. Eu estava pensando no que você me disse antes de ontem.” confessou e eu a olhei torto.

“E o que eu disse?” questionei enquanto me levantava guardando o vestido que usei na pequena festa de ontem, no closet.

“Você falou que estava sentindo falta do Neymar e-”

“Ai não, esquece isso.” implorei de mãos juntas. “Eu estava bêbada.”

“Você bebeu suco o evento todo, deixa de ser burra garota.” disse ao enfim pegar um dos lençóis começando a dobrá-los.

“Ele estava muito quieto.” pensei alto.

“E parece que você reparou muito nele.” a ruiva disse ao terminar de arrumar a cama deitando-se sob ela.

“Eu não reparei mas é que...” refleti sobre minhas palavras. “Por que a gente está falando disso mesmo?”

“Porque você decidiu aprofundar a conversar sem querer.” explicou e eu ri.

“Ansiosa pela a viagem até Rússia?” desconversei enquanto assistia ela assentir freneticamente.

“Com certeza. Tem um jogador lindíssimo, que estou conhecendo.” disse.

“Que jogador? E como assim vocês estão se conhecendo?” questionei enquanto sentava ao seu lado.

“Ei, eu falei que eu é que estava o conhecendo. Ele nem sabe que eu existo, velho.”

“Bem difícil desconhecer Marina Petrova.” comentei.

“Eu sei que sou demais mas ele não é muito ligado a famosas brasileiras, acho. E é do Eden Hazard que estou falando.” disse por fim e eu estreitei o olhar.

“Você tem um crush no jogador do Chelsea? Morta.” falei enquanto derrubava meu corpo no tapete do quarto simulando uma morte.

“Sim, sim...”

“Shippo.” tornei a falar ainda deitada e em simulação.

“Levanta daí logo, garota, parece uma idiota.” exigiu e eu mandei o dedo do meio.

“Você sabe como estragar um momento fofo.” resmunguei me deitando na cama novamente.

“Que momento fofo? Ficou louca? Eu só comentei que admiro o Hazard, apenas.” explicou enquanto gesticulava com as mãos e eu a olhei cinicamente.

“Ah, sim... A coisa mais normal do mundo.” proferi ironicamente e ela deixou um risinho escapar.

Revirei os olhos e me inclinei em direcção a cómoda, segurando de imediato o controle e ligando a TV.

“O que vamos assistir?” questionou.

“Não sei, só liguei a televisão para ter uma terceira voz de fundo, quero conversar com alguém.” confessei e ela alvejou minha face com o travesseiro.

“Vai tomar no cú, né? Estou bem do seu lado e pretende falar com outra pessoa com a porra da televisão de fundo?” perguntou retoricamente e eu a olhei indignada enquanto me apossava do celular.

“Eu não vou deixar de falar com você, só desejo mandar uma mensagem para o Coutinho. Posso?” perguntei ironicamente e ela deu de ombros pegando o controle e colocando na Netflix.

“private chat
Bruna & Philippe Coutinho

bruna:
Philippe Coutinho

coutinho:
que

bruna:
que o quê?
Não posso mandar mais mensagem para você?

coutinho:
Para quê esse escândalo? Eu só estranhei o "Philippe Coutinho", você nunca me chamou assim.

bruna:
Foda-se, já chamei.
Posso falar com você?

coutinho:
fala rápido que eu estou ocupado

bruna:
ocupado com o quê?

coutinho:
FALA RÁPIDO
porra

bruna:
migo, eu vou bater na sua cara.
fala assim comigo de novo p'ra ver.

coutinho:
a bonitinha 'tá agressiva

bruna:
não desvia do foco eu quero falar algo com você.
Coutinho?
Ah, vai se fuder.”

Bufei irritada enquanto jogava o celular contra a cama.

“O que foi?” ouvi a voz de Marina soar.

“Eu precisava falar algo importante com ele e ele simplesmente ficou off-line.” expliquei com a voz carregada de raiva e apertei o travesseiro tentando acompanhar ao filme que Marina havia recentemente colocado.

“O Coutinho é lesado, coitado.” Marina tentou me acalmar ao ver o meu nervosismo. “Mas parece que não é isso que a incomoda.”

“É claro que é isso, eu queria falar algo importante com ele.” expliquei.

“Eu acho que você está mais nervosa com esse algo importante que tem o nome de Neymar.” jogou e eu a olhei incrédula.

“O que é? Decidiu me incomodar, agora?” perguntei em ironia.

“Desculpa, não falo mais nada.” levantou as mãos em defesa e eu apenas rolei os olhos tornando a me acomodar contra os travesseiros.

After UsOnde histórias criam vida. Descubra agora